O Tesouro Direto poderá ser utilizado como garantia de financiamento e até mesmo como caução de aluguel a partir de julho, o que poderá render uma diminuição no custo do crédito e acesso a investimentos seguros para a população, avaliam economistas.
De acordo com reportagem do Estadão Conteúdo, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, antecipou que os títulos públicos poderão ser utilizados em garantias e que também está previsto o lançamento de papéis para produtos específicos, como os de estímulo à educação, cartões-presente e até vaquinhas.
Pela avaliação do economista Renato Gomes, essa modalidade é uma notícia boa para todo o sistema financeiro e agrega nas garantias disponíveis no mercado.
“A utilização do Tesouro Direto como garantia na economia, funcionalidade operacional, esta que seria inédita, é bastante positiva na medida em que gera efeito aumentativo no volume de garantias disponíveis no mercado com os ofertantes de crédito”, opina.
Ainda conforme o economista, a medida também terá o efeito de diminuir o custo do crédito de financiamentos e aluguéis.
“Ao facilitar a operacionalização dessas garantias nas transações efetivamente, os ofertantes de aluguéis e financiamentos perceberiam um risco menor na chance de o pagamento do devedor entrar em inadimplência. Sendo assim, as taxas de juros para financiamentos e as despesas contratadas com seguro-garantia em operações de aluguel poderiam diminuir também”, comenta.
“É uma medida vantajosa ao sistema financeiro, principalmente para o tomador de crédito, pois aumenta o nível informacional entre os participantes do mercado, diminuindo assim a assimetria de informação”, acrescenta Gomes.
Ainda de acordo com o secretário, o título poderá ser usado como diferencial para empresas reterem profissionais por meio de contrapartida à aplicação em títulos destinados aos filhos dos empregados.
“Estamos colocando muita prioridade no programa Tesouro Direto e vamos lançar um pacotão de coisas muito bacanas para popularizá-lo, criar um contexto para que cheguem à baixa renda”, disse Ceron à reportagem.
ACESSO
O economista Leandro Tortosa explica que, com a nova modalidade, a população terá acesso a um investimento seguro e mais acessível, rendendo mais e sendo ainda mais seguro que a caderneta da poupança. Essa popularização acaba sendo benéfica para todos os envolvidos.
“O Tesouro Direto é uma iniciativa do Tesouro Nacional do Brasil que vende títulos públicos diretamente para a população brasileira. O que antes era restrito ao mercado de fundos bancários passou a ser de amplo acesso a qualquer pessoa. Essa iniciativa, lançada em 2002, permite que as pessoas físicas adquiram os títulos da dívida pública brasileira sem intermediários. É uma forma de investimento segura, barata e acessível”.
“O objetivo principal é popularizar ainda mais essa forma de investimento, estimulando a poupança para o brasileiro e melhorando o perfil da dívida pública nacional”, reforçou.
PRINCIPAIS MUDANÇAS
Todas as medidas ainda serão avaliadas pela Bolsa de Valores, a B3, para entrarem em vigor a partir de julho. Tortosa explica as mudanças, que acontecerão nas questões de garantias de financiamentos e operações de aluguéis, na programação para a educação, na criação das vaquinhas e cartão-presente e no diferencial para empresas.
“Os títulos poderão ser usados para financiamentos diversos, como a compra de bens, ou como caução no aluguel, em vez de depósitos que hoje são realizados sem remuneração. Além disso, nos dois casos, fintechs, imobiliárias e outras empresas poderão também oferecer essas soluções ao mercado”, detalha.
Na parte da educação, o economista esclarece que um título específico para esse segmento deverá ser lançado.
“Assim como o Tesouro Direto lançou recentemente um título específico para a aposentadoria, deve lançar um específico para a educação. Esse título pode servir como uma fonte de poupança para financiar os estudos futuros de um filho que acaba de nascer, ou de um adolescente que em breve estará no Ensino Superior. Ao fim do curso superior, o investidor poderia sacar o restante dos recursos para seguir sua formação em pós-graduação, ou mesmo um empreendimento”, explica.
“Os gestores públicos poderão oferecer os títulos como forma de incentivo aos alunos da Rede Estadual de Ensino, por exemplo, sob a forma de bolsas de estudo ou de formação continuada”, acrescenta.
Na parte da vaquinha ou cartões-presente, membros de uma família poderão criar um estilo de financiamento compartilhado para os estudos futuros de uma criança, por exemplo, inclusive com opções de débito automático.
“Um modelo de gift card está sendo estudado pelo Tesouro Nacional. Antigamente, as pessoas davam de presente um vale CD. Hoje, dão um gift card de um jogo on-line. Logo mais, poderá presentear um amigo com um título do Tesouro Direto”, completa.
Por fim, a nova modalidade terá o diferencial para as empresas utilizarem o investimento como forma de bonificação.
“Empresas poderão utilizar o Tesouro Direto como forma de bonificação aos funcionários destinando títulos que serão usados por seus filhos para financiar os ensinos Médio e Superior, por exemplo”, finaliza Tortosa.
FONTE: CORREIO DO ESTADO