Forte em Mato Grosso do Sul, o setor de serviços é visto com preocupação no cenário econômico deste ano. Responsável por puxar a alta da inflação no ano passado, o setor pode ganhar força por um lado, mas, por outro, sua alta de preços pode atrapalhar o controle da inflação no contexto geral.

Comprovando o peso do segmento em Mato Grosso do Sul, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que, no acumulado do ano passado, o setor foi o que mais gerou empregos. Foram realizadas 141.380 admissões, contra 131.024 desligamentos, saldo de 10.356 empregos com carteira assinada em 2023.

Nesse sentido, o doutor em Administração Leandro Tortosa explica que, após a fase mais aguda da pandemia de Covid-19, houve retomada do crescimento econômico em diversos países do mundo.

No Brasil, tanto o aumento das exportações quanto a alta da demanda interna por produtos e serviços que estavam represados geraram um saldo bastante positivo nos empregos. “O estado de Mato Grosso do Sul é um bom exemplo, registrando a segunda maior taxa de ocupação e o segundo maior crescimento econômico do Brasil”.

Conforme pontua Leandro Tortosa, com mais emprego e melhor renda, as famílias gastam mais, principalmente em bens de consumo, turismo, mensalidades escolares e serviços.

“Esse aumento pressiona a inflação para cima, porque, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], esse setor representa quase 60% do Produto Interno Bruto [PIB]e emprega mais de 70% da mão de obra do País. Ou seja, qualquer movimento de melhora ou piora do setor terciário representa um impacto muito significativo no desempenho da economia como um todo”, destaca.
Para este ano, o setor tende a ficar bastante aquecido, principalmente no estado de Mato Grosso do Sul. “Estamos vendo a melhora no ambiente de negócios do Estado resultando na instalação de importantes empresas em diversos setores, como produção de celulose, geração de energia, transformação, entre outros”, elenca.

O administrador projeta um ano de inflação na área de serviços. “Esse aumento só não deve ser muito maior do que o que foi observado no ano de 2023, pois a inadimplência das famílias brasileiras ainda está muito elevada, o que tem causado alguma restrição ao crédito”, analisa.

O mestre em Economia Lucas Mikael pontua que o setor de serviços é um dos motores econômicos do Estado. “Abrange várias atividades econômicas que não estão diretamente ligadas à produção de bens físicos, mas, sim, à oferta de serviços intangíveis para atender às necessidades e às demandas da população e das empresas”, detalha.

SERVIÇOS

Em Campo Grande, a inflação aferida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresenta variação significativa em vários serviços, considerando a variação nos últimos 12 meses, até janeiro deste ano.

Atividades médicas, educacionais e turísticas e serviços de depilação registraram aumento que se aproxima de 20%. Depilação ficou 19,85% mais cara no período, seguida de exames laboratoriais, com elevação de 16,88%.

Na cadeia dos serviços de turismo, os pacotes e as hospedagens subiram, respectivamente, 15,64% e 15,47%.

A lista ainda tem o serviço de manicure (+15,60%), seguido ainda de emplacamento veicular (+14,71%), Ensino Fundamental (+12,40%), passagens aéreas (+11,45%) e serviços odontológicos (+10,02%).

EMPREGOS

No ano passado, MS registrou saldo positivo de 27.986 empregos com carteira assinada, resultado de 393.765 admissões e 365.779 demissões. Conforme dados do Caged, o resultado do ano passado foi 31,15% menor do que o registrado em 2022, quando o saldo de postos de trabalho com carteira assinada foi de 40.648.

De acordo com economistas, essa é uma trajetória natural em virtude de um ajuste do mercado local, principalmente em comparação com 2022, quando a geração de empregos foi recorde.

Segundo Leandro Tortosa, na comparação, é possível perceber que o ano de 2022 teve um comportamento diferente do ano passado.

“Em 2022, a criação de vagas foi mais intensa, principalmente entre maio e setembro, por conta de diversos incentivos dados pelo governo federal naquele momento. De outubro a dezembro, houve forte queda, comportamento antecipado por nós quando fizemos a mesma análise em 2022”, conclui.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO