Monitoramento feito no Cerrado da Região Centro-Oeste, além de Minas Gerais, indicou que Mato Grosso do Sul teve uma área de desmatamento evitado que totaliza 14.769,96 hectares, o que equivale a mais de 14,7 mil campos de futebol.
O estudo, divulgado pela Embrapa Agrossilvipastoril, de Mato Grosso, foi feito para analisar as áreas mais sensíveis do bioma e avaliar onde medidas eficazes conseguiram obter resultados. Esse trabalho foi divulgado no fim de outubro.
A proposta do trabalho é subsidiar entidades e os governos federal, estaduais e municipais para formular políticas de proteção ambiental, bem como direcionar ações para regiões com condição mais preocupante. No total, 101 municípios foram monitorados, em quatro estados (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais).
Sobre o Cerrado, Mato Grosso do Sul é o estado que tem a segunda maior cobertura vegetal natural desse bioma. São 3,4 milhões de hectares, que ocupam praticamente toda a região norte do Estado, além do leste e uma pequena faixa do sul.
Mato Grosso é a unidade federativa com maior área de Cerrado, com 8,4 milhões de hectares. Minas Gerais aparece com 2,6 milhões de hectares, e Goiás com 2,4 milhões.
Para conseguir medir o desmatamento que era esperado para as áreas analisadas, bem como identificar o que de fato foi desmatado e quanto foi evitado, os pesquisadores utilizaram uma metodologia identificada como Aceu.
Com isso, foi possível levantar o risco para cada região. Quatro pilares sustentam o estudo, e envolvem: acessibilidade do local, aptidão da terra para uso agropecuário, existência de recursos naturais e se há algum regime de proteção.
Na região sul-mato-grossense analisada, entram cidades como Água Clara, Alcinópolis, Anaurilândia, Brasilândia, Camapuã, Campo Grande, Costa Rica, Maracaju, Paraíso das Águas, Ponta Porã, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas. Em cada uma dessas áreas, há diferentes setores econômicos mais fortalecidos, incluindo áreas com expansão industrial, além de plantações de soja.
A chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, pesquisadora Laurimar Vendrusculo, indicou que o estudo detalhado vai permitir que medidas de desenvolvimento tenham ações sustentáveis e, ainda, vai alertar o poder público sobre quais municípios exigem maior atenção em termos de medidas para se evitar o desmatamento.
Ela ainda apontou, de forma geral, para questões que envolvem, principalmente, as regiões de Mato Grosso do Sul onde a indústria da celulose tem avançado. “As informações especializadas dos níveis de risco de desmatamento evitado permitem subsidiar planos operacionais que identifiquem áreas com maior pressão para o desmatamento”, explicou a pesquisadora, que coordenou o trabalho e fica lotada em Sinop (MT), cidade-sede da Embrapa Agrossilvipastoril.
“Com isso, políticas que privilegiam geograficamente incentivos à adoção de tecnologias conservacionistas podem ser melhor empregadas, tanto financeira como tecnicamente. Por exemplo, áreas mais suscetíveis poderiam ter mais subsídios econômicos para implantação de florestas plantadas ou restauração florestal”, completou Laurimar.
A mestre em Ciências Ambientais da UFMT Daniela Castagna desenvolveu o projeto com o intuito de apontar onde há maiores riscos de erosão, que é favorecida em áreas em que o desmatamento acaba sendo maior.
“A erosividade [poder erosivo da chuva] não é o único agente da erosão, no entanto, é um importante fator, responsável por desencadear o processo erosivo.
Dessa forma, é importante dar atenção aos resultados encontrados, principalmente nos locais em que os valores foram maiores, como é o caso dos municípios da região nordeste de Mato Grosso do Sul”, salientou a pesquisadora, que conduziu esse trabalho com orientação do professor da UFMT Adilson Pacheco de Souza e da chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril.
“Nessa mesma região, se o relevo for declivoso e o solo for frágil, do ponto de vista da propensão à erosão, o uso recomendado é a manutenção da cobertura vegetal natural”, completou o professor.
Em termos de maior alerta, Mato Grosso do Sul não figura nas primeiras posições desse radar, conforme a pesquisa. Os municípios de Minas Gerais dentro do Cerrado apresentam mais riscos por conta do histórico de ocupação e da influência direta no remanescente da cobertura vegetal.
Saiba
Pesquisa mostra que MS não figura nas primeiras posições do radar em termos de maior alerta para desmatamento. As cidades de Minas Gerais que fazem parte do bioma são as de maior risco, segundo o estudo.
FONTE: CORREIO DO ESTADO