O empresário Jamil Name Filho, preso desde o dia 27 de setembro deste ano em Campo Grande, foi levado para o Aeroporto Internacional de Campo Grande na madrugada desta terça-feira (29), mas não embargou com destino a Mossoró (RN).
De acordo com informações da TV Morena, o voo que levaria Jamil Filho foi cancelado, por este motivo, o preso acabou retornando para a cela de isolamento do Presídio Federal de Campo Grande. Name pai e filho, além dos policiais Márcio Cavalcante da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo (aposentado) tiveram a transferência para o Rio Grande do Norte autorizada há mais de 10 dias, mas até agora a mudança não ocorreu.
Atualmente os quatro estão presos no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) – isolamento. Quando eles foram transferidos deverão permanecer neste sistema por, pelo menos 60 dias, conforme decisão.
Jamil Name e Jamil Name Filho estão presos desde o dia 27 de setembro deste ano, eles são apontados como os líderes de organização criminosa suspeita de vários crimes de pistolagem ocorridos nos últimos anos, em Campo Grande.
Os assassinatos de, pelo menos, três pessoas estariam relacionados a um grupo de extermínio sob investigação: do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, em 11 de junho do ano passado; do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante Matheus Xavier, em abril deste ano.
Ao longo desses mais de 30 dias preso a defesa dos Name já tentou o habeas corpus deles duas vezes, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e no Superior Tribunal Federal (STF), onde ambos os pedidos foram negados. Na esfera superior, a defesa também pedia que, caso não fosse concedido a soltura, que a prisão preventiva do pai pudesse ser cumprida em sua casa, o que novamente foi negado.
Recentemente houve outro pedido de prisão domiciliar de Jamil Name, que também foi recusado. Dessa vez a juíza de direito May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande é quem assinou a decisão alegando que Name tem poder para corromper financeiramente pessoas e continuar com os trabalhos da organização criminosa. A defesa, porém, alega que seu cliente tem “graves problemas de saúde”.
Entretanto, em sua decisão a magistrada declarou que não há comprovação nos autos de que Name está “extremamente debilitado” em decorrência das doenças apontadas, “tampouco de que o tratamento necessário seja inviável no estabelecimento prisional”, diz parte do documento.
A defesa, porém, declarou que está preparando novo documento para recorrer da decisão, que deve ser protocolado esta terça-feira. Conforme o advogado Renê Siufi, que defende Name, esse tempo passado no presídio tem surpreendido o grupo. “Achávamos que, pelo menos, o pai (Jamil Name) já teria saído por conta da idade avançada e dos problemas de saúde comprovados”, declarou.
“ATÉ AMANHÔ
No momento da prisão, conforme documento do Ministério Público Federal (MPMS), Jamil Name teria se despedido de sua esposa, a ex-vereadora Tereza Name, com um “até amanhã”. Para o órgão, isso revelou “a certeza de que seria solto em 24h. E fez isso para realçar o seu poder político e econômico aos presentes, com nítido viés intimidatório”.
O documento contendo a descrição foi anexado às provas encontradas em busca e apreensão feita na casa do empresário, no bojo da operação Omertà, deflagrada por Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e Garras.
Além da certeza da soltura, o Ministério Público também cita que durante o tempo que passou no Centro de Triagem, em Campo Grande, Name já articulava um plano para matar o delegado do Garras Fábio Peró, que estava à frente da operação.
OMERTÀ
As denúncias de envolvimento de Name e Name Filho em crimes começaram em maio deste ano, após a apreensão de um arsenal em poder do guarda municipal Marcelo Rios (detido no Presídio Federal de Campo Grande). No dia 27 de setembro, o Gaeco realizou a Operação Omertà e prendeu, além dos Name, outros quatro guardas municipais e cinco policiais (sendo um federal), apontando também o envolvimento de um advogado.
FONTE: CORREIO DO ESTADO