A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que, neste ano, Mato Grosso do Sul teve o segundo melhor mês de abril para o setor de serviços desde o início da série histórica, iniciada em 2011. Em comparação com março, o volume de serviços cresceu 2,6%, segundo avanço em sequência após a queda em fevereiro (-1,3%).
Em relação a abril de 2021, o volume de serviços avançou 7,2%. O acumulado nos últimos 12 meses chegou a 10,6%, e no primeiro quadrimestre o índice acumula alta de 7,9%.
Em 2021, o setor sofreu retração de volume na ordem de 2,6%, no comparativo com o mês consecutivamente anterior. Na comparação com 2020, no entanto, a expansão foi bem alta, atingindo 20,5% em relação ao mesmo período.
A diferença se deve pelo período de instabilidade econômica e pelo fechamento de atividades consideradas não essenciais. De março de 2020 até o fim daquele ano, esse foi o setor mais afetado, e a recuperação passou a ser sentida em 2021, com o início da vacinação nacional.
Segundo o doutor em economia Michel Constantino, a pandemia impactou muito as interações entre as pessoas e, consequentemente, os serviços. “Esse setor puxa o PIB [Produto Interno Bruto] para cima e tem um aspecto importante, que é a criação de empregos tradicionais e de empregos da nova economia – ligados com tecnologia e processos digitais”, analisa.
OUTROS INDICADORES
Com a população do Estado em estágio bem avançado de imunização, o setor pôde se recuperar. Essa alta mencionada pelo especialista é notada também em outros indicadores econômicos.
Conforme divulgado na edição de 3 de junho do Correio do Estado, os serviços foram responsáveis pela alta de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. “Esse crescimento veio forte, puxado pelo setor de serviços”, comentou, na ocasião, o economista.
Apesar de os números terem sido positivos para o Estado, no âmbito nacional, a alta é tímida, na ordem de 0,2%. O indicador também avança 9,4% na comparação anual, com abril de 2021, e acumula alta de 9,5% neste ano e de 12,8% nos últimos 12 meses.
Constantino avalia que o ano pode ser ainda melhor na recuperação dos serviços. “O retorno das atividades produtivas no fim de 2021 iniciou o retorno do crescimento dos serviços. Em 2022, com o fim das restrições, o porcentual de crescimento dos serviços vem aumentando, e a previsão é de que continue aumentando ao longo do ano”.
Além disso, o setor foi o que mais gerou empregos em todo o Estado, com 1.038 vagas, 40% de todo o saldo de abril, que foi de 2.586 novos empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O segmento foi responsável por 45,57% das 19.068 vagas criadas no quadrimestre de janeiro a abril em MS – ou 8.691 postos de trabalho.
O mestre em economia Eugênio Pavão diz que o crescimento foi possível “principalmente com o retorno de grandes eventos, festas, shows, palestras, aulas presenciais e a cadeia de fornecedores do setor”.
TURISMO
Uma das áreas que demonstra as maiores altas é a de agências de turismo e viagens.
Esse setor econômico alcançou representação de 4% de todo o PIB de Mato Grosso do Sul, segundo os dados mais recentes de 2019. Dos R$ 106 bilhões avaliados para o PIB de MS, a atividade econômica alcançou em torno de R$ 4 bilhões.
O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso do Sul (Abih-MS), Marcelo Mesquita, corrobora os dados positivos, mas diz que o setor esperava um pouco mais.
“Nos primeiros quatro meses, tivemos uma expectativa maior que a realidade, sentimos a melhora concretizando em maio e agora em junho e acreditamos que, com a melhora da pandemia, o cenário se concretizará no próximo semestre”, analisa.
Segundo ele, o turismo de negócios e lazer está voltando aos poucos, e a expectativa é um pouco maior, com demandas de eventos, palestras, seminários, eventos técnicos e grande fluxo de movimentação de pessoas. “Esse fluxo se intensifica pela própria retomada das empresas que utilizam hotelaria no Brasil inteiro”.
De acordo com a PMS, o País apresentou alta de 2,5% no índice de atividades turísticas, acumulando crescimento de 51,3% no ano. Porém, o segmento de turismo ainda se encontra 3,4% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
O principal crescimento se deu desde o fim de 2021, conforme relata Vinicius Berton, diretor de uma agência de intercâmbio de Campo Grande. “Tivemos dificuldades de embarcar para países principais, como Canadá, Inglaterra e Estados Unidos. Depois de novembro, esses destinos começaram a aceitar passageiros e a procura aumentou bastante”, resume.
Segundo ele, a demanda está mais alta inclusive que a de antes do período pandêmico. “Comparando com 2019, eu poderia dizer que estamos com 20% a mais no fechamento de contratos e embarques”, revela.
O diretor atribui a demanda represada por esses serviços como um fator no bom número.
“Sofremos bastante com a pandemia, mas, como somos uma franquia, a matriz criou novas regras, flexibilizou contratos sem custo para a grande maioria e demos esse suporte para quem quis fazer remarcações”. (Colaborou Súzan Benites)
45,57% dos empregos
Dados do Caged apontam que, dos 19.068 postos formais de trabalho criados em MS neste ano, 45,57%, ou 8.691, foram no segmento de serviços.
Fonte: Correio do Estado