A invasão russa à Ucrânia repercute não apenas na política e na economia global, mas também em uma esfera em que a estabilidade das nações e a paz são essenciais e pregadas rotineiramente: o esporte.

Nessa linha, o noticiário internacional ontem foi basicamente sobre a guerra que se instalou no leste europeu, com apelos de esportistas, pedidos de socorro e até declarações oficiais das principais instituições que regem modalidades.

O caso que mais chamou atenção envolve um sul-mato-grossense: Ismaily, defensor nascido em Ivinhema e que joga no Shakhtar, equipe que é originalmente de Donetsk, mas, desde 2014, tem jogado na capital Kiev, após conflitos militares na região de sua sede.

Ismaily, que tem 32 anos e no início de carreira venceu um Campeonato Sul-Mato-Grossense pelo time de sua cidade (na época, ele era atacante, jogando como ponta, e não lateral), faz parte de um grupo que pede socorro e quer ser resgatado em meio à eminente guerra.

Eles gravaram vídeos ao lado de filhos e mulheres, causando grande repercussão no Brasil. Apenas no Shakhtar, são 12 brasileiros no elenco atual. Já na primeira divisão ucraniana, são 31 atletas brasileiros inscritos. A maioria deles está hospedada em um hotel em Kiev.

“Devido à falta de combustível, fronteira fechada e espaço aéreo fechado, a gente não pode sair. A gente pede muito apoio ao governo do Brasil, que [ele] possa nos ajudar”, afirma o zagueiro Marlon, colega de Ismaily no Shakhtar.

No vídeo, a mulher de um deles, não identificada, diz não saber se haverá comida.

O atacante Júnior Moraes, da mesma equipe, naturalizado ucraniano e que atua pela seleção local, descreveu a situação como grave e que os atletas esperam uma solução para sair.

Até quarta-feira, a orientação dada pelos clubes era para os estrangeiros evitarem se manifestar sobre a tensão internacional com a Rússia.

Os dirigentes afirmavam aos jogadores que a situação estava controlada e teria solução pacífica – algo que não foi confirmado e resultou em guerra.

Por ora, não há previsão alguma de resgate brasileiro na Ucrânia, conforme divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.

O Itamaraty (como é chamada a Pasta federal) orienta que os brasileiros sigam na capital do leste europeu, apesar dos seguidos bombardeios, que já causaram várias mortes pelo país.

A Embaixada Brasileira na Ucrânia frisa ainda que não tem condições de resgatá-los e orientou quem está no interior a seguir para países vizinhos.

POSICIONAMENTO

Além da repercussão no Brasil dos atletas ali retidos em meio à guerra – há dificuldades também em se comunicar dentro do país, alvo de ataques cibernéticos russos –, houve também os posicionamentos oficiais e duros de várias entidades ligadas ao esporte.

A Fórmula 1, por exemplo, afirma que monitora a situação, mas o alemão Sebastian Vettel já adiantou que não correrá o GP russo deste ano.

“Nós observamos de perto o desenvolvimento dos acontecimentos e, no momento, não há mais comentários sobre a corrida”, destacou a categoria em comunidade oficial. Outros pilotos também se manifestaram contra o GP russo.

A World Athletics, organização que comanda o atletismo mundial, também condenou a invasão militar à Ucrânia.

Já a Uefa, órgão que comanda o futebol europeu, além de condenar a ação, divulgou que agendou para hoje uma reunião extraordinária, na qual discutirá, entre outras questões relacionadas ao tema, a provável retirada da final da Liga dos Campeões.

O evento ocorreria em uma das principais cidades russas, São Petersburgo, no norte do país. A data da final é dia 28 de maio.

 

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO