“Hoje tem quase 700 caminhões de minério vindo de Corumbá pela BR-262. Nós temos detonação da pista, acidente, tempo de carga e custo. Só esse minério automaticamente passaria já para a ferrovia”, comentou.
Além de minérios, celulose, grãos, fertilizantes, contêiners e combustíveis também serão transportados através da malha ferroviária.
“Mato Grosso do Sul representa 30% da exportação de celulose, que está saindo de caminhão de Três Lagoas, que hoje é o principal polo. 100% do combustível que nós recebemos vem de caminhão, e 100% do etanol que nós mandamos pra outros estados também vão de caminhão. Tudo isso pode compor a ferrovia, viabilizando e dando mais competitividade a Mato Grosso do Sul”, concluiu.
Cerca de 69% dos volumes transportados pela ferrovia (em toneladas) vão ser para exportação, 27% para o mercado interno e 4% importação. Além disso, 80% das exportações devem chegar ao Porto de
Santos.
Celulose, minério de ferro e grãos vão corresponder a 78% das toneladas movimentadas, e carga geral solta e celulose correspondem a 22%, segundo levantamento divulgado pela ANTT.
“O Estado cresce a índices de quase 8% ao ano e precisa desse modal, que é muito importante para o escoamento da safra, da produção papeleira, de grãos e também do minério. Com esse modal, vamos diminuir a pressão sobre rodovias, melhorar o escoamento, gerar empregos e produzir riquezas. Teremos mais uma linha de exportação rápida e com um custo menor”, ressaltou Hélio Peluffo, titular da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seilog).
Empregos
Além de facilitar o transporte de cargas aos portos brasileiros, a modernização da Malha Oeste pretende gerar 30 mil empregos somente em sua fase de obras.
Na avaliação socio-econômica, o estudo aponta que, diretamente, R$ 57 bilhões serão adicionados à economia, e R$ 55 bilhões serão arrecadados em impostos.
Os valores levam em conta o período de 60 anos de concessão.
Modernização da Malha Oeste
O projeto de relicitação da Malha Oeste compreende uma extensão total de 1.625,30 quilômetros, e deve custar cerca de R$ 18 bilhões em 60 anos de concessão.
Durante audiência pública promovida pela ANTT, o titular da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seilog), Hélio Peluffo Filho, afirmou que o maior ativo da Malha Oeste é a licença ambiental para atravessar todo o Pantanal. Segundo o secretário, esse é o único projeto de rodovias do Brasil que já possui todas as questões ambientais resolvidas.
“Essa ferrovia tem isso, é algo que ninguém mais vai conseguir”, afirmou.
Entre as melhorias previstas para o projeto estão:
- Modernização, ampliação e construção dos pátios de cruzamento;
- Sinalização e CCO, que visam permitir a comunicação por satélite entre o CCO e os equipamentos de bordo;
- Investimento em oficinas, instalações e aquisições de equipamentos de via;
- Minimização de conflitos urbanos, através da instalação de 21 intervenções integrada simples, 43 intervenções de integrada completa e 1 contorno ferroviário;
- Melhoramento da frota, através da renovação e aquisição de novos veículos para que a empresa possa garantir a eficiência das operações.
A previsão de investimento é de cerca de R$ 18 bilhões, previstos, exclusivamente, para o atendimento da demanda e operação ao longo dos anos de concessão, com destaque para modernização da via permanente da linha tronco.
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, por falta de viabilidade econômica, a ANTT descartou nos estudos da relicitação da Ferrovia Malha Oeste o ramal de 348 km, que liga Campo Grande a Ponta Porã, por considerar que coloca em risco todo certame, já que deve dar prejuízo de R$ 613 milhões ao longo dos 60 anos de concessão.
O custo de investimento e outras despesas de R$ 1,594 bilhão não compensariam a receita estimada de R$ 981 milhões no mesmo período.
O ramal tem início em Campo Grande, e passa por importantes cidades produtores do agronegócio, como Sidrolândia, Maracaju, o distrito de Itahum, em Dourados, até chegar a Ponta Porã.
Histórico
A Malha Oeste é administrada pela iniciativa privada desde 1996. Em 2020, a empresa concessionária manifestou ao Governo Federal o pedido de devolução e relicitação da ferrovia, em um processo “amparado pela lei”. A partir de então, a ANTT se mostrou favorável ao pedido e iniciou os trâmites legais para a nova concessão.
Hoje está em vigor o 3º Termo Aditivo do contrato que está previsto até 2025 ou até a nova empresa assumir o trecho.
A abertura da Audiência Pública faz parte do Plano de 100 dias do Ministério dos Transportes, o qual determina ações prioritárias para o âmbito da infraestrutura brasileira.