Os municípios de Figueirão e Alcinópolis são apontados como possíveis próximos endereços para a instalação de uma nova indústria de celulose em Mato Grosso do Sul.

Atraída pelos incentivos fiscais, a localização e o ambiente favorável, a implantação de um novo megaempreendimento contribui para o fortalecimento do Vale da Celulose no Estado, totalizando cinco plantas.

Ainda não confirmado, o novo empreendimento seria fruto de negociações da multinacional Portucel Moçambique, empresa criada pela portuguesa The Navigator Company.

A nova planta contaria ainda com tecnologias avançadas e práticas sustentáveis de manejo ambiental.
Destino preferencial de megaempreendimentos de celulose de eucalipto e papel nos últimos anos, Mato Grosso do Sul se destaca por sua riqueza em mão de obra, localização estratégica e ainda o potencial no mercado externo, o que resulta em quase 25% da produção nacional de celulose, com 5,5 milhões de toneladas por ano.

“Um investimento do porte que deverá ser o da Portucel vai representar um importante mecanismo de crescimento econômico. A empresa deverá empregar uma grande massa de trabalhadores, tanto direta como indiretamente”, analisa o economista Eduardo Matos.

Matos, o incremento da produção industrial resultará em um aumento da atividade de serviços, comércio e até mesmo de outras indústrias, além de contribuir para o aumento da arrecadação de impostos.

“É importante citar que, quando uma grande indústria se instala em um local, antes mesmo do início de suas operações, traz a reboque diversos empreendimentos, uma vez que haverá um aumento do fluxo monetário no local, abrindo a oportunidade para outras empresas, sejam elas fornecedores diretas ou indiretas da fábrica, além daqueles que visam atender os novos colaboradores, ou seja, fortalece o fluxo circular da renda”, acrescenta o economista.

O doutor em Administração Leandro Tortosa aponta ainda que a demanda por madeira para a fábrica de celulose estimulará o crescimento da silvicultura na região, promovendo o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para os produtores rurais.

A instalação da fábrica trará novas tecnologias para o Estado, o que poderá impulsionar o desenvolvimento de outros setores da economia”, afirma.

RETROSPECTO

2010, o então governador do Estado André Puccinelli chegou a confirmar a decisão da gigante europeia de construir uma nova unidade em Mato Grosso do Sul. Em entrevista coletiva, Puccinelli disse que a empresa portuguesa teria até mesmo apresentado um plano de investimento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo informações publicadas no site do governo do Estado, a novidade chegou a Puccinelli por meio de uma ligação telefônica do presidente-executivo da Portucel, José Honório.
Na época, a Reuters tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Portucel em Portugal, mas não obteve sucesso.

A Portucel, por sua vez, já havia afirmado que avaliava instalar uma nova fábrica no Brasil, no Uruguai ou em Moçambique.

Em agosto de 2009, a companhia portuguesa já havia realizado acordos preliminares com os governos do Uruguai e de Moçambique.

No caso do Uruguai, o acerto previa uma unidade com capacidade anual de 1,3 milhão de toneladas e, em Moçambique, uma fábrica para não menos que 1 milhão de toneladas.

Sobre a retomada de possibilidades e negociações, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) informou em nota ao Correio do Estado que não existe conformação oficial por parte do Estado.

POTENCIAL

Potência no segmento florestal, Mato Grosso do Sul tem espaço físico para abrigar ao menos mais três grandes fábricas de celulose, segundo análise do titular da Semadesc, Jaime Verruck.

Como publicado pelo Correio do Estado em março deste ano, o secretário disse que a previsão de mais três plantas processadoras de celulose no Estado inclui as segundas linhas da Eldorado Celulose, em Três Lagoas, que deve investir R$ 25 bilhões, aumentando sua produção anual de celulose de 1,8 milhão de toneladas para cerca de 4,4 milhões de toneladas, e a Arauco, em Inocência, que também já é realidade no Estado, podendo gerar 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano.

Uma terceira linha, ainda não pleiteada nem formalmente pretendida por nenhum dos players do mercado da celulose, segundo o titular da Semadesc, também teria uma capacidade de produção semelhante, entre 2 milhões de toneladas e 2,5 milhões de toneladas anuais de celulose.

Atualmente, o Estado conta com uma capacidade instalada de produção de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose nas três linhas que operam no município de Três Lagoas, duas da Suzano e uma da Eldorado.

Entretanto, é esperada uma ampliação desse total para mais de 7,8 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, cuja inauguração está prevista ainda para este ano.

Até 2028, está previsto o início da operação da primeira linha da Arauco, em Inocência, com capacidade de processamento anual de 2,5 milhões de toneladas de celulose.

Cada planta processadora de 2,5 milhões de toneladas de celulose demanda aproximadamente US$ 3 bilhões em investimentos, cerca de R$ 15 bilhões. Caso todas essas unidades forem implantadas no Estado, os investimentos poderão ultrapassar os R$ 45 bilhões.

De acordo com Jaime Verruck, a base florestal de eucalipto em Mato Grosso do Sul representa 4% da área total plantada na região, que tem 36 milhões de hectares. O maior segmento ainda é a pastagem para pecuária, que ocupa 49% desse total ou 18 milhões de hectares.

“A expansão pode ser ainda mais rápida, pois 4,9 milhões de hectares atualmente ocupados por pastagens a serviço da pecuária poderiam ser convertidos para florestas plantadas, em que o processo de conversão seria rápido em termos de Capex, solo, entre outros fatores”, disse.

SAIBA

Confira os impactos positivos da possível instalação de uma nova fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul: geração de empregos; aumento da renda; desenvolvimento da infraestrutura; aumento da receita fiscal; estímulo à silvicultura; e desenvolvimento tecnológico.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO