O Ministério Público de Mato Grosso do Sul apresentou na última terça-feira (8) denúncia contra o empresário Jamil Name, 80 anos, por porte ilegal de arma.

A acusação tem como base o encontro de um carregador com 17 munições de calibre ponto 9 milímetros na casa dele, no Jardim São Bento, região central de Campo Grande, durante sua prisão em 27 de setembro, na primeira etapa de operação que prendeu Name, seu filho e mais 17 pessoas, entre policiais civis e guardas civis metropolitanos, por formarem grupo de extermínio que pode ter sido responsável pela execução de pelo menos oito pessoas.

Além de Name, dois de seus funcionários foram denunciados pelo mesmo crime. Ambos foram flagrados trabalhando armados no haras do empresário, na zona rural da Capital. Adelino Louveira, 55, estava com uma espingarda calibre ponto 12, municiada com 11 projéteis. E o domador José Antônio de Araújo, de 66, portava um revólver calibre ponto 38.

O pedido foi protocolado pelo promotor Pedro Arthur de Figueiredo, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, que enquadrou Name e os dois funcionários em dois artigos do Estatuto do Desarmamento.

Segundo o despacho do promotor, os funcionários responderão o processo em liberdade após pagamento de fiança em 30 de setembro.

Name não teve o mesmo direito. Por responder outras acusações, entre elas a de chefiar a milícia armada, viu o pedido de fixação de fiança negado pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, de plantão naquele dia na audiência de custódia.

As acusações contra o trio ficarão sob responsabilidade do juiz Oliver Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal da Capital. Eles podem pegar até quatro anos de prisão ou trocarem a pena por serviços comunitários.

Correio do Estado não conseguiu contato com a defesa dos acusados até a publicação desta reportagem.

OMERTÁ

Além do empresário Name, de seu filho e dos quatro policiais civis, outros quatro guardas municipais, um policial federal, um militar do Exército, um caseiro de propriedade rural e também profissionais do Direito foram presos no final de setembro, em Campo Grande e no interior do Estado, em operação que combate milícia armada especializada em crimes de pistolagem, denominada Omertá.

Os assassinatos de pelo menos três pessoas estão relacionados com o grupo de extermínio sob investigação: do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho do ano passado; do ex-segurança Orlando da Silva Fernandes, em 26 de outubro de 2018; e do estudante de Direito Matheus Xavier, em abril deste ano. No entanto, o Gaeco fala em oito execuções em dez anos.

Gaeco e Garras distribuíram cartazes pedindo informações dos dois únicos foragidos. Até o fim da tarde de ontem, a recompensa oferecida era de pelo menos R$ 2 mil (valor que, segundo eles, poderia aumentar).

Para dar o nome à operação, os policiais utilizaram um termo do dialeto napolitano, do idioma italiano. Omertá, conforme o Gaeco, é um termo que se fundamenta em um forte sentido de família e em um silêncio que impede a cooperação com autoridades policiais ou judiciárias. Trata-se de um código de honra muito usado nas máfias do Sul da Itália.

Fonte: Correio do Estado