Após polêmica sobre Campanha da Fraternidade (CF) deste ano, o Arcebispo Metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa se pronunciou a respeito do tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, e disse que a diocese de Campo Grande vai aderir CF.
“Se existe violência contra os homossexuais, nós temos que gritar e dizer: não! Isso não é cristão, isso não é evangélico”, argumentou o arcebispo.
O texto-base da Campanha gerou polêmicas e críticas de fiéis da Católica ao citar que um dos grupos sociais que mais sofre as consequências do preconceito é a comunidade LGBTQI+.
“Tem gente espalhando por aí que é uma campanha LGBT. Meus queridos, não tem nada a ver. A violência contra os homossexuais é uma realidade no nosso país, tem muitas pessoas que são espancadas, torturadas, pelo fato de serem homossexuais”, pronunciou Dom Dimas, em vídeo publicado pela Arquidiocese de Campo Grande.
De acordo com o texto-base apresentado, o assunto reforça a importância das políticas de defesa aos direitos humanos das mulheres, dos negros e da comunidade LGBTQI+.
Dom Dimas alegou que não é preciso concordar com a ideologia do movimento para ser contra a violência que o grupo sofre. “Nossos irmãos são uma imagem e semelhança do nosso criador, apesar das divergências que possam surgir entre nós, a Pastoral trabalha com todos os seguimentos de pessoas”.
Ele também fez comparação com o trabalho da Pastoral Carcerária, que atende apenados de facções criminosas. “Isso não significa que os membros da pastoral carcerária, ou a metodologia dela, seja uma forma de privilegiar ou favorecer o crime organizado, nós estamos olhando as pessoas”.
O documento ainda divulgou dados do último Atlas da Violência, que aponta que em 2018 foram registrados 1.685 casos de violência contra essa população e 420 homicídios.
“Uma das falsas notícias que fortalece a violência é a retórica de que direitos humanos servem apenas para defender ‘bandidos’. Esse discurso fragiliza cada vez mais os instrumentos institucionais que contribuem para a justiça”, diz o documento.
Dom Dimas ainda explicou que cada diocese tem autonomia para escolher o segmento do texto-base que irá seguir e completou que Campo Grande vai aderir, sim, à CF.
“Vamos, porque Fraternidade é diálogo, é compromisso de amor, é um lema profundamente evangélico e queremos isso para nós”, disse.
Campanha da Fraternidade
O texto da CF Ecumênica é elaborado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). Neste ano, a comissão organizadora teve apoio das igrejas:
- Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil;
- Igreja Presbiteriana Unida do Brasil;
- Igreja Católica Apostólica Romana;
- Igreja Episcopal Anglicana do Brasil;
- Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia;
- Aliança de Batistas do Brasil;
- Igreja Betesda;
- Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização Educação Popular.
A CR é realizada no período de quaresma, tradição que se inicia um dia após o fim do Carnaval, na quarta-feira de cinzas, e se encerra no Domingo de Ramos, um dia antes da Páscoa, período de 40 dias. Em 2021, será de 17 de fevereiro a 3 de abril.
Ela é celebrada todos os anos, mas a cada cinco é feita de forma ecumênica e, por isso, busca o diálogo com outras denominações cristãs.
Dessa forma, a Campanha desperta anualmente a solidariedade dos fiéis para um problema social do país, em um momento que as pessoas buscam maior espiritualidade. Junto ao tema proposto, também é criado um lema, para direcionar as buscas pelas transformações.
A cada cinco anos, o evento é feito de forma ecumênica, em conjunto com outras denominações cristãs que celebram a quaresma. O último foi em 2016, abordando o assunto “Casa Comum, Nossa Responsabilidade”, e agora o de 2021, com o texto-base que gerou polêmica.
No texto, a presidência da CNBB afirma que, para a doutrina católica, as questões de gênero seriam uma dimensão da sexualidade entre o corpo, a mente, o espírito e a alma.
Ao fim da CF, são coletadas doações dos fiéis no Domingo de Ramos, em todas as congregações do país. O valor arrecado é direcionado ao Fundo Nacional de Solidariedade e aos Fundos Diocesanos de Solidariedade.
Em nota, o presidente da CNBB garantiu que o dinheiro não será aplicado em ações que vão de encontro ao pensamento da Igreja, já que houve muita especulação sobre uma possibilidade de distribuição para causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
“Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota do presidente.
Fonte: Correio do Estado