A área plantada de florestas de eucalipto em Mato Grosso do Sul deverá crescer pelo menos 300 mil hectares até o fim do ano.

Conforme dados da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), a área plantada do Estado é de aproximadamente 1,4 milhão de hectares e, com o acréscimo, até o fim de 2023 a área destinada à silvicultura chegará a 1,7 milhão de hectares.

De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a expansão da silvicultura em Mato Grosso do Sul será tão grande que a base econômica do Estado mudará, haverá mais eucalipto para celulose e menos soja no cenário de exportação a partir de 2025. A mudança tornará Ribas do Rio Pardo a “capital mundial do eucalipto”.

Conforme Verruck, a silvicultura renderá para Mato Grosso do Sul o segundo título de capital mundial no setor. O primeiro foi conquistado por Três Lagoas oficialmente em 12 de abril de 2013, com a publicação da Lei nº 4.336/2013 no Diário Oficial do Estado.

A confirmação em nível nacional veio de Brasília, no dia 20 de abril de 2021, com a sanção da Lei nº 14.142/2021.

O avanço da silvicultura não será voltado exclusivamente para a elevação das exportações da celulose. Segundo Verruck, a ampliação do maciço florestal também será útil para a criação de um polo moveleiro com a produção de mais madeira, além beneficiar a produção de energia por meio de biomassa de eucalipto.

Certo mesmo é que, se em um ano serão 300 mil hectares, significa que são plantados cerca de 822 hectares por dia. “O plantio de eucalipto em Ribas do Rio Pardo terá um raio de 60 km. A base econômica vai mudar e, com isso, até 35% de toda a celulose comercializada pelo Brasil sairá de Mato Grosso do Sul”, disse Verruck.

A meta de chegar a 2 milhões de hectares de eucalipto, prevista para 2030, deve ser antecipada, principalmente por causa da fábrica de celulose Arauco, em Inocência.

Há, ainda, a área plantada da Bracel, em Água Clara, além das fábricas da Eldorado Brasil e da Suzano, em Três Lagoas, e da nova unidade –também da Suzano – em Ribas do Rio Pardo.
Mato Grosso do Sul tem a segunda maior área plantada de eucalipto do Brasil e ultrapassará Minas Gerais, com 2 milhões de hectares, ainda nesta década.

SETOR

Em Mato Grosso do Sul, o setor florestal gera 90 mil empregos em toda a cadeia produtiva da silvicultura, segundo a Reflore-MS. Hoje, os maiores produtores de eucalipto no Estado são Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Brasilândia e Água Clara. Essa ordem mudará e outros municípios, como Inocência, serão inseridos.

No quadro de exportações, só ano passado saíram de Mato Grosso do Sul 4,462 milhões de toneladas de celulose, o que representou a entrada de US$ 1,523 bilhão, contra US$ 1,489 bilhão de 2021 com 4,113 milhões de toneladas, resultando em uma alta de 2,27%. A participação da celulose na pauta de exportações caiu de 21,6% em 2021 para 18,6% em 2022.

Por empresa, hoje, a Suzano possui uma base florestal de aproximadamente 458,4 mil hectares, entre florestas plantadas e nativas, em Mato Grosso do Sul.

Desse total, 169,3 mil hectares são destinados exclusivamente para a conservação da biodiversidade no Estado.

Os dados são do último Resumo do Plano de Manejo Florestal da companhia, divulgado em 2022. Com o Projeto Cerrado, que consiste na fábrica de Ribas do Rio Pardo, esse número deverá chegar a 600 mil hectares.

João Alfredo Danieze, prefeito de Ribas do Rio Pardo, ressalta que esse investimento da Suzano, de R$ 19,4 bilhões, é o maior do País em termos de capital privado e que o município tem, hoje, o maior canteiro de obras do Brasil. “O município está fazendo a sua parte nesta obra de grande magnitude”, acrescentou.

A Eldorado Brasil Celulose, com fábrica instalada em Três Lagoas, possui mais de 260 mil hectares de florestas plantadas em Mato Grosso do Sul e mais de 116 mil hectares de áreas conservadas.

Em 2023, entre novas áreas e reformas, a companhia informou que planeja plantar uma área de 28 mil hectares de eucaliptos no Estado. A empresa produz 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano.
Na semana passada, diretores da Reflore-MS reuniram-se com o governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), e o secretário Jaime Verruck.

Os assuntos abordados foram a expansão do setor florestal, a melhoria da infraestrutura no Bolsão, a diversificação da produção e a integração pecuária-floresta com o carbono neutro.
Além do polo moveleiro, que também foi discutido, mas ninguém da Reflore-MS quis comentar sobre o assunto.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO