Mato Grosso do Sul tem a menor média de carros por habitante entre os estados do Centro-Oeste brasileiro. Com população estimada, em 2021, de 2.839.188 habitantes, o Estado tem em média 0,60 carro por pessoa.
Mesmo com o número menor, problemas no trânsito já são sentidos em Campo Grande, onde está a maior parte desses veículos.
Segundo levantamento do Correio do Estado, o vizinho Mato Grosso, com uma população estimada de 3.567.234 habitantes, apresenta a maior média do Centro-Oeste, com 0,69 carro por pessoa.
Entre os estados que apresentam maior frota veicular, Goiás é o primeiro da Região Centro-Oeste na lista, com 4.446.806 de veículos. Mato Grosso tem a segunda maior frota (2.479.895), seguido pelo Distrito Federal (1.953.205), em terceiro lugar.
Mesmo com estas constatações, que poderiam indicar um trânsito mais tranquilo em Mato Grosso do Sul e sem muitos transtornos em horários de pico, o que vemos nas ruas da capital Campo Grande é o contrário.
Não é difícil encontrar motoristas e pedestres com diversas reclamações sobre o andamento do trânsito.
Motorista de caminhão, Sidney Oliveira Campos, de 56 anos, acredita que o principal problema do trânsito da Capital é a falta de conscientização das pessoas.
“Independentemente de ser no Centro ou nos bairros, há uma falta de conscientização com relação às sinalizações no trânsito de Campo Grande de motoristas, pedestres e ciclistas”, disse Sidney.
Com relação aos locais onde há muita movimentação de veículos, causando congestionamentos, Sidney pensa que deveria haver mais ondas verdes semafóricas na cidade.
“Acho que, se colocarem mais ondas verdes, ajuda o fluxo de veículos em Campo Grande em muitos pontos da cidade. Na Afonso Pena, por exemplo, em pouco tempo tudo fica congestionado, havendo risco de os veículos fecharem alguma rua nos cruzamentos”, declarou Sidney.
Duliane da Silva Mendes, de 30 anos, recepcionista, listou alguns pontos que ela como motorista acredita que têm movimento de veículos acima do normal em Campo Grande.
“Rotatória da Avenida Zahran com a Rua Joaquim Mourtinho, ela é bem movimentada de carros, mas a que é um furdúncio de passar é na rotatória da Coca-Cola [localizada entre o cruzamento das avenidas Gury Marques e Interlagos, região sul de Campo Grande]. Melhorou com a instalação de semáforos, mas você fica esperando a sua vez de passar por uns 40 minutos no horário de pico, tanto na parte da manhã como à tarde.
Na região das Moreninhas, para quem chega ao bairro pela Avenida Cafezais, cortando o acesso ao bairro pela Avenida Gury Marques, é um caos também, fica muito caótico o trânsito ali”, disse Duliane.
Imprudências dos motoristas à noite também são levadas em conta pela recepcionista.
“A maioria das imprudências que eu vejo dos motoristas é a seta, o pessoal tem uma dificuldade de dar a seta para sinalizar aonde vai ir. À noite também: na saída de baladas, o povo avança o sinal vermelho. A gente sabe que o fluxo é menor à noite, mas a pessoa faz isso em alta velocidade”, avalia.
Motoentregador de uma loja no centro da cidade, Antônio Carlos Soares, de 59 anos, já se deparou com diversas situações de desrespeito no trânsito. “Sou motoqueiro e sei que tem muitos motoqueiros, motoristas e pedestres abusados. Já fizeram campanha para conscientização, que os pedestres têm seus direitos, mas muitos deixam de passar na faixa para passar no meio da rua”.
Antônio Carlos acrescentou outras situações pelas quais passou no trânsito de Campo Grande.
“Acho que tem muita falta de respeito com os motoqueiros. Esses dias, um motorista aqui no Centro me perseguiu por causa do trânsito. Parou porque fui para o lado de um guarda municipal. Já tomei multa porque estacionei a moto em local proibido, pois o [estacionamento] das motos estava tomado de carros”, declarou Antônio.
ACIDENTES
Quanto mais veículos, mais perigoso tende a ficar o trânsito. Segundo dados do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (BPTran), em Campo Grande, o número de acidentes neste ano chegou a 9.338 ocorrências.
Desses registros, 6.358 não tiveram vítimas, enquanto em 2.928 casos o acidente no trânsito envolveu vítimas, com 59 mortes registradas.
De acordo com a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), só neste mês já foram registradas sete mortes em acidente na Capital, sendo quatro de motociclistas.
No primeiro semestre do ano, 46 pessoas morreram no trânsito: 31 motociclistas, 2 ciclistas, 10 pedestres e 3 passageiros de veículos.
Em caso recente em Campo Grande, um acidente entre uma moto e uma caminhonete, na tarde de domigo (23), na Rua Antônio Maria Coelho, causou a morte de um motociclista, que, segundo testemunhas, teria avançado o sinal vermelho.
O motociclista Gabriel Mateus seguia pela Rua Antônio Maria Coelho, enquanto a caminhonete descia a Rua José Antônio.
O motorista da caminhonete, Francisco Gomes, de 62 anos, que é médico e cirurgião, declarou que no momento do acidente o sinal da Rua José Antônio, pela qual descia a 40km/h, estava verde.
Segundo o médico, após a colisão, ele tentou socorrer o motociclista, mas o rapaz morreu logo após a batida.
FONTE: CORREIO DO ESTADO