A Petrobras retomou ontem (31) por meio de oportunidade de negócio (teaser) a venda da Unidade de Fertlizantes Nitrogenados III em Três Lagoas (UFN3). Para a operação a estatal contratou o Banco Bradesco como assessor financeiro exclusivo para realizar a transação envolvendo a venda de 100% da fábrica. A operação faz parte do plano de desinvestimento da estatal.
O teaser, que contém as principais informações sobre a oportunidade – inclusive a previsão de que o comprador se comprometa com a conclusão da planta – bem como os critérios de elegibilidade para a seleção de potenciais participantes, está disponível no site de relação com investidores da companhia.
Para participar do processo, um potencial comprador deve atender a pelo menos um dos critérios: patrimônio líquido superior a US$ 300 milhões; receita líquida igual ou superior à US$ 750 milhões ou caso seja player financeiro, possuir ativos sob gestão (AuM) superior a US$ 300 milhões.
Garantias
A reabertura do processo é consequência do cancelamento da negociação entre a Petrobras e a empresa russa Acron. Agora, a previsão é que a negociação possa ser fechada ainda neste ano para que as obras sejam retomadas em 2024.
De acordo com o governo estadual, os termos do processo de venda seguem as reivindicações feitas pelo governador Reinaldo Azambuja em viagem no início de maio ao Rio de Janeiro em reunião com a diretoria da petroleira.
Na reunião, ainda estavam presentes o titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck e a deputada federal e ex-ministra da Pecuária e Agricultura, Tereza Cristina Corrêa
No encontro com a diretoria da estatal, a comitiva sul-mato-grossense sugeriu que o edital de venda da fábrica determinasse que o comprador utilize o Gás Natural Liquefeito (GNL) da Petrobras como matéria prima para a produção dos fertilizantes nitrogenados.
“É importante resolver essa equação do gás. Por isso fizemos essa proposta da opção da compra do combustível”, ressaltou Jaime Verruck.
Outro ponto acatado no processo de venda pela Petrobras foi o cronograma para que isso se resolvesse dentro de 2022 para que no próximo ano pudessem ser retomadas as obras da fábrica.
Segundo o governador, várias empresas estão interessadas na compra da unidade e que algumas já entraram em contato com governo do Estado para obter informações sobre os incentivos fiscais concedidos para a indústria.
Regras
A capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 t/dia e 2.200 t/dia, respectivamente.
A capacidade de produção de ureia
representaria aproximadamente 20% do consumo aparente de ureia brasileiro em 2020.
O compromisso de conclusão da UFN-III pelo Potencial Comprador é obrigatório e não negociável. A Petrobras oferecerá um contrato de fornecimento de gás natural à UFN-III no âmbito da transação. O Potencial Comprador terá a opção de firmar esse contrato com a Petrobras ou buscar outra solução.
Histórico
A construção da UFN3 em Três Lagoas teve início em 2011 e a obra foi paralisada em dezembro de 2014 com 81% de conclusão, após a Petrobras romper o contrato com o consórcio responsável pela obra. A estatal colocou a UFN3 à venda em setembro de 2017, alegando que não tinha mais interesse em seguir no segmento de fertilizantes.
Neste ano, uma empresa russa manifestou interesse na compra da fábrica. Negociações foram iniciadas, mas não concluídas porque o plano de negócios proposto pelo potencial comprador queria rebaixar a fábrica para uma indústria misturadora de fertilizantes, que não teve aprovação do governo do Estado.
“Nós esse ano tivemos uma venda frustrada, que foi uma tentativa para a empresa Akron, e ela [a venda] na verdade foi indeferida pelo Governo do Estado, em função da empresa não ter apresentado em seu plano de negócio a possibilidade de término da fábrica, e sim a construção de uma misturadora”, explica o Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico no Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck.
Entre as propostas feitas pelo Governo do Estado à Petrobras, primeiro ele cita a de que a estatal republique o edital, com as seguintes solicitações para o novo edital: que se colocasse a obrigatoriedade da conclusão da obra; também a possibilidade de a estatal fornecer o gás natural e de que, ainda em 2022, fosse lançado o edital e encerrado o processo de desenvestimentos.
Detalhes
Verruck lembra que a UFN3 representaria um adicional de, praticamente, 20% do total da produção de nitrogenados, amônia e CO2 do País.
“Mas principalmente a questão da produção da ureia, que são importantes para reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados”, comenta ele.
Conforme o secretário, a não disponibilidade da matéria prima, cerca de 2,3 milhões de metros cúbicos diários, era um ponto que limitava as ofertas por parte das empresas.
“Então essa opção que a Petrobras dá, ou de contratar diretamente com a Estatal, ou do mercado livre, fica opcional ao comprador. Isso cria uma segurança sob o ponto de vista de matéria prima para a empresa”, ressalta.
Jaime Verruck revela que o Estado já tem dois investidores interessados, que foram buscar incentivos fiscais. Diante disso, ele detalha a posição do Governo de Mato Grosso do Sul para o andamento das obras.
“Aquele que vier para dar continuidade na obra, terá a transferência de toda a política de incentivos fiscais do Estado, atribuída à Petrobrás, que será repassado ao novo comprador”.
Agora, as empresas tem a possibilidade acessar a Petrobras, conhecer em lócuo e fazer a chamada ‘due diligence’ (diligência prévia de prevenção a fraudes) sobre esses equipamentos.
“O próximo passo é a gente aguardar esse processo de investimento, aguardar esses investidores virem formalmente ao Governo do Estado, para que a gente possa fazer os acordos, também junto com a Prefeitura Municipal de Três Lagoas, para que no próximo ano, então tendo um comprador interessado, possa se inicar as obras”, frisa o secretário.
FONTE: CORREIO DO ESTADO