Os eventos do dia 7 de setembro arrastaram uma multidão durante todo o feriado nas principais ruas e avenidas de Campo Grande e também serviram de ponto de panfletagem para candidatos a vários cargos políticos, todos de chapas alinhadas – direta ou indiretamente – à candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Durante a manhã, o desfile cívico-militar levou 4,2 mil componentes às ruas, e a Polícia Militar estimou um público de 15 mil pessoas. A Marcha para Jesus, conforme pessoas que estiveram nos dois eventos, atraiu público similar.
A PM, porém, estimou 80 mil pessoas na Marcha, público similar a um Maracanã lotado (é a capacidade do maior estádio do Brasil).
Apesar das contestações, é certo que dezenas de milhares de pessoas foram ao centro de Campo Grande vestidas de verde e amarelo.
Além destes dois eventos – o primeiro era oficial e o segundo a organização afirmava não haver vinculação político-partidária, apesar de seu principal organizador ser o pastor Wilton Acosta, presidente do Partido Republicanos e candidato a deputado federal –, também foram realizadas duas carreatas/motociatas, que atraíram centenas de automóveis e milhares de apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Pela manhã, por se tratar de um evento oficial, o governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), e a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), estiveram presentes.
Na Marcha para Jesus, pela tarde, compareceram ao evento apenas Eduardo Riedel (PSDB) e Rose Modesto (União Brasil).
Capitão Contar (PRTB) foi organizador de uma das carreatas/motociatas, a qual atraiu milhares de pessoas. Em alguns momentos, a carreata se encontrou com a Marcha, mas as pessoas não desceram para ficar entre os evangélicos.
Marquinhos Trad (PSD) não foi visto na Marcha, e sua assessoria não confirmou se ele compareceu. O mesmo ocorreu com Giselle Marques (PT) e Adonis Marcos (Psol). André Puccinelli (MDB) não compareceu à marcha nem à motociata.
Todos os eventos do feriado do bicentenário da Independência foram marcados pela presença de candidatos a deputado estadual e federal. Entre o público, assim como ocorreu em outras capitais brasileiras, foram vistas faixas de ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também pedindo um golpe (intervenção) militar.
Também houve manifestações de pessoas que defendem explicitamente o voto impresso auditável, bandeira de Jair Bolsonaro.
Carreata
Na carreata/motociata não faltaram bandeiras e santinhos de candidatos. O candidato Sindoley Morais (União Brasil) estava com sua equipe e disse que está pedindo a Deus para ser vitorioso nesta eleição.
Ele já foi vereador em Dourados e disputou o cargo de deputado federal há quatro anos. Em 2020, tentou ser prefeito de Paranaíba e agora disputa uma das oito cadeiras na Câmara dos Deputados.
Ele, inclusive, pediu o voto da equipe de reportagem do Correio do Estado “com a graça de Deus”.
O candidato acusou o ex-presidente Lula de ser o responsável pela desconstrução dos valores morais da sociedade.
“A eleição está polarizada. No primeiro turno, o voto é secreto. Já no segundo, entre Lula e Bolsonaro, vou votar no presidente Bolsonaro”, mandou o recado.
A candidata Sirlei Ratier, que disputa o cargo de deputada federal pelo Progressistas, disse que o maior objetivo da movimentação de 7 de setembro é reeleger Bolsonaro este ano e “preparar o terreno” para o Tarcísio Freitas em 2026. Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio disputa o governo de São Paulo pelo PL.
“Há quatro anos, montamos um quartel-general para eleger Bolsonaro. Agora, é a vez de reelegê-lo, porque o Brasil não pode virar um país comunista”, disse ela.
DESFILE
O desfile cívico-militar começou por volta de 9h, com a cerimônia de hasteamento da bandeira, realizada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e pela prefeita Adriane Lopes (Patriota).
Na solenidade oficial, também houve toque de berrante após a declamação de uma poesia.
O vereador Sandro Benites (Patriota) e o deputado estadual Coronel David (PL) também participaram do ato de hasteamento da bandeira, como representantes da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa, respectivamente.
O ato, no entanto, não constava no cerimonial oficial, que previa apenas participação do governador e da prefeita.
Cerca de 4 mil integrantes de 23 instituições civis e militares desfilaram na Rua 13 de Maio.
As apresentações ocorreram a pé, em viaturas de quatro rodas, motocicletas e cavalos, além de tanques das Forças Armadas.
Também houve o sobrevoo de aeronaves, mas sem apresentações específicas, manobras ou a esquadrilha da fumaça. O encerramento do evento ocorreu por volta das 11h.
Com o lema “A esperança vai vencer o medo. Pelo Brasil e pela democracia”, o tradicional Grito dos Excluídos, que aconteceria após a solenidade, ficou para sábado (10), às 9h, na Praça do Rádio do Clube.
A dona de casa Miriam Bernardes, 52 anos, tem um filho militar e foi prestigiar o desfile. “Venho para o desfile há quase 30 anos. Sempre trouxe meus filhos, desde pequenos, que já são adultos e hoje trouxe meu neto”, disse. Leia mais nas páginas 4 e 5.
4,2 mil Componentes
Pela manhã, o desfile cívico-militar de 7 de setembro, em alusão ao bicentenário da Independência, teve 4,2 mil componentes, entre militares e civis.
(Colaboraram Elias Luz, Glaucea Vaccari, Bianka Macário e Beatriz Feldens)
FONTE: CORREIO DO ESTADO