Na última semana, tempestades de poeira e areia atingiram, pelo menos, três cidades de Mato Grosso do Sul.

No dia 1º de outubro, Campo Grande foi tomada por uma densa nuvem de poeira e fumaça, acompanhada de fortes rajadas de vento.

Já na sextao-feira (2), foi a vez de Três Lagoas ser atingida pela tempestade de poeira, que encobriu a cidade, também acompanhada de ventos de 68 km/h.

Em Corumbá, o fenômeno foi registrado neste domingo (3).

A região foi tomada por nuvem de poeira e fumaça, que se formou a partir de vendaval, soprando cinzas de queimadas do Pantanal até a cidade.

A tempestade de areia tem sido frequente não apenas em Mato Grosso do Sul, mas nos estados vizinhos, principalmente no interior de São Paulo, onde a tempestade de areia foi de maior intensidade e as imagens chamaram atenção.

Incomum de ocorrer no Estado, meteorologista explica porque o fenômeno tem sido frequente e o que causa a tempestade de poeira.

A meteorologista Valesca Fernandes, do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), explica que a tempestade de poeira é comum em regiões áridas, como a África.

Segundo ela, o tempo muito seco e quente favorece as rajadas de vento e tempestades, que são as condições em que se formam os chamados haboobs.

“Nós estamos com tempo muito seco, sofrendo com estiagem, ai vem a tempestade e levanta essa nuvem de poeira”, disse.

Os haboobs são causados por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo muito seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação seca.

“Em tempos áridos, quando o solo tem resíduos de poeira e cinzas das queimadas, acaba acontecendo o haboob, quando uma tempestade levanta grande nuvem de poeira”, explicou Valesca.

“O mesmo fenômeno aconteceu em São Paulo e em outras regiões do país e pode acontecer aqui de novo, porque existe riscos de temporais”, acrescentou.

Segundo a meteorologista, os municípios das regiões leste e sudoeste do Estado têm maior risco de tempestades de areia, mas elas podem ocorrer em outros locais.

Como o fenômeno ocorre devido com a combinação da poeira e fumaça acumulada com os fortes ventos, a tendência é que deixem de ser frequentes ao longo do mês.

Isto porque o prognóstico indica aumento de chuvas durante a primavera.

Previsão do Cemtec aponta que, até o dia 12 de outubro, há probabilidade de chuva moderada a forte, com tempestades acompanhadas de rajadas de vento, queda de raios e quadra de granizo.

No período, acumulados de chuva devem ser entre 50 a 125 milímetros para as  regiões sudeste, leste e nordeste do Estado, devido à atuação de uma frente fria associado a passagem de cavados (áreas alongadas de baixa pressão), aliado a presença do jato de baixos níveis, que traz ar mais quente e úmido.

Nas demais regiões, deve chover menos, com acumulados de chuvas previstos entre 10 a 35 mm.

Para o restante do mês, também há previsão de chuvas, com risco de tempestades.

No entanto, com chuvas frequentes, o solo tende a ficar mais úmido, diminuindo a ocorrência do levantamento de poeira com os fortes ventos.

 

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO