O Correio do Estado investigou que a dívida da VBX deve passar dos R$ 3 milhões, pois há débitos ainda não ajuizados, sobretudo com pequenos comerciantes de Ribas do Rio Pardo, envolvendo a compra de combustível, alimentação e hospedagem de seus funcionários.
A Suzano já temia um calote da VBX, tanto é que, no ano passado, a empresa efetivou o pagamento do salário dos contratados de sua terceirizada. Os proprietários das máquinas, contudo, ainda não conseguiram receber.
Até o momento, na comarca de Ribas do Rio Pardo, três empresas foram à Justiça contra a VBX: a Locatruck alega ter R$ 132,2 mil para receber da fornecedora; a LOB Terraplanagem, outros R$ 120 mil; e Sérgio Claudemir Papa, cujo dono é empresário do interior de São Paulo, mais R$ 452,4 mil.
Há também o caso de uma empresa de Minas Gerais que ajuizou contra a VBX na Justiça mineira pedindo o bloqueio de R$ 1,5 milhão para o pagamento da dívida.
A VBX chegou a abrir uma pessoa jurídica em Mato Grosso do Sul para se beneficiar dos incentivos fiscais. Na verdade, ela é do interior de MG e já atuou em vários empreendimentos da Suzano Brasil afora.
“Trabalho com eles [VBX] há pelo menos cinco anos, e é a primeira vez que ficaram devendo, não pagaram. Está tudo muito estranho ainda,” disse um empresário que preferiu não se identificar, porque ainda tem a esperança de receber os R$ 1,5 milhão por ter colocado 10 máquinas no canteiro de obras do Projeto Cerrado.
Pintura com alpinistas
A GD foi contratada em 24 de novembro de 2022 para executar o serviço de jateamento e pintura, inclusive com a mão de obra de pintores alpinistas. Eles eram necessários em função das dimensões colossais da fábrica, que exigiu da Suzano mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos e foi o maior canteiro de obras do Brasil de 2021 para cá.
Empresa que atuou na construção da fábrica da Suzano e recebeu o calote de uma das terceirizadas, a Enesa assumiu o compromisso de executar os serviços de tubulação e suporte de tubulação, compreendendo a fabricação, o jateamento e a pintura de suportes primários e secundários, suporte de tubulação em aço inox, fabricação de trechos de spool de tubulação e prestação de serviços de jateamento e pintura de tubulação.
Na Justiça, a GD cobra a reparação de R$ 1,357 milhão em danos materiais da Enesa, da Andritz Brasil e da Suzano. Também postula por R$ 400 mil em danos morais.A subcontratada para a construção da megafábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo ainda reivindica R$ 5,34 milhões em lucros cessantes, elevando o valor total da ação para R$ 7,09 milhões.
Outro lado
O Correio do Estado tentou contato com a VBX, a Enesa e a Andritz Brasil. Nenhuma das empresas atendeu às ligações da equipe de reportagem. A Suzano informou que “honra todos seus compromissos com prestadores de serviços”.
A empresa ainda afirmou que não tem visibilidade, tampouco obrigação legal, quanto a supostos débitos de empresas terceirizadas e quarteirizadas.
“Além disso, não tem como acompanhar e controlar as negociações comerciais ou concessão de crédito para tais empresas prestadoras de serviço, bem como fiscalizar, participar de negociações comerciais ou se responsabilizar por tais pagamentos”, ponderou.
A Suzano ainda disse que tem realizado campanhas voltadas às empresas locais, para conscientizar comerciantes e prestadores de serviços sobre os cuidados em negociações, e que não autoriza que empresas utilizem o nome dela para tal fim.