O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou a taxa básica de juros do País, a Selic, em 0,5%.

A taxa agora recua de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano – o menor índice em 16 meses desde maio do ano passado.

Analistas apontam que, com a redução, haverá uma queda no custo do crédito aos consumidores e às empresas, o que vai beneficiar os setores da economia de Mato Grosso do Sul.

Para as próximas reuniões, o BC indicou, em seu comunicado, que deve manter o ritmo de cortes de 0,5 ponto porcentual, o que leva a um otimismo ainda maior em relação ao consumo.

De acordo com a economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS) Regiane Déde de Oliveira, a redução na taxa impacta positivamente o varejo.

“Uma queda na Selic representa um incentivo ao consumo das famílias e das empresas. De forma geral, os financiamentos ficam mais acessíveis, como os de automóveis e imóveis. Isso reflete em um ciclo virtuoso na economia, contribuindo para a geração de emprego e renda”, avalia.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Renato Paniago, corrobora com essa análise e pondera que é importante que as instituições financeiras repassem a queda.
“Caso os bancos adotem essa redução, o reflexo será positivo ao setor empresarial, pois o dinheiro ficará mais acessível para que empreendedores tomem empréstimos e utilizem o recurso para realizar investimentos na sua empresa”, destaca.

Para Paniago, isso “ajudará a movimentar a economia local com a contratação de mão de obra, compra de insumos, contratos de prestação de serviço, entre outras medidas”.

O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Sistema Fiems), Sérgio Longen, diz que a decisão vai na direção certa, uma vez que não compromete o combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia.

“Isso ficou claro com a queda da inflação nos últimos 12 meses, saindo de 8,73% em agosto de 2022 para 3,98% em agosto deste ano. Portanto, a indústria de MS entende que o atual comportamento da inflação garante o espaço necessário para a continuidade do esperado ciclo de queda dos juros”, comenta.

ANALISTAS

O mestre em Economia Lucas Mikael indica que o corte nos juros deve beneficiar os setores e produtos. “A indústria, em especial a agroindústria, se beneficia com a queda nas linhas de crédito empresariais, o que fortalecerá a cadeia produtiva que envolve o agro, a indústria e os serviços auxiliares”, avalia.

Para o economista Eduardo Matos, o recuo de 0,5% é muito aguardado pelos empresários, uma vez que o corte na taxa de juros viabiliza investimentos.

“A alteração poderá trazer novos investimentos em ampliações, modernizações e até implantações de novos empreendimentos”, salienta.

Mikael destaca que o reflexo é a longo prazo, pois o impacto imediato é muito pequeno.
“O simples fato de que o BC baixou a Selic não significa que as taxas de juros vão cair imediatamente. O risco de crédito é um dos fatores que deve segurar a queda dos juros de mercado neste momento”, enfatiza.

O mestre em Economia afirma que o elevado grau de endividamento e inadimplência das famílias também manteria a percepção de um alto risco ao consumo. “Esses indicadores devem melhorar nos próximos meses, com os efeitos do programa Desenrola, voltado a negociações de dívida”, pondera Mikael.

PERSPECTIVAS

As expectativas otimistas dos analistas do setor econômico foram trazidas também no Boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado. Conforme o último relatório, a estimativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, passou de 4,93% para 4,86% neste ano.

Ainda segundo o Focus, a indicação é de que a Selic chegue em 11,75% até o fim do ano. Para os dois anos subsequentes, a estimativa é de 9% e 8,5%.

O menor porcentual da Selic registrado na história ocorreu há três anos, em agosto de 2020, chegando a 2% ao ano.

A partir de março daquele ano, a taxa começou a subir, parando de aumentar em setembro de 2022, quando ficou em 13,75%, média que se manteve estável até o mês de agosto deste ano. Já no mês passado os juros básicos foram reduzidos a 13,25% e nesta quarta-feira,
a 12,75% ao ano.

Ontem ocorreu a Superquarta, momento em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA definem o futuro dos juros nos respectivos países.

O Federal Reserve anunciou a manutenção de sua Fed Funds, a taxa básica de juros americana, no patamar de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão seguiu a expectativa do mercado financeiro, que apostava na pausa do aumento da taxa.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO