O tenor espanhol Plácido Domingo, acusado por várias mulheres nos últimos meses de assédio sexual, afirmou nesta terça-feira, 25, que lamenta o sofrimento causado e que assume “toda a responsabilidade” por seus atos.
“Quero que saibam que sinto muito pelo sofrimento que causei a vocês”, afirma o artista, de 79 anos, em um comunicado enviado por seus representantes e divulgado na Espanha pela agência Europa Press.
A declaração representa uma guinada de 180 graus na postura do tenor, que até agora havia negado com veemência as acusações.
“Assumo toda a responsabilidade de minhas ações”, completa o cantor no texto, no qual afirma que entende que “algumas mulheres podem ter medo de se expressar abertamente, pelo temor de que suas carreiras sejam afetadas”.
O tenor assegura que passou meses “refletindo sobre as acusações que várias colegas apresentaram” contra ele e acrescenta: “Respeito que estas mulheres finalmente se sentiram à vontade para falar”.
O cantor também indica que está “comprometido com promover uma mudança positiva na indústria da ópera, para que ninguém mais tenha que passar por uma experiência assim”. Ele disse ter “o desejo fervoroso” de que o mundo da ópera seja mais “seguro” para todos e que seu exemplo “estimule outros”.
O comunicado foi publicado poucas horas depois de um júri em Nova York declarar o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein culpado de agressão sexual e estupro.
As denúncias contra aquele que foi um dos homens mais poderosos de Hollywood provocaram o movimento contra o assédio e as agressões sexuais #MeToo, que se ampliou por todo o mundo e em vários âmbitos, da política à música.
Plácido Domingo, que em sua longa e prolífica carreira atuou nas óperas mais prestigiosas do mundo, foi acusado por pelo menos 20 mulheres de beijá-las à força, agarrá-las ou acariciá-las, em incidentes que aconteceram, em alguns casos, há 30 anos.
Várias mulheres afirmaram que sofreram pressão do cantor para que tivessem relações sexuais com ele e que, às vezes, adotava represálias profissionais quando suas insinuações eram rejeitadas.
Após as acusações, Plácido Domingo abandonou em outubro a direção da Ópera de Los Angeles, cargo que ocupava desde 2003.
Também desistiu de se apresentar na Metropolitan Opera de Nova York. A Orquestra da Filadélfia e a Ópera de San Francisco cancelaram suas apresentações previstas para a temporada, assim como a Ópera de Dallas cancelou um concerto programado para março.
O espanhol, no entanto, seguiu com suas apresentações em vários países da Europa nos últimos meses.