Ao suspender o cronograma de implementação do novo ensino médio, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai frear mudanças que estavam previstas para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2024. Na avaliação de entidades da área, adiar as alterações vai evitar maiores prejuízos aos alunos diante da indefinição com essa etapa de ensino.
Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, pressionado por críticas crescentes de educadores e estudantes, o governo federal deve publicar nos próximos dias uma portaria com a interrupção do prazo de implementação da política.
A principal consequência prática dessa decisão é em relação às mudanças no formato do Enem. O prazo atual de implementação da reforma culmina com um novo formato do exame em 2024, quando a primeira turma completa os três anos da etapa no novo modelo.
“É uma decisão muito sensata em um momento em que não sabemos como vai ficar o novo ensino médio. Não sabemos se haverá revogação, se serão feitas mudanças, como elas serão feitas. Então, frear alterações em um exame tão importante como o Enem é muito importante para não prejudicar ainda mais os estudantes”, diz Gabriel Correa, diretor de políticas públicas do Todos pela Educação.
No início de março, o Ministério da Educação criou um grupo de trabalho para discutir e receber contribuições sobre o novo ensino médio. Esse grupo deve atuar por 90 dias.
“Não podemos debater algo tão importante na correria, nem faria sentido. Além de que seria muito injusto com os estudantes que estão hoje no 2º ano do ensino médio, fazer no próximo ano um Enem com modelo novo que foi definido às pressas. Esses jovens seriam prejudicados de novo”, diz Correa.
Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, também avalia positivamente a suspensão do cronograma de implementação do novo ensino médio e das mudanças no Enem.
Ela destaca que suspensão é resultado da insistência de estudantes e professores em denunciar os problemas surgidos com o novo modelo. “Não é ainda uma vitória definitiva, ainda temos um caminho de reconstrução dessa etapa complexa, mas é um primeiro passo”, disse.
Já Bruno Eizerik, presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), é contrário à suspensão do cronograma. “Não faz sentido parar um processo no meio. Precisamos de políticas perenes para a educação”, disse.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO