Considerado como um dos grandes problemas da saúde pública da atualidade, a prematuridade vem aumentando em quase todo o mundo sendo o principal componente da mortalidade infantil no Brasil, que está entre os dez países com maior número de nascimentos prematuros, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em 2022, por exemplo, dos 2.560.320 nascidos vivos no Brasil, 11% eram prematuros. No mesmo ano, Mato Grosso do Sul registrou 40.486 nascimentos dos quais 13% foram prematuros. São considerados prematuros os bebês que nascem antes de completar 37 semanas de gestação (36 semanas e 6 dias).

A doutora Bianca Stavis Conte, médica neonatologista da UTI Neonatal do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), explica que quanto menor a idade gestacional, maior a mortalidade e maior a incidência de morbidades: paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, sequelas oculares e motoras.

Doenças infectocontagiosas não tratadas (sífilis, aids, toxoplasmose, etc.); doenças maternas como diabetes, hipertensão e obesidade; extremos de idade (inferior a 16 ou superior a 35 anos); maus hábitos (etilismo, tabagismo e drogadição), e, principalmente, a ausência de pré-natal, são os principais fatores que podem comprometer a gestação.

“Alguns problemas, quando detectados durante os exames pré-natais de rotina, podem ser diagnosticados e tratados, evitando o nascimento prematuro. A infecção urinária, por exemplo, é relativamente comum na gestante e pode desencadear trabalho de parto prematuro, ruptura prematura da bolsa amniótica, sepse neonatal precoce (infecção generalizada no recém-nascido), meningite neonatal, paralisia cerebral e levar à morte do bebê”, pontuou a doutora Bianca.

Em países desenvolvidos a principal causa de parto prematuro é a Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG), assim como outras doenças maternas. No Brasil, a infecção do trato urinário, o trabalho de parto prematuro sem causa definida e a ruptura prematura das membranas estão entre as principais causas. A ausência de pré-natal, bem como a irregularidade no acompanhamento ainda é frequente em nosso meio.

A redução da morbimortalidade neonatal está relacionada ao aperfeiçoamento do cuidado neonatal, investimento tecnológico e à assistência pré-natal de qualidade. “Apesar da gestação ser um fenômeno fisiológico, em cerca de 10% dos casos pode-se identificar um ou mais fatores que colocam em risco a gestante e ou o seu feto”, completou a médica neonatologista.

O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul é referência em gestação de alto risco e possui 35 leitos neonatais, dos quais: 10 de UTI neonatal, 20 de Unidade Neonatal de Cuidados Intermediários e 5 de Unidade Canguru.

No ano de 2023, de 01 de janeiro de 2023 a 31 de outubro de 2023, 338 pacientes foram internados e receberam alta da Unidade Neonatal do HRMS. “Destes, a maioria prematuros. Prematuros com peso de nascimento inferior a 1500g ou com menos de 32 semanas de idade gestacional são os bebês de maior risco, especialmente aqueles que nascem com menos de 1000g. A sobrevida destes nenês hoje é superior a 80%, mas o risco de sequelas aumenta com o grau de imaturidade”, pontuou a médica neonatologista.

Novembro Roxo

Para alertar sobre a conscientização e prevenção da prematuridade, o mês de novembro foi escolhido como o mês alusivo ao tema e o dia 17, reconhecido como o Dia Mundial da Prematuridade.

Em 2023, a campanha global enfatiza os benefícios do contato pele a pele precoce entre o recém-nascido e seus pais, especialmente para bebês prematuros extremos com o tema “Pequenas ações, GRANDE IMPACTO: contato pele a pele imediato para todos os bebês, em todos os lugares”.

Aderindo a campanha global, o HRMS iniciou as atividades alusivas n sexta-feira (10), com ação voltadas às famílias de bebês prematuros do hospital. “Durante todo o mês de novembro o hospital, através da linha materno infantil, realiza atividades internas. Nosso objetivo é reforçar esse alerta e também reforçar o vínculo da nossa equipe com as famílias dos prematuros”, afirmou a diretora-presidente do HRMS, Drª Marielle Alves Corrêa Esgalha.

FONTE: Joilson Francelino, Comunicação HRMS