Após as queimadas devastadoras de 2020 no Pantanal de Mato Grosso do Sul e também no de Mato Grosso, no ano passado, o bioma teve um número menor de focos de incêndio. Entretanto, este ano, o quarto em que há uma seca severa na região, até ontem a quantidade focos registrada já era superior à de 2021.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1º de janeiro até a tarde de segunda-feira, a região pantaneira do Estado (composta pelos municípios de Corumbá, Porto Murtinho, Ladário, Aquidauana, Miranda e Anastácio) registrou 739 focos de incêndio.
O número é 14,5% superior ao registrado no mesmo período de 2021, quando havia 645 focos nessas cidades.
O município que concentra o maior número de queimadas é Corumbá. Este ano, até a tarde de ontem, o órgão nacional contabilizava 476 queimadas no local. No ano passado, de janeiro a julho, foram 405 focos identificados.
Por causa desse aumento, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul intensificou, na semana passada, as atividades da Operação Pantanal 2022, que tem como objetivo combater os focos de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense.
A operação começou há 42 dias e teve uma pausa durante poucos dias em que os focos se reduziram, mas desde o dia 4 foi intensificada.
Mais equipes foram enviadas para as regiões que estão registrando mais focos nos últimos dias, com atividades concentradas em Nhecolândia (Passo do Lontra) e na região do Formigueiro (Paraguai-Mirim).
Para as queimadas deste ano o Corpo de Bombeiros conta com o reforço de um Air Tractor, uma aeronave capaz de comportar mais de três mil litros de água. Na semana passada, eram duas novas guarnições de combate a incêndio florestal localizadas na região do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (Abobral), com a participação de oito militares.
Estavam disponíveis mais duas guarnições para apoio no município de Porto Murtinho, com mais nove militares.
Ao todo, cerca de 35 bombeiros militares estão envolvidos em ações na região pantaneira, muitos em locais de difícil acesso.
AUMENTO
Uma das explicações para o aumento dos focos de incêndio neste ano está relacionada à liberação, por parte do governo do Estado, das queimadas controladas no Pantanal.
No ano passado, por causa dos grandes incêndios registrados em 2020, o governo não permitiu a prática durante todo o ano.
Outro fator é a seca prolongada, que neste ano completa quatro anos. A redução das chuvas na região tem afetado o período de cheias e deixado a vegetação ainda mais seca, o que favorece a ocorrência de combustão espontânea.
Esta semana, por exemplo, não há previsão de chuva em Corumbá. É característica do inverno a seca. Por causa disso, o Centro de Proteção Ambiental implementou o monitoramento e a verificação de focos de calor em todo o Estado, desde janeiro deste ano.
Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) e chefe do Centro de Proteção Ambiental do CBMMS, Carlos Antônio Saldanha da Costa, em entrevista ao Correio do Estado no mês passado, esse serviço é realizado por meio de detecção de focos de calor e acesso a imagens de alta resolução, ambos gerados diariamente por meio de satélites.
“Ainda contamos com informações sobre autorizações do uso do fogo por meio do acesso ao sistema do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul [Imasul], graças às parcerias que o CBMMS vem desenvolvendo. Deste modo, ao se detectar um foco de calor, é averiguado se não se trata de uma queima autorizada. Em caso positivo, esse foco de calor é desconsiderado para efeitos de incêndio florestal. Caso o proprietário da fazenda não tenha autorização de queima controlada, ele é acionado e informado que foram detectados focos de calor na propriedade e que ele não possui autorização. Geralmente, o pior período de incêndios é agosto e setembro, porém, neste ano há mais focos”, detalhou.
Para atuar contra incêndios na região há em torno de 440 brigadistas certificados pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul e, ao longo deste ano, diferentes ações foram aplicadas para tentar prevenir que áreas de maior potencial de queima tenham vegetação alta, o que facilita o descontrole das chamas.
Não há dados sobre o número de brigadistas que estavam atuando no Pantanal até o ano passado. O Comitê do Fogo de MS apontava que, entre o ano de 2020 e o início de 2021, o bioma tinha 21 brigadas.
SAIBA
Apesar de Corumbá ter a maioria dos focos neste ano, Porto Murtinho já contabiliza 105 queimadas, Aquidauana, 93, Miranda, 45, Anastácio, 18, e Ladário, 2.
FONTE: CORREIO DO ESTADO