Russell Crowe está naquele seleto grupo de atores que já teve papéis de destaque tanto no universo DC (em O Homem de Aço, ele foi Jor-El, pai do Superman) quanto no universo Marvel (em Thor: Amor e Trovão, ele interpretou uma versão canalha de Zeus) – mas foi no terror O Exorcista do Papa, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, que ele finalmente encontrou a oportunidade de encarnar um super-herói.
“Certamente, alguém que dedica sua vida à fé é um super-herói, ainda mais nesse sentido específico do exorcismo. Ele está constantemente enfrentando forças sombrias, lidando com pessoas afligidas com problemas da alma… É um emprego muito, muito difícil de se ter.
O personagem principal do longa de Julius Avery (Operação Overlord) tem inspiração real: o padre Gabriele Amorth foi, por 36 anos, o exorcista-chefe do Vaticano, subordinado somente ao próprio papa, e deixou suas experiências gravadas em vários livros e artigos jornalísticos. “É bem documentado quantas milhares de pessoas ele ajudou”, aponta Crowe.
Em um ponto da entrevista, o ator dispara em uma longa tirada sobre os caminhos sinuosos e curiosos da vida de Amorth, que tentou entrar para o sacerdócio aos 17 anos, mas foi rejeitado por um padre que lhe disse para “viver uma vida e aprender algumas coisas antes de querer ensinar”. A resposta do futuro exorcista foi se juntar à resistência contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, emendar essa experiência com uma faculdade de direito, e depois com outra graduação em jornalismo – esta última quando já fazia parte de uma ordem de padres dedicada aos esforços de comunicação da Igreja católica.
Daí também o fato de o protagonista de O Exorcista do Papa não ser exatamente um padre… ortodoxo, digamos assim. No longa, Amorth dirige uma lambreta estilosíssima, carrega consigo um frasco de bebida alcoólica que usa para ganhar coragem nos momentos mais tensos de suas missões, e até fala alguns palavrões. “Todas as decisões que eu tomei no filme foram para humanizar o personagem. São duas coisas que o protegem quando realiza um exorcismo: a pureza de sua fé, é claro, mas também a sua humanidade e sua empatia pelo próximo”, comenta Crowe.
“Quando falei com algumas pessoas que conheciam o padre Amorth, foi difícil conseguir com que me respondessem de forma mais direta. Veja bem, os amigos dele eram, em sua maioria, outros padres”, diz ainda. “Mas uma coisa que descobrimos e acabamos não usando no filme é que ele fumava um cigarro de vez em quando… Foi engraçado, porque um padre estava me dizendo que eles não podem fumar, mas enquanto falava isso eu percebi que ele tinha um maço de cigarros em seu bolso!”.
De fato, o ator foi tão fundo na sua pesquisa sobre o personagem que só um filme não foi o bastante para contar toda sua história. “Quando você começa a ir além da superfície com Amorth, há muita coisa ali, e tentamos colocar o máximo possível nesse filme. Mas este é um ótimo personagem, e eu me diverti bastante com ele – não me importaria de fazer isso de novo, subir na moto e ir viver outra aventura”, admitiu Crowe.
Taí outra coisa que ele tem em comum com os super-heróis, não é mesmo?
Fonte: Omelete