Os casos de estelionato aumentaram quase 150% em Mato Grosso do Sul no comparativo entre o pré e o pós-pandemia, segundo dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Conforme os dados, em 2019, no ano pré-pandêmico, foram registrados 5.115 casos de estelionato no Estado.

Já em 2022, foram 12.781, aumento de mais de 7,6 mil casos no ano.

Só neste ano, até o meio-dia desta quinta-feira (5), já foram registrados 52 casos, o que dá uma média de mais de 10 crimes por dia.

O crime de estelionato consiste em fraude, enganação ou indução ao erro, vantagem ilícita para próprio benefício ou para terceiros.

O delegado Rauali Kind Mascarenhas, da 5ª Delegacia de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, explica que a mudança de comportamento da população é um dos fatores que contribuíram para o aumento dos golpes.

“O comércio eletrônico aumentou bastante durante o período da pandemia e após a pandemia, então, esse aumento do comércio eletrônico acabou fazendo com que as vítimas ficassem mais vulneráveis”, disse o delegado.

“Muitas pessoas que nunca efetuaram compras online passaram a efetuar, então não tem conhecimento sobre site seguro, vendas de segurança, acaba informando senha do cartão de crédito, colocando os cadastros em sites são confiáveis”, acrescentou.

Com essa vulnerabilidade, os criminosos passaram a se valer desse aumento e se organizar para essa forma de aplicação de golpes.

Ainda segundo o delegado, na deep web, há venda de dados pessoais de pessoas que cadastram em sites não confiáveis e golpistas usam esses dados para traçar um perfil da vítima e saber qual golpe é mais propenso dessa pessoa acreditar.

O delegado ressalta, no entanto, que a pandemia não é o único fator que contribuiu para o aumento de casos.

“O aumento do estelionato é multifatorial. A pandemia pode ser um fator, mas não só a pandemia, porque a gente percebe golpes que são praticados eh mesmo fora do comércio eletrônico, por exemplo”, destaca.

Mascarenhas afirma ainda que há, muitas vezes, dificuldade em se concluir as investigações.

Segundo ele, as próprias vítimas, frequentemente, não registram boletim de ocorrência ou, quando o fazem, tem sensação de impunidade por não ter o dinheiro de volta ou não saber que o autor foi identificado e punido.

Atualmente, há 200 inquéritos abertos na delegacia, dos mais diferentes tipos de estelionato, como golpes de WhatsApp, falso boleto, cartão clonado, entre outros.

A prevenção é a principal aposta para diminuir o número de casos, evitando que vítimas caiam em golpes.

“O estelionato é um crime que demanda uma participação maior da vítima. O estelionato é a obtenção da vantagem indevida mediante ágio, ou seja, ele engana a vítima, por isso a gente fala em golpe, para que a vítima entregue aquele valor. Se a vítima não entrega o valor, não é estelionato, é uma questão da tentativa. Então, essa participação ativa da vítima é imprescindível pro crime de estelionato. A vítima está sendo enganada. Então por isso que a prevenção é tão importante. Se a vítima conhece os principais golpes que estão sendo aplicados hoje e adota mais cuidado na hora de fazer esses acordos, essas negociações virtuais ou até mesmo pessoais, a gente já não tem o estelionato. Por isso que a prevenção é tão importante”, explica o delegado.

Algumas dicas para se proteger de estelionatos virtuais são:

  • Não faça download de softwares e aplicativos de origem desconhecida;
  • Não abra links desconhecidos enviados por e-mail ou aplicativos;
  • Habilite a verificação em duas etapas nos aplicativos e e-mails;
  • Desconfie sempre e cheque a fonte;
  • Não clique em links contidos em SMS, mensagens instantâneas ou em postagens em mídias sociais de pessoas ou organizações desconhecidas, que possuem endereço suspeitos ou estranhos.

Outra medida importante para não cair em golpes é não enviar dinheiro ou valores solicitados por mensagem ou ligação.

Certifique-se de quem se trata a pessoa com quem você está em contato para não cair em um golpe.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO