Campo-grandenses que ainda não tomaram a terceira dose da vacina contra a Covid-19 – e que tenham tomado a 2.º há pelo menos seis meses -, a Fiocruz de Mato Grosso do Sul precisa de adultos, com idade entre 18 e 60 anos, para um estudo sobre a possibilidade de fracionar vacinas para ampliar a cobertura vacinal de países mais pobres.
“A gente está fazendo a busca ativa e tudo é realizado no domicílio do paciente. Ele entra em contato com a gente, fazemos uma visita domiciliar, identifica se ele pode participar da pesquisa, se sim coletamos o sangue e a vacina é ofertada randômicamente”, comenta o médico infectologista, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, dr. Julio Croda.
Ele aponta que esse estudo – realizado no Brasil e Paquistão – é financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Coalizão para Promoção de Inovações em prol da Preparação para Epidemias (CEPI).
“Que justamente avalia essa parte de vacina, o comitê responsável pela avaliação de financiamento de estudos de vacina. E além de financiado pela OMS, ele é liderado pelo Instituto Sabin, de Nova York (não confundir com os laboratórios)”, afirma o doutor.
Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, ele explica a ideia de avaliar os resultados nesses dois países, com as mesmas vacinas, mas que apresentam populações diferentes.
“Importante replicar estudo em dois lugares, para entender realmente se, essas diferenças populacionais genéticas, de características sociodemográficas influenciam na resposta imunológica”, diz.
Ainda, caso a vacina demonstre a mesma resposta imunológica nas “doses fracionadas”, que apresenta com as doses “normais”, ele evidencia que os benefícios vão além da possibilidade da cobertura vacinal ser ampliada.
“Que [as doses fracionadas] estão relacionadas a uma resposta causada por menos eventos adversos e é um custo menor pra imunizar a população em países pobres, que não tem acesso”, pontua.
Vale lembrar que as vacinas aprovadas até então foram testadas em pessoas que nunca tomaram esse tipo de imunizante, o que justifica os estudos de comparações.
“É importante a gente comparar em pessoas que já tomaram a vacina se é realmente necessário uma dose completa ou se a gente pode reduzir”, cita também.
FraCT-Cov na Capital
Para os campo-grandenses que se enquadram no perfil – de idade entre 18 e 60 anos, com 2.ª dose aplicada há seis meses -, e se voluntariarem para o estudo, serão aplicadas meia dose das vacinas Astrazeneca e Pfizer, sendo que essa última será testada ainda a aplicação de 1/3.
Além dessas, haverá comparação com grupo de pessoas que devem receber doses inteiras de Astrazeneca, Pfizer e Coronavac, para ver a resposta imunológica de cada, assegurou o infectologista ao Correio do Estado.
Vale ressaltar que o estudo tem três períodos de acompanhamento: depois de 28 dias de imunização, depois de 3 e 6 meses
“Então a gente vai observar essa resposta imunológica, tanto de anticorpos quanto celular, ela é idêntica entre quem tomou meia dose, um terço, ou dose inteira”.
Importante frisar que a distribuição entre os pacientes será feita de forma totalmente aleatória, sendo que o voluntário só saberá qual dosagem tomou quando passados os seis meses de acompanhamento.
“Porque é sorteada, a gente não sabe realmente qual o paciente vai receber. E aí acompanha, retorna à casa do indivíduo com 28 dias, 3 e 6 meses para coletar sangue e avaliar essa resposta imunológica”, finaliza Julio Croda.
Estudo em números
Números do Instituto Sabin apontam para um abismo entre a vacinação de países de alta e baixa renda, que apresentam, respectivamente, cobertura vacinal de 72% e 17% em média de suas populações.
Através da Coalização para Promoção de Inovações, o instituto recebeu R$ 32,7 milhões, conforme material da Radioagência Nacional, para aplicar o estudo em 1.440 pessoas o Brasil e Paquistão.
Quem tiver interesse em se voluntariar, e para mais informações, entre em contato com a equipe de pesquisa em saúde da Friocruz, através do telefone (67) 99257-5979, ou whatsapp (67) 99257-2472.
FONTE: CORREIO DO ESTADO