Após dois anos sem grandes eventos por conta da pandemia, foi lindo ver uma multidão de jovens (e nem tão jovens) se aglomerando, soltando a voz, se divertindo e ouvindo música ao vivo.

O Lollapalooza Brasil, na sua edição de 2022, será inesquecível para todos os que puderam participar dele.

O lado ruim foi que a escalação das atrações deixou muito a desejar. Para piorar, até mesmo algumas atrações de peso realizaram apresentações abaixo do esperado. Isso, sem falar na tragédia que impediu a apresentação dos Foo Fighters.

Portanto, se a pergunta foi se o Lolla 2022 valeu a pena em termos musicais, a resposta é um retumbante não.

Saudosismo justificado

Antes que venham as pancadas por essa conclusão de que o Lollapalooza Brasil foi fraco, vamos a alguns fatos.

A conclusão se dá por conta da comparação com outros eventos do “mesmo tipo” que aconteceram no Brasil nas últimas quatro décadas.

Afinal, quem já foi a alguns “Free Jazz Festival”, “Hollywood Rock” e várias edições do “Rock in Rio”, já assistiu artistas como Albert King, Elvis Costello, Dr. John, Supertramp, James Taylor, Rolling Stones e Bob Dylan, para citar apenas uns poucos, não pode ter uma opinião diferente sobre o Lolla 2022.

Portanto, por mais direcionado que seja a produção de um festival, mesclar gêneros musicais diferentes e artistas de várias gerações são coisas normais.

Porém, se a qualidade desses “novos artistas” for digna de esquecimento, melhor mudar os critérios da escalação.

Isso fica claro quando a apresentação de um DJ que tocou “músicas conhecidas” de uma maneira menos eletrônica, ganha mais aplausos do que a maioria dos artistas que se apresentaram antes dele.

No geral, para ser bem simpático, o festival foi FRACO!

Boas intenções não bastam

Claro que a situação de 2022 difere da época na qual os festivais citados acima aconteceram e que a proposta do Lollapalooza é mais abrangente.

Louvável a iniciativa de escalar nomes consagrados com artistas mais novos e menos conhecidos, mas nada justifica a perda de partes do corpo (no caso uma unha postiça) ou os problemas intestinais de algumas figuras.

Também não se pode aceitar que bandas como os Strokes façam uma apresentação tão pouco interessada como a que aconteceu na sexta-feira (25), numa péssima prévia da noite de abertura (e do resto) do evento.

Outra conclusão óbvia é a de que ter ganho (ou participado) de algum “programa de calouros” na TV não é garantia de qualidade.

Tudo maravilhoso (pela TV)

Quem assistiu ao festival pela TV e prestou atenção nos apresentadores (são mesmo necessários?), deve ter ficado com a impressão de que os shows foram os mais fantásticos da história da música.

A animação e os superlativos usados para “explicar” o que se ouviu eram absurdamente diferentes do que realmente aconteceu.

Nesta semana teremos um compacto dos melhores momentos na TV aberta. Provavelmente, a edição desse programa exigirá muito da equipe encarregada da produção, mas é bem possível que essa versão “pocket” do festival deixe uma impressão mais positiva.

Polêmica com o TSE vira a maior atração do festival

Mais lembrado que a música que tocada no festival, foi (e será) a polêmica decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir manifestações chamadas de “eleitorais”.

A ameaça de cobrar uma multa de R$  mil por cada manifestação, numa clara tentativa de censura, não intimidou a produção do evento ou os artistas. Palmas, muitas palmas, para eles!

Agora, o Lolla acabou e a “decisão sobre a decisão” vai para o plenário do TSE e, ao que tudo indica, será revogada.

De qualquer forma, fica a certeza de que sempre que se falar em Lollapalooza 2022 lembraremos dessa tentativa de censura.

Days Not to Remember

Como disse no início do texto, foi lindo ver o público enchendo o autódromo de Interlagos em um evento marcado pela alegria, sem grandes confusões e com gente de verdade, na maioria das vezes, tocando música de verdade. Se a qualidade da música era ruim, isso é outra coisa.

Espero que o Lollapalooza continue sendo realizado. Ele é importante para São Paulo e pode servir como contraponto ao Rock in Rio que, mesmo sem ter acontecido ainda, já venceu o duelo dos festivais em 2022.

Fonte: Ambrosia