O número de pessoas que fizeram o requerimento do seguro-desemprego voltou a aumentar em Mato Grosso do Sul. Conforme dados da Base de Gestão do Seguro-Desemprego (BGSD) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a quantidade de pessoas que pediram o benefício foi de 31.551 entre os meses de janeiro e abril deste ano.

Em 2020, a quantidade de requerentes era de 34.780 no Estado no mesmo período. Os registros de pedidos caíram no ano seguinte, em 2021, com 29.450 requerentes entre janeiro e abril daquele ano.

Já no ano passado, os pedidos subiram novamente, para 30.774, tendo novo aumento neste ano. Em valores, já foram pagos mais de R$ 123 milhões para o benefício no Estado.

Segundo o administrador Leandro Tortosa, o seguro-desemprego funciona como termômetro de como anda a economia, e quando o número de pedidos aumenta, é sinal de que a economia está estagnada ou em recessão.

“Logo após a fase mais aguda da pandemia, houve uma recuperação no emprego formal, aquele com carteira assinada. Então, aumentou a base de pessoas que têm direito ao seguro-desemprego nos casos dos trabalhadores demitidos sem justa causa e demais que têm direito ao benefício”, detalha.

“Assim, na fase atual, na qual ocorre um aumento de desocupação, mais pessoas têm acesso ao seguro-desemprego. Então, em outras palavras, ao mesmo tempo, estamos vendo a desaceleração da economia e mais pessoas com direito ao seguro-desemprego”, completa.

Ainda conforme o MTE, em âmbito nacional, os pedidos de seguro-desemprego foram de mais de 1,8 milhão no primeiro trimestre deste ano. Esse é o patamar mais elevado para o primeiro trimestre de um ano desde 2016.

O maior número de pedidos de toda a série histórica foi alcançado em maio de 2020, com 960.308 pedidos. Neste ano, o maior número de solicitações foi de 683.218 pedidos, no mês de março.

FORMAL

Já no quesito de empregos formais, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que Mato Grosso do Sul teve o pior desempenho desde 2020. O primeiro trimestre deste ano fechou com saldo positivo de mais de 14 mil empregos com carteira assinada, menor número para o período desde 2020, quando o saldo entre admissões e demissões foi de 7.913 vagas de trabalho.

Em reportagem do Correio do Estado do mês passado, o doutor em economia Michel Constantino explicou que o ano passado foi muito positivo para a economia, porém, para este ano é esperado um menor crescimento econômico.

“Há vários fatores, mas principalmente as incertezas no futuro, as empresas acabam reduzindo seus investimentos e suas contratações quando não existe uma visão de melhoria”, afirmou, na ocasião.

“A alta dos pedidos ainda coincide com o aumento da taxa de desocupação registrada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios [Pnad], do Instituto Nacional de Geografia e Estatística [IBGE], que apontou 8,8% da população estando desocupada no País. A redução no emprego pode afetar, inclusive, os trabalhadores de carteira assinada”, diz Leandro Tortosa.

INFORMALIDADE

O aumento da quantidade de trabalhadores informais impacta diretamente no trabalho formal. De acordo com reportagem publicada no início deste mês, dados do último Mapeamento do Trabalho Informal no Brasil, elaborado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos utilizando como base as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Trabalho e Emprego, apontaram que pelo menos 45,6% dos trabalhadores atuam na informalidade no Estado.

Mato Grosso do Sul fica com a quinta menor taxa de trabalhadores informais, porém, ainda sim, gera um impacto nos âmbitos de seguro social e das finanças públicas.

“No aspecto de seguro social, o aumento da informalidade significa que a maior parte das famílias está perdendo o acesso ao seguro social da previdência pública, que poderia garantir aposentadorias em casos de sinistros graves, como impossibilidade irreversível ou temporária de execução do trabalho. No aspecto das finanças públicas, significa menos receita para financiar as despesas, o que leva à piora do quadro das contas públicas”, detalhou o economista Renato Gomes na ocasião.

“O problema do aumento da ‘pejotização’ dos trabalhadores por conta própria é que eles passam a não contar com a segurança que tinham quando eram trabalhadores com carteira assinada, e entre os benefícios está o seguro-desemprego”, reforça Tortosa.

Desemprego sobe, mas ainda está entre os menores do País

A taxa de desocupação em Mato Grosso do Sul no 1º trimestre deste ano foi estimada em 4,8%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua), do IBGE.

O valor representa uma alta de 1,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, quando o índice foi de 3,3%, e uma queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a taxa foi a 6,5%.

O Estado caiu uma posição no ranking entre as unidades federativas com menor nível de pessoas desempregadas. Era o terceiro menor no 4º trimestre do ano passado e agora registra a quarta menor taxa de desocupação, atrás somente de Rondônia (3,2%), de Santa Catarina (3,8%) e de Mato Grosso (4,5%).

O maior valor foi verificado na Bahia (14,4%). No Brasil, a taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2023 foi de 8,8%, avançando 0,9 p.p. ante o quarto trimestre de 2022 e caindo 2,2 p.p. comparado ao mesmo trimestre do ano passado (11,1%).

Mato Grosso do Sul, no primeiro trimestre do ano, tinha 2,18 milhões de pessoas em idade de trabalhar, ou seja, 20 mil pessoas (0,9%) a mais em relação ao mesmo período do ano anterior.

Dessas, 1,5 milhão estavam na força de trabalho, 1,4 milhão estavam ocupadas e 73 mil desocupadas. O nível de ocupação foi estimado em 64,4%. (Colaborou Súzan Benites)
 

FONTE: CORREIO DO ESTADO