Após semanas com recordes diários de casos e mortes em decorrência da Covid-19, especialistas apontam que o fim da pandemia está próximo.

Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram que houve redução na taxa de letalidade no comparativo entre os meses de janeiro e fevereiro, quando a variante Ômicron predominou.

Em um recorte mais preciso, Mato Grosso do Sul contava com uma taxa de letalidade de 2,4% em 24 de janeiro deste ano. O boletim epidemiológico desta quinta-feira (24) apontava um índice de 2,1% no número de mortes. Em relação às internações, houve redução de 35,6% no número de hospitalizações nas últimas duas semanas.

Em 10 de fevereiro, havia 454 pessoas sob cuidados hospitalares. Já ontem, o Estado registrou 292 internações. Desde o início da pandemia, o vírus fez 10.269 vítimas em Mato Grosso do Sul.

Dos 16.421 casos ativos nesta quinta-feira, 152 pacientes estavam internados em leitos clínicos e 140 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Desde o dia 28 de janeiro, o boletim vinha mantendo o número de pessoas internadas acima de 300.

Para o doutor em Doenças Infecciosas Everton Lemos, a estabilização e a diminuição de casos impulsionam para o fim da pandemia. “Isso pode ser percebido pela diminuição da letalidade, que é um indicador importante da magnitude da doença”, relatou.

A média móvel dos últimos 7 dias está em 2.742 casos, representando ligeira queda em relação ao indicador da média  móvel dos últimos dias que vinha se mantendo acima de 3 mil.

Conforme Lemos, como é comum acontecer com outros vírus de grande magnitude na saúde pública, a Covid-19 também entrará em uma fase endêmica.

“Isso quer dizer que, mesmo com o fim da pandemia, podemos ter ainda impactos em hospitalizações e óbitos. A elevada cobertura vacinal no Estado poderá contribuir para a redução do impacto da doença”, reiterou o especialista.

Até ontem, 74,92% dos sul-mato-grossenses estavam  com as duas doses ou a vacina de dose única, cerca de 1,8 milhão de pessoas.

Em entrevista ao jornal O Globo, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Julio Croda, explicou que, à medida que a vacinação avança, a tendência é reduzir a letalidade.

“Foi assim com a influenza H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1%”, pontuou.

MEDIDAS RESTRITIVAS

O infectologista Julio Croda esclareceu que a mudança de pandemia para endemia não significa que não haverá impacto do coronavírus em termos de hospitalização de óbito. E, sim, que medidas restritivas poderão ser reduzidas.

“Significa um menor impacto, a ponto de não serem necessárias medidas restritivas e, eventualmente, [pode haver]até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual”.

Lemos acredita que o pior da pandemia já passou. “Hoje, a maioria das pessoas já entrou em contato com o vírus, bem como está imunizada ou parcialmente imunizada. Isso contribui para a redução do impacto de gravidade da doença no Estado”, salientou.

Croda ressaltou que cada local terá um tempo diferente de flexibilização. No Brasil, é possível que ainda neste semestre a situação se torne “mais favorável”, contribuindo para o fim do estado de emergência pública.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO