A construção de um novo espaço para a Feira Central foi anunciada na noite desta quarta-feira (28). A obra, orçada em R$ 40 milhões, tem como objetivo inovar o atendimento ao público, garantindo mais serviços e comodidade, bem como também visa resgatar as origens culturais de seus expositores.

Dos R$ 40 milhões que serão empenhados na nova Feira Central, R$ 15 milhões serão provenientes da bancada federal de Mato Grosso do Sul e do Ministério do Turismo e R$ 25 milhões serão investidos pelo governo do Estado.

Enquanto o novo prédio estiver sendo erguido, a Feira Central continuará funcionando. A presidente da Associação da Feira Central e Turística de Campo Grande (Afecetur), Alvira Appel, comentou que é necessária uma mudança total, e por isso não será feita uma reforma, e sim uma nova Feirona.

“Nós tínhamos duas alternativas. Se mexêssemos no prédio atual, poderíamos não ter o resultado desejado, risco que ocorre em toda reforma. Temos a experiência das reformas da 14 [Rua 14 de Julho] e de outras áreas da cidade, onde as pessoas sofreram o desgaste da obra e não prosperarem. Enquanto a feira trabalha normalmente, o novo vai se erguer”, relatou a presidente.

A iniciativa de realizar a obra mantendo o funcionamento do local agrada aos comerciantes. Sidney Yoza tem sua barraca na feira há 37 anos e vê a mudança como algo positivo para os empresários e visitantes.

“Na verdade, essa mudança a gente está esperando há cinco anos, desde que nasceu o projeto de fazer uma nova feira, mais organizada, bem estruturada e arejada. Essa feira que será construída agora será mais pensada no público, com mais áreas de passeio”, relata Yoza.

Jadi Tamashiro, que trabalha há 23 anos como feirante, começou na Feira Central quando ela ainda era localizada na Rua Abrão Júlio Rahe, próximo ao centro da cidade, acompanhando a mudança para o atual local. Sobre o novo prédio, a comerciante se diz animada e acredita que o público vai aderir à nova feira.

“Toda mudança dá uma reviravolta na vida da gente, e estamos esperando melhores movimentos, mais estrutura, para atender melhor o público, porque a gente sabe que o projeto é muito bom”, comenta Jadi.

A rotina de trabalho também vai mudar. Com a conclusão da obra, a expectativa dos feirantes e da Afecetur é de expandir o horário de atendimento e abrir todos os dias da semana. Para Sidney Yoza, a intenção é atender cada vez mais gente e empregar mais pessoas, o que deve contribuir para a economia local.

A proposta também é vista com otimismo pelos visitantes. Fabiana Gonçalves mora em Nova Alvorada do Sul e sempre que vem a Campo Grande, geralmente uma vez ao mês, vai à Feira Central comer sobá. “Acho que vai ser bom, tudo que é para melhorar a infraestrutura é positivo, e eu, com certeza, continuarei vindo”, disse.

O PROJETO

Para a criação do projeto, o Sebrae realizou, por meio de consultoria, uma pesquisa de mercado, para que fosse criado um espaço que unisse as funcionalidades comerciais, um prédio com boas condições térmicas e ambientais, áreas de convívio, acessibilidade e conforto, bem como um resgate da cultura dos imigrantes e indígenas, que deram início à feira.

“Precisa-se remeter a uma história. Então, se o sobá é patrimônio imaterial do município, de onde ele veio? De Okinawa. Como ele veio? Em um navio, então tem um navio. Se nós estamos no Estado do Pantanal, onde o nativo existe, as ocas indígenas estão no patrimônio. Então, a feira contará com elementos culturais, não será mais um shopping”, relata Alvira Appel, presidente da Afecetur.

A obra será feita por etapas, ao lado da atual estrutura física, tomando uma parte do estacionamento, o qual provavelmente migrará para onde é a atual Feirona. Porém, essa etapa do projeto pode sofrer alterações com o tempo. O que a presidente da associação enfatiza é que o legado será deixado à comunidade.

HISTÓRIA

A trajetória da Feira Central iniciou-se em 1925, quando foi regularizada a criação da feira livre, onde atualmente fica o Mercado Municipal, permanecendo até 1958 no local. Depois, mudou de endereço duas vezes, até se estabelecer onde está localizada atualmente.

Entre os feirantes, estavam os imigrantes japoneses, principalmente vindos de Okinawa, povos indígenas, vindos da Aldeia Limão Verde e outras aldeias urbanas, além de bolivianos e paraguaios.

Saiba: O sobá foi registrado como Bem Cultural de Natureza Imaterial do Município de Campo Grande em agosto de 2006, e em 2017 a prefeitura homologou a Feira Central de Campo Grande como Patrimônio Cultura e Imaterial da cidade.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO