Em meio a manifestações de professores sobre o novo Ensino Médio, alunos cursantes desse nível escolar na Capital demonstram aprovar, em sua maioria, a proposta de revogação do programa.
A reportagem do Correio do Estado esteve presente na Escola Estadual Professor Emygdio Campos Widal e questionou os estudantes sobre a qualidade do ensino em Mato Grosso do Sul.
Matheus Almeida, de 15 anos, que está cursando o 1º ano do Ensino Médio, declarou ser a favor da revogação do programa.
“Sou a favor, particularmente porque a diminuição das aulas de História e Sociologia é algo que afeta muito no ensino e acredito que essas novas aulas, como o projeto de vida e as unidades curriculares, não são muito úteis para vestibulares ou algo que você queira seguir na sua área”, disse o estudante.
Pai de dois alunos que também cursam o Ensino Médio, Gonçalo Granville de Souza acredita que o novo programa educacional não é muito benéfico aos estudantes.
“Pelo que os meus filhos passam e comentam para mim, não é muito proveitoso. Até gosto do período integral, porque os alunos se ocupam mais e se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio [Enem], mas o novo Ensino Médio não é benéfico para eles”, ratificou.
Há também aqueles estudantes que não veem problemas nas novas disciplinas adicionadas à grade curricular. Como é o caso de Samuel Pedral, que cursa o 1º ano.
“Acho que o novo Ensino Médio agrega para o aluno que quer passar no Enem. Eu achei as matérias novas das unidades curriculares superlegais, porque é um conhecimento a mais que a gente não tinha no [Ensino] Fundamental”, declarou.
Para Gabriela Pereira Gomes, jovem que estuda na Escola Estadual Padre José Scampini, as disciplinas eletivas desmotivam os alunos a continuarem os estudos pós-Ensino Médio.
“Somos muito sobrecarregados, e as matérias são sem nexo nesse novo Ensino Médio, inúteis, na verdade. O que eu aprendo não vai cair no vestibular nem em prova nenhuma, e isso nos desmotiva”, opinou a estudante.
Presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira avaliou que o novo Ensino Médio é “muito malfeito”. Conforme ele, há vários aspectos para que haja um movimento nacional de revogação da reforma.
“Essa proposta do novo Ensino Médio não foi discutida com a sociedade. A carga horária das disciplinas básicas foi diminuída em 25% para dar mais horas às itinerantes, que trazem uma diversificação pobre”, argumentou Teixeira.
O presidente da Fetems ainda acrescentou sobre a preparação dos alunos para o Enem e os vestibulares.
“O novo Ensino Médio, como está atualmente, leva a uma formação mais pobre do ensino básico dos estudantes. As aulas eletivas não capacitam a profissionalização dos alunos nem os preparam para um vestibular. Por isso, precisamos rediscutir os itinerários”, salientou o presidente.
CONSULTA PÚBLICA
Pressionado por críticas de educadores e estudantes de todo o País, o Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional do Ensino Médio.
A portaria foi publicada no mês de março, e ontem o governo federal iniciou os primeiros webinários com a participação social a fim de estabelecer uma consulta pública, a qual segue até o dia 6 de junho. Segundo o MEC, há possibilidade de prorrogação, caso seja necessário.
Segundo a secretária-executiva do MEC, Izolda Cela, também estão sendo organizados seminários em conjunto com representações de estudantes em cada região do País.
PARALISAÇÃO
Dando sequência aos atos de manifestação contra o novo Ensino Médio em Mato Grosso do Sul, a Fetems anunciou, na semana passada, que vai aderir à greve geral do setor da Educação.
O movimento de paralisação dos professores da rede pública está marcado para ocorrer amanhã. Segundo o presidente da Fetems, ato que se estenderá por um único dia.
“Nossa programação de manifesto pedindo a revogação do novo Ensino Médio terá, nesta última semana de abril, diversos debates, com um dia de paralisação dos professores”, explicou Teixeira.
A concentração da greve do dia 26 está programada para se iniciar às 8h, na sede do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP-MS).
Essa greve geral faz parte da 24ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública que, neste ano, vem ocorrendo desde ontem e segue até sexta-feira.
Em Mato Grosso do Sul, as manifestações em prol da revogação do novo Ensino Médio foram iniciadas no dia 11 com uma audiência pública.
FONTE: CORREIO DO ESTADO