Gargalo logístico e demanda antiga do Estado, a ferrovia Malha Oeste, que liga Corumbá (MS) a Mairinque (SP) por meio de 1.945 km, voltou a operar timidamente após sete anos desativada.

De acordo com a gestão estadual, os trilhos voltaram a escoar minério de ferro da região de Corumbá. Conforme apurou a reportagem, o minério sai das minas da região e desembarcam no porto, onde seguem por navegação fluvial.

O Estado também retomou a importação de vergalhões de ferro de São Paulo para Mato Grosso do Sul. A malha ferroviária estava desativada desde 2015.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, explica que o retorno ainda é insuficiente.

“Existe operação da mina da Vale até Porto Esperança; existe outra até Ladário e uma terceira operação que é a ArcelorMittal, que traz vergalhões de ferro de Mairinque até Mato Grosso do Sul, e ela encontra-se em período operacional. Isso é importante, mas não é suficiente”.

A meta do Estado é relicitar os quase 2 mil quilômetros da malha ferroviária, que se encontra em fase de estudo de viabilidade para a relicitação.

“Estamos fazendo estudos para a relicitação da Malha Oeste, para que uma nova empresa consiga a concessão do trecho. A meta é de que a nova concessionária faça a revitalização de dormentes, troca de trilhos, para que se possa escoar minérios, com toda estrutura, além de outros produtos”, destaca Verruck.

“Queremos promover este grande eixo de desenvolvimento dentro de MS, saindo de Campo Grande até Três Lagoas e São Paulo”, enfatizou.

Conforme publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 2, os caminhões transportando minério tem um impacto muito grande sobre a BR-262.

O peso das cargas acaba “deformando” a rodovia e muitas vezes causando acidentes. Com a estiagem e baixa do Rio Paraguai, a maior parte do produto saiu do Estado pelas estradas.

DEMANDA

Outro ponto já levantado pela reportagem é a demanda para reativar a malha ferroviária de Mato Grosso do Sul.

Em entrevista ao Correio do Estado, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou que há um estudo que indica que a demanda para a ferrovia, que atravessa o Estado de leste a oeste e, ainda, liga Campo Grande a Ponta Porã, é de pelo menos 74 milhões de toneladas para serem transportadas.

Os produtos a serem escoados pelos trilhos que chegaram a Mato Grosso do Sul há mais de 100 anos são: o já citado minério de ferro, celulose e produtos agropecuários, como carnes e grãos para exportação.

“A pessoa vem e fala: ‘Não tem carga’. Hoje, não tem carga porque não tem ferrovia. Se tiver ferrovia, tem carga. Nós temos um estudo que indica 74 milhões de toneladas para colocar na Malha Oeste”, afirmou em reportagem publicada na edição de 14 de fevereiro.

De acordo com o governador, a expectativa do Estado é que a relicitação ocorra ainda em 2022.

NOVOS RAMAIS

Além da Malha Oeste, a iniciativa privada também quer investir na retomada do transporte ferroviário em Mato Grosso do Sul.

Entre os novos trechos, solicitados por meio do marco legal das ferrovias que permite a exploração privada do transporte ferroviário, estão os ramais requeridos pela Suzano.

Os investimentos para construção e operação dos ramais que ligam Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo a outras malhas, como a Ferronorte, em Aparecida do Taboado e Inocência, e a Malha Paulista, em Panorama (SP), chegam a R$ 3 bilhões.

O assessor logístico da Semagro, Lúcio Lagemann, destaca que a Malha Oeste também pode ser requerida por empresas privadas, assim como ocorre com os outros trechos.

“Este é um corredor importante, e por meio de autorização, mesmo que esteja acontecendo a relicitação, ele pode ter trechos requeridos pela iniciativa privada. O modelo usado pela Suzano de autorização pode ser utilizado em toda a Malha Oeste”, destaca.

Outros trechos foram solicitados pela MRS Logística e Eldorado Celulose. Todos os trechos requeridos por meio do marco legal somam investimentos de mais de R$ 6 bilhões.

Ao Correio do Estado, o governador disse que os novos ramais vão se somar à ferrovia que liga MS a SP.

“Tudo vai se acertar, porque o setor da logística conversa muito entre si. E o que ele está vendo? Enquanto a Malha Oeste não é recuperada, ele vai conectar com outras malhas para escoar o produto”, explica.

“Essa viabilidade da Malha Oeste existe e vai acontecer, os outros ramais não tiram a competitividade dela”, completa Azambuja.

Ainda de acordo com o governador a linha férrea centenária é a única rota ferroviária bioceânica viável na América do Sul e também tem potencial para tornar suas cidades pontos de conexão.

“A Malha Oeste é nada menos que a ferrovia Transamericana. Ela liga o Brasil, via Corumbá, a Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba, e de lá há conexões para o Chile e também para o Porto de Ilo, no Peru”, exemplificou Azambuja.

R$ 6 bilhões em investimentos

Novos trechos solicitados por meio do marco legal das ferrovias devem trazer investimentos de R$ 6 bilhões para o Estado.

Fonte: Correio do Estado