Do número total de vítimas fatais nos acidentes de trânsito de Campo Grande, mais de 60% são motociclistas, aponta levantamento dos últimos três anos feito pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran).

Em 2020, 77 campo-grandenses morreram em acidentes na Capital, sendo 53 motociclistas, o equivalente a 68,83% das vítimas fatais. Conforme a Agretran, janeiro foi o mês com o maior número de mortes de pessoas que conduziam motos, com oito registros.

Em 2021, dados da Agetran apontam que 75 pessoas perderam suas vidas em acidentes, das quais 49 eram motociclistas, 65,33% – o mês mais letal foi agosto, com 12 óbitos.

Neste ano, o balanço parcial, feito até o dia 21 de fevereiro, da agência mostra que das 12 vítimas fatais dos acidentes de trânsito, oito eram motociclistas, cerca de 66,66% do total.

De acordo com o sistema de monitoramento de acidentes no trânsito do Ministério da Infraestrutura, motos estão em segundo lugar no ranking de veículos envolvidos em acidentes em Campo Grande, com 24,05% dos casos nos anos de 2020 e 2021, perdendo apenas para automóveis, que lideram, com 48,22%, o número de acidentes.

CAUSAS

Segundo o professor especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira, o alto índice de motociclistas mortos em acidentes pode estar ligado a uma lista de fatores, como o alto número de pessoas dirigindo sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

“Você pode analisar vários aspectos, como a questão de manutenção dessas motocicletas, a ausência de fiscalizações de trânsito e a falta de vistorias das condições do equipamento básico, como freio e setas. Além de um número muito alto de motociclistas não habilitados, e isso favorece acidentes, não podemos esquecer da necessidade de conscientização dos motoristas com aqueles mais vulneráveis também”, pontuou o especialista.

A chefe de Educação para o Trânsito da Agetran, Ivanise Rotta, explicou à reportagem do Correio do Estado em novembro de 2021, durante entrevista, que os acidentes costumam acontecer em razão do desrespeito às normas de trânsito.

“Nenhuma morte no trânsito é admissível. Os acidentes de trânsito são 100% evitáveis, porque eles são acompanhados de uma infração – o sinistro não ocorre sem que haja uma infração envolvida. Estamos trabalhando para mudar essa realidade”, destacou.

Ivanise afirmou, ainda, que esse problema acontece no trajeto de ida ou de volta do trabalho, nos horários de pico.

“Já avaliamos que, entre os óbitos de motociclistas, a grande maioria são pessoas que estão indo ou voltando do trabalho, sendo homens de 18 a 25 anos em motos menores”, afirmou Ivanise.

De acordo com a chefe de Educação para o Trânsito, em Campo Grande, a maioria dos acidentados não são motoentregadores.

“Em 2021, eles representaram três óbitos, dois deles já tinham terminado as entregas e estavam retornando para casa”, reiterou.

Para o especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira, é previsto que haja um aumento no número de acidentes este ano, em razão da retomada de eventos e do afrouxamento das medidas restritivas para o combate à Covid-19 na Capital.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO