A Prefeitura de Dourados teria se articulado para interferir no trabalho de um comitê cuja função é sugerir políticas públicas de combate à Covid-19. Membros de uma câmara técnica sem qualificação técnica em epidemiologia serviriam para garantir o controle, dificultando o avanço de sugestões que poderiam ter efeitos práticos na situação crítica pela qual passa a cidade.

De acordo com informações apuradas pelo Correio do Estado, ações para implementação de leitos, fiscalização e vigilância têm passado com pressão de alguns membros. O lock down, por outro lado, foi vedado pelo grupo como medida a ser apresentada à Secretaria de Saúde.

Embora o comitê seja apenas consultivo (o Executivo independe da ação do grupo para tomar decisões), trata-se de um olhar técnico sobre a doença e como ajudar a controla-la.

Decreto publicado na segunda-feira (22) instituiu o Núcleo Técnico de Apoio ao Município de Dourados para combate à pandemia do novo coronavírus.

A presidência ficou a cargo do epidemiologista Daniel Gallina Martins Abrahão, médico infectologista que também preside o comitê.

Um dos membros é o médico Renato Cezar Nasser, que já foi diretor técnico da Unidade de Pronto Atendimento Comunitário (UPA) douradense e acusado pelo gerente da unidade de não cumprir a carga horária, conforme informações divulgadas pela imprensa local em março deste ano, quando foi nomeado secretário adjunto de Saúde.

Gecimar Teixeira Junior também integra o grupo. O intensivista está internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com Covid-19,

Carlos Augusto Ferreira Moreira e Carlos Magno Junior são cirurgiões plásticos, segundo levantamento feito pelo Correio do Estado. A equipe de reportagem não encontrou dados que apontem experiência, residência, titulação na área de saúde pública ou infectologia.

O último integrante é Frederico de Oliveira Weissinger. Também não há informações sobre a especialidade dele.

Há preocupação de que sem iniciativas fortes por parte do município e sem impulso que parta do comitê, Dourados siga com grande quantidade de casos da Covid-19.

Fonte: Correio do Estado