Em comparação com o início de 2022, este ano começou com porcentual positivo para o setor de vendas de veículos em Mato Grosso do Sul.
Conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o acumulado de vendas de carros em janeiro e fevereiro registrou aumento de 12,09%, em comparação com o mesmo período do ano passado, em Mato Grosso do Sul. Apenas em fevereiro, entre este ano e o ano passado, houve crescimento de 10,61%.
Ainda conforme os dados, o Estado segue a tendência nacional: no Brasil, houve aumento de 13,47% no acumulado de vendas em comparação com o ano passado.
As revendas de veículos seminovos e usados foi ainda maior e também registrou crescimento no mesmo período: dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) mostram aumento de 22,2% em fevereiro deste ano, em comparação com mesmo mês de 2022, em todo Brasil.
No caso das vendas de veículos novos, o presidente da Fenabrave, Andreta Jr., ressaltou as circunstâncias das concessionárias.
“Em janeiro do ano passado, os estoques das concessionárias estavam muito baixos e, ao longo de 2022, a oferta foi se normalizando, o que permitiu que o volume de janeiro tenha quase 15 mil unidades a mais do que o mesmo mês de 2022”, avaliou.
Sazonalidade
Os dados também demonstram uma queda nas vendas em comparação com o mês de dezembro, porém, essa baixa é comum no setor, por causa das contas anuais que pesam no bolso do consumidor no início de todos os anos, como IPVA, IPTU e materiais escolares.
Ainda assim, o custo elevado do crédito no início deste ano foi uma das principais queixas que o comerciante ouviu na hora de comercializar um veículo.
“Aqui teve uma regressão no movimento de uns 40% a 50%, em comparação com o ano passado. Eles estão bem apreensivos enquanto não tiver uma melhora nessa questão. Além disso, o período político do ano passado foi um momento que gerou incerteza nas pessoas, então, isso acabou influenciando também ”, disse o comerciante Fabiano Garcia.
O comerciante Felipe Carneiro Homem de Carvalho relata não ter sentido tanto impacto negativo nas vendas, mas sabe da dificuldade do consumidor com os juros altos unidos ao acúmulo de despesas.
“O movimento está igual ao do ano passado, está quietinho, devagarzinho. Juros altos, preço do carro está caro, então, o pessoal está receoso. E começo do ano é muita conta. Tem o IPVA proporcional aqui do nosso Estado, que o governador permite parcelar, mas na hora de transferir tem de quitar. Então isso atrapalha bastante, porque sobe o custo da transferência. Mas é sempre assim, o mercado oscila bastante”, opinou.
Conforme reportagem da Folha de S. Paulo, os grandes bancos brasileiros projetam que este ano seja mais desafiador do que 2022.
De acordo com a reportagem, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil divulgaram ter colocado como base para o ano crescimento de um dígito em suas carteiras de crédito e aumento de pelo menos 20% em suas provisões contra crédito de liquidação duvidosa.
Hábitos de consumo
Na comparação entre comercialização de carros novos e de seminovos e usados, o crescimento da revenda foi maior, conforme comentou o presidente da Fenauto, Enilson Sales.
“O começo do ano começa bem mais fraco, e este ano começou um pouco mais acelerado. Esse fenômeno, de impactar o início desses dois anos, foi atenuado porque os seminovos estão mais atrativos nesse instante”, explicou Sales.
Porém, o valor mais atrativo para o bolso do consumidor não é o único fator. Ainda conforme Enilson Sales, é perceptível a mudança de comportamento do consumidor após o período pandêmico.
“O planeta inteiro, não só o mercado de veículo brasileiro, aprendeu com a pandemia a fazer compras mais racionais, menos emocionais, a medir, pesar e contar antes de comprar algum bem de alto valor. Então eu diria que essa tendência de mais racionalização na hora de comprar, de um pensamento mais racional na hora de fazer conta na ponta do lápis vai sempre favorecer o seminovo. Por razões óbvias, o novo tem uma série de compromissos iniciais e também uma depreciação nos primeiros anos que o seminovo já não carrega”, comentou.
FONTE: CORREIO DO ESTADO