O comércio varejista de Campo Grande registrou queda de 47% nas vendas no Natal deste ano e creditou a culpa nas medidas de biossegurança adotadas pelo Governo, no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

A reclamação, encabeçada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), se dá num momento em que Mato Grosso do Sul ocupa o primeiro lugar entre os estados do país com maior média de mortes pela doença, e também a superlotação dos leitos hospitalares da rede pública e privada.

Diante do agravamento do cenário, as secretarias estaduais e municipais de Saúde se viram obrigadas a adotar algumas medidas sanitárias para conter a alta contaminação da doença.

Uma das ações mais comentadas foi o decreto do Toque de Recolher, válido para os 79 municípios de Mato Grosso do Sul, além da ampliação de pontos para realização de testes e campanhas.

No entanto, as medidas de proteção, que visam a maior segurança da população, foi mal vista pela CDL, e também pelos próprios comerciantes.

Segundo o presidente da Câmara, Adelaido Vila, o baixo consumo se deu justamente pela quantidade de campanhas de conscientização desenvolvidas.

“Se observarmos a secretaria estadual de Saúde, com seus pronunciamentos e falas para a imprensa, eles ficaram o mês todo de dezembro dizendo que as pessoas iriam morrer, que o mundo iria acabar, e sem demonstrar que estavam fazendo algo pela saúde e tratamento das pessoas.”, comentou Adelaido.

O presidente da CDL defendeu que houve um excesso de discurso, mas nada que demonstrasse verdadeiro zelo pelas pessoas, sem uma fiscalização eficaz.

“Isso afastou as pessoas responsáveis, mas não fez qualquer efeito junto aos irresponsáveis, que continuaram em suas baladas ilegais, disseminando o vírus”, pontuou.

O comércio varejista esperava o período de Natal para alavancar o cenário de 2021, e começar o ano com o pé direito, mas afirmou ter acontedido o oposto: “Muitas pessoas pelas ruas e poucas compras”.

Adelaido Vila também comentou sobre o aumento de inadimplentes, ocasionado pelo número de desempregados, e sem conseguir controlar suas dívidas, os consumidores começarão o ano no vermelho.

Um levantamento realizado pela própria Câmara de Dirigentes Lojistas, aponta uma alta de 23% se comparada a dezembro de 2019.

Questionados, os comerciantes também sentiram a queda das vendas de Natal deste ano, assim como explica Juliana Santos, gerente de uma loja de variedades e presentes.

“Este é nosso primeiro ano de loja, que foi bem difícil por conta da pandemia. Mesmo se a vacina vier, no próximo ano vamos continuar tomando as medidas de biossegurança. Sempre temos uma boa expectativa né. As pessoas pararam de comprar não por falta de dinheiro, mas por medo mesmo.”

Segundo Juliano, a loja tem um público forte da terceira idade, mas que parou de frequentar por conta da doença.

Além dela, Euza Lacerda, gerente de uma loja de roupas, revela que apesar da quebra das expectativas no Natal, dezembro marcou uma maior procura de compradores, diferente dos anos anteriores.

“As vendas nesse Natal não foram o que pensamos que seria. Na pandemia as pessoas estão com medo, mas ainda sim percebemos uma melhora neste fim de ano, em relação aos meses passados. Agora ficamos sem saber o que vai acontecer né? Um dia de cada vez.”.

Fonte: Correio do Estado