A Madame Teia está prestes a ganhar uma adaptação cinematográfica produzida pela Sony, com Dakota Johnson no papel da vidente que serve quase como uma guia espiritual para o Homem-Aranha. Mas quem exatamente é a tal madame?

A primeira personagem a usar o nome foi Cassandra Webb, uma senhora cega que sofria também de uma doença neurológica chamada myasthenia gravis, que, embora a prendesse a um equipamento de suporte à vida, lhe proporcionava poderes psíquicos e de clarividência (ver o futuro). Criada por Dennis O’Neil e John Romita Jr. em 1980, ela cruzou o caminho do Amigão da Vizinhança pela primeira vez ao ajudá-lo a localizar os responsáveis por uma tentativa de assassinato. Graças aos seus poderes, ela foi capaz de descobrir a identidade verdadeira de Peter, que ela nunca revelou para ninguém. Ao longo dos anos, ela auxiliou o Aranha em conflitos contra o Duende Macabro, Stegron, Doutor Octopus e a terceira Mulher-Aranha, sua neta Charlotte Witter.

Sua morte aconteceu em 2010, durante o arco Caçada Sinistra, quando a família de Kraven, o Caçador começou a raptar pessoas-aranha com objetivo de sacrificá-las em um ritual que ressuscitaria o vilão russo. Durante o evento, ela presenciou as mortes de Mattie Franklin, a quarta Mulher-Aranha, e Kaine, um dos clones do Homem-Aranha, cuja morte levou ao retorno de Kraven. Quando o ritual foi completado, a esposa do caçador cortou a garganta da Madame Teia, que usou seu último suspiro para passar seus poderes – e manto – para Julia Carpenter.

A segunda Madame Teia

Criada por Jim Shooter e Mike Zeck, Julia apareceu nas Guerras Secretas originais, já como a segunda Mulher-Aranha (sim, existiram muitas). Ela adquiriu seus poderes quando, ainda na faculdade, foi submetida involuntariamente a um experimento comandado pela Comissão, que buscava criar o próprio Homem-Aranha. Ela então começou a trabalhar como heroína, o que eventualmente a levou a se unir aos Vingadores da Costa Oeste.

Ao longo dos anos, ela já trabalhou com o Homem-Aranha, Homem de Ferro, a Força Tarefa e a Tropa Ômega. Ela chegou a se aposentar da vida de herói para cuidar da filha, Rachel, e até teve os poderes removidos por Witter. Ao recuperá-los, assumiu o título de Aracne e atuou na primeira Guerra Civil dos super-heróis, infiltrando-se na equipe de Tony Stark para alertar super-humanos fugitivos que o governo estava prestes a prendê-los.

Depois de um tempo com o supergrupo canadense Tropa Ômega, ela retornou aos Estados Unidos, onde, durante a Caçada Sinistra, se tornou a nova Madame Teia, como já foi mencionado acima. Por causa dos novos poderes, ela perde a visão, mas se torna capaz de ver o futuro, criar projeções astrais e teletransporte. Ela também acaba conectada à Teia da Vida e do Destino, que a liga a todas as pessoas-aranha do Multiverso.

Mais recentemente, ela convocou Jessica Drew/Mulher-Aranha, Cindy Moon/Teia de Seda, Miles Morales/Homem-Aranha, Gwen Stacy/Aranha-Fantasma e Anya Corazon/Garota-Aranha para impedir que Peter fosse manipulado pelo demônio Kindred para matar Norman Osborn/Duende Verde.

Nos cinemas

Como já confirmado pela Sony, em Madame Teia Dakota Johnson viverá Cassandra Webb e Sydney Sweeney será Julia Carpenter, e o filme também trará Isabela Merced como Anya Corazon, Celeste O’Connor como Mattie Franklin e Emma Roberts como Mary Parker.

A presença da mãe de Peter Parker no filme – além dos rumores de que Adam Scott vierá o Tio Ben – praticamente torna certo que o filme se passará no que espectadores de Homem-Aranha veem como o passado. Isso não quer dizer que o longa necessariamente se conectará à franquia maior da Sony. Johnson já inclusive falou que Madame Teia funcionará como uma história independente.

Essa independência pode muito bem funcionar para que a Sony abandone a pseudo-ciência que baseia grande parte dos filmes de herói para se arriscar na mitologia mais fantástica do Homem-Aranha, personificada pela presença de Ezekiel. Nos gibis, o personagem apresenta Peter ao conceito de totens animais e ajuda o herói a enfrentar o vampiro interdimensional Morlun. Mesmo que a versão vivida por Tahar Nahim em Madame Teia pareça ser mais um vilão pelas prévias, sua participação no filme sugere uma abordagem mais mística que científica da que estamos acostumados a ver nos filmes do Cabeça de Teia.

Parte dessa mitologia mais fantástica do Homem-Aranha está na Teia do Destino, que liga todos os Homens-Aranhas do multiverso e dá origem às sagas do Aranhaverso. Assim, a Sony tem na mão uma ferramenta para começar a construir a própria franquia de realidades paralelas que podem se chocar em uma produção futura.

Colocar Cassandra ao invés de Julia, uma personagem muito mais “mão na massa” que sua predecessora, como protagonista da produção indica uma clara inclinação para um nicho mais místico. De forma otimista, esse movimento pode ser entendido como a abertura para que mais gêneros sejam explorados nos filmes de super-herói além da ópera espacial ou a porradaria franca entre bem e mal. Sendo mais realista, a escolha é indicativo de que, em breve, a Sony planeja abraçar o Aranhaverso de forma mais agressiva no live-action quando a trilogia animada chegar ao fim.

Fonte: Omelete