Fevereiro está chegando, e com ele o retorno do ano letivo na grande maioria das escolas do Brasil, podendo variar de acordo com cada instituição de ensino. A Rede Estadual de Ensino tem a volta às aulas marcada para 21/2. Na Capital, a Prefeitura de Campo Grande definiu o retorno nas escolas públicas municipais para 15/2.
Mas, entre as escolas particulares de Campo Grande, várias instituições anteciparam o retorno para antes do feriadão de Carnaval, de 9 a 13/2, e algumas vão retomar as atividades já na segunda-feira, dia 29.
Ou seja, logo logo as crianças e os adolescentes vão retomar sua rotina de estudos, o que às vezes se torna um grande desafio para os pais, porque os jovens estão confortáveis nas férias escolares e muitos deles não gostariam e não estão preparados para voltar às aulas.
A psicóloga e psicopedagoga Olívia Carromeu destaca algumas recomendações que ela considera “fundamentais” para os pais na recondução dos estudantes ao dia a dia escolar.
“Passem segurança e não façam rodeios na hora de conversar com eles sobre o assunto. É indispensável a demonstração de que tudo está bem e de que você estará ali para receber a criança ao fim do horário escolar”, afirma a especialista.
“Não fique contando muitas histórias nem se prolongando sobre o assunto com a criança. Nesse sentido, é importante explicar como funcionará a rotina e que esse processo é importante em sua vida. Lembre-se que essa fase não é um período de traumas. É algo normal, e muitos nem se recordam de seu primeiro dia de aula”, diz Olívia, que preza, durante as indicações, pelo equilíbrio emocional dos responsáveis ao lembrar da necessidade de autonomia para os jovens.
“Seja sensato. O seu filho precisa aprender e se desenvolver. Então, não é preciso perder a calma e se afundar em preocupações enquanto ele está ocupado crescendo. Lembre-se que, caso algo ocorra, as pessoas responsáveis por ele na escola vão entrar em contato com você”, afirma a psicóloga e psicopedagoga. “Não dê prêmios. Responsabilidades não devem ser premiadas”, enfatiza.
“A escola não é algo ruim onde a criança mereça prêmios e presentes por ter se comportado bem. Assim, ela precisa começar a vê-la como algo indispensável e que lhe dá prazer de vivenciar”, frisa Olívia Carromeu.
A orientadora parental e especialista em desenvolvimento neuroatípico Andreia Rossi reforça a importância de os pais saberem lidar com os filhos da maneira correta no momento da volta às aulas.
“Primeiro de tudo, o retorno à escola não pode ser uma ameaça, por exemplo, falando para o jovem que a vida boa vai acabar e coisas do tipo, porque esse discurso pode gerar uma resistência ao ambiente escolar, fazendo com que a criança ou o adolescente não se sinta confortável na escola”, comenta. “As famílias precisam estimular uma volta às aulas adequada, organizada, confortável e segura”, completa.
Conforme dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil conta com aproximadamente 74,5 milhões de estudantes, que estão matriculados em instituições de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
São muitas as crianças e os adolescentes que não estarão preparados para a volta às aulas. Mas Andreia Rossi aponta algumas estratégias que os pais podem usar para garantir um retorno à escola sem problemas.
ROTINA
Estabelecer uma rotina: mesmo que o jovem ainda esteja de férias, é importante que os pais conversem com ele, estabeleçam uma rotina e coloquem em prática desde já. “Sabemos que não é nada fácil fazer isso durante as férias, mas organizar horários e outras tarefas é essencial para que a criança ou o adolescente crie uma estabilidade emocional, fique acostumada com a rotina e não tenha problemas em ir para a escola”, explica Andreia.
COMBINADOS
Retomar certos combinados. Por exemplo, reduzir o tempo de uso de telas, como celular, videogame e computador, fará com que o jovem tenha um descanso mais proveitoso e também se adapte a usar menos telas no período escolar.
AUTONOMIA
Autonomia supervisionada. “Permitir que o filho organize a sua própria mochila e também os materiais escolares de forma supervisionada fará com que a criança ou o adolescente desenvolva uma maior autonomia e responsabilidade, que é essencial para o seu desempenho nos estudos”, pontua a orientadora.
CONVERSA
Antes de iniciar o ano letivo, é importante que os pais conversem com os filhos sobre a postura de estudante e o compromisso com os estudos, por exemplo, como será o planejamento e a divisão de tempo para estudar em casa e fazer os seus deveres escolares.
CRIANÇAS ATÍPICAS
O retorno à escola pode ser ainda mais desafiador para as famílias atípicas, aquelas em que a criança ou o adolescente tem um transtorno neurodivergente ou neurocomportamental, como transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e transtorno opositivo desafiador (TOD).
Além de preparar o jovem atípico para a volta às aulas, os pais também precisam prepará-lo para o dia a dia na escola, para que a sua aprendizagem não seja prejudicada. “Os professores e a direção precisam saber da condição do filho, para que estratégias sejam montadas e a criança ou o adolescente não fique para trás nos estudos, em relação aos seus colegas. É importante que ela também se sinta parte do grupo”, afirma Andreia.
Alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e de regulação emocional frequentemente manifestam falta de interesse ou recusa ao ambiente escolar.
Garantir a participação ativa do jovem atípico nas atividades escolares, dividir a turma em grupos de trabalhos menores e heterogêneos, validar os compromissos, reconhecer e reforçar positivamente atividades bem feitas e saber lidar com as desregulações emocionais é essencial para que os professores possam contribuir para o desenvolvimento escolar desses jovens.
Fonte: Correio do Estado