Nos próximos dias, PP e União Brasil vão comunicar oficialmente a formação de uma federação entre ambos, a qual deverá se chamar União Progressista.

Em Mato Grosso do Sul, onde as senadoras Tereza Cristina (PP-MS) e Soraya Thronicke (União-MS) são as respectivas presidentes dos diretórios estaduais dos dois partidos, será criada uma coordenação para comandar a federação e, no momento, o nome cotado para ser a coordenadora no Estado é o da parlamentar do Progressista.

Segundo apurou o Correio do Estado, os dois partidos serão independentes, ou seja, Tereza Cristina continuará no comando do PP, enquanto Soraya Thronicke ficará à frente do União Brasil.

A coordenadora só entrará em cena quando for uma decisão que envolva ambas as siglas, isto é, a definição dos candidatos a prefeitos nas eleições municipais do próximo ano, por exemplo.

A reportagem apurou que a federação União Progressista terá candidato único, tanto PP quanto União Brasil não poderão ter candidato próprio, o escolhido terá de ser consenso entre as duas legendas.

No caso de Campo Grande, onde já há uma aproximação entre PP e PSDB iniciada nas eleições gerais do ano passado, a probabilidade é de que o candidato a prefeito seja o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) e o vice seja da União Progressista.

Correio do Estado procurou as duas senadoras sul-mato-grossenses para comentar a criação da federação, mas nem Tereza Cristina nem Soraya Thronicke quiseram se pronunciar até o fechamento desta edição.

Ainda em nível estadual, as duas já tiveram problemas quando houve a fusão do PSL com o DEM, quando Tereza Cristina optou por não fazer parte do novo partido criado, pois o comando já tinha definido que seria de Soraya Thronicke.

Agora, os papéis se invertem e quem comandará a nova federação partidária será a senadora do PP, restando saber se a senadora do União Brasil vai aceitar ser comandada pela progressista.

Por enquanto, as fontes ouvidas pelo Correio do Estado dão como certo que Soraya Thronicke ficará no atual partido, pois, diferentemente de uma fusão, uma federação pode durar apenas um mandato de quatro anos.

O certo é que a federação já nasce forte em Mato Grosso do Sul, pois terá duas senadoras, um deputado federal (Dr. Luiz Ovando) e três deputados estaduais – Gerson Claro (PP), Londres Machado (PP) e Roberto Hashioka (União), e os dois progressistas têm a presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) e a liderança do governador Eduardo Riedel (PSDB) na Casa de Leis.

Além disso, serão 21 prefeitos (todos do PP), 10 vice-prefeitos (todos do PP) e 128 vereadores (78 do PP e 50 do União Brasil). Em Campo Grande, serão três vereadores – Alírio Villasanti (União), Dr. Victor Rocha (PP) e João Rocha (PP).

ARTICULAÇÕES

Em nível nacional, as cúpulas das duas siglas estão à frente da articulação que será finalizada neste fim de semana para ser anunciada nos próximos dias. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), lideram as conversas com o União Brasil.

Assim como em Mato Grosso do Sul, no Brasil a federação se tornará o maior grupo partidário da Câmara Federal, com 108 deputados – 59 do União e 49 do PP.

Isso potencialmente ajudaria Lira a resolver impasses entre os partidos e as comissões permanentes. União Brasil e PL estão em uma disputa nos bastidores sobre quem deverá indicar o relator do Orçamento de 2024.

O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro diz ter combinado com o presidente da Câmara que abriria mão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para relatar o Orçamento.

Já o União diz que acordou ficar com a relatoria na Comissão Mista de Orçamento (CMO) como contrapartida de seu apoio a Lira na eleição da Câmara e porque a bancada da Câmara foi preterida na composição dos ministérios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O PL diz que não abrirá mão do comando da CCJ da Câmara caso a sigla não consiga emplacar o relator do Orçamento de 2024. Por ser a maior bancada da Casa, a legenda poderia escolher qual comissão gostaria de presidir antes dos demais partidos, mas abriu mão da escolha para o PT assumir a CCJ.

Com a nova federação União Progressista, entretanto, o problema estaria resolvido. A maior bancada seria esta, que trocaria a escolha da CCJ pelo Orçamento com o PT, dando ao PL o direito de escolher em 2º lugar.

A comissão escolhida, que deve ficar com o PL, é a de Fiscalização e Controle. Os petistas, por sua vez, alegam que Lira prometeu a eles a CCJ, mas não haveria nenhum extremista em cargo do Orçamento.

Essa foi uma das condições para o PT fazer parte do blocão de apoio à reeleição do deputado, que também incluiu o PL.

A avaliação de bastidores é de que o deputado Celso Sabino (União-PA), aliado do presidente da Câmara, ficaria com o posto, como adiantou o Poder360.

A avaliação de bastidores é de que o deputado Celso Sabino (União-PA), aliado do presidente da Câmara, ficaria com o posto. Lira precisará acomodar os interesses dos 3 partidos para fechar o desenho das comissões, o que se espera nos próximos dias.

Apesar do estágio avançado das negociações entre União Brasil e PP, as bancadas ainda não receberam nenhuma comunicação formal sobre o acordo e eventuais mudanças na dinâmica dos grupos.

Isso pode dificultar que um anúncio sobre o tema saia já nos próximos dias, mesmo que, nos bastidores, o fato esteja praticamente sacramentado.

Em tese, as federações devem agir como um único partido por quatro anos pelo menos. Na Câmara, entretanto, sob o comando de Lira, os grupos têm sido usados apenas para a contabilização da proporcionalidade entre os partidos, como nas comissões.

Saiba: As federações têm natureza permanente e são formadas por partidos que têm afinidade programática, durando pelo menos quatro anos do mandato. Se algum partido deixá-la antes desse prazo, sofrerá punições, tais como proibição do uso dos recursos do Fundo Partidário pelo período remanescente.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO