O pagamento do 13º salário do setor formal de trabalho trará um incremento de R$ 3.185.651.027 à economia de Mato Grosso do Sul neste ano. O valor considera os assalariados dos setores público e privado e, ainda, os aposentados e pensionistas. Os economistas ouvidos pelo Correio do Estado apontam que a gratificação natalina movimenta a economia com compras e pagamentos de contas e impostos.

O montante representa alta de 7,63% na comparação com 2021 – um acréscimo de R$ 225.793.33,01. Em relação à quantidade de pessoas que recebem o benefício, também houve crescimento: em 2022, são 1.080.316 pessoas, o que representa um crescimento em 2,34% da participação de trabalhadores – o equivalente a 24.714 pessoas a mais.

De acordo com o doutor em Economia Michel Constantino, o número de pessoas a mais que recebem o benefício neste ano é reflexo da recuperação econômica de Mato Grosso do Sul e da ampliação do número de trabalhadores no mercado formal.

“O desemprego caiu de forma muito positiva, o mercado com carteira assinada se recuperou e, agora, teremos mais resultados positivos. A recuperação econômica se deu desde o início do ano. Mato Grosso do Sul e o Brasil bateram recorde de abertura de empresas, e o reflexo é mais emprego formal e mais dinheiro com o consumidor”, avalia.

Conforme dados do Ministério da Economia, de janeiro a setembro, foram 283.623 mil admissões e 240.401 demissões no mercado formal de Mato Grosso do Sul, resultando em saldo positivo de 43.222 empregos com carteira assinada.

O economista Marcio Coutinho também aponta que a economia em ascensão faz com que mais pessoas sejam contratadas. “Esse aumento de 7,63% em relação ao ano passado vem do aumento da quantidade de pessoas que estão trabalhando. É uma retomada da economia, quer queira, quer não. Retomar a economia gera renda, que vai gerar décimo terceiro. Não tem muito mistério”, analisa.

Entre os assalariados dos setores público e privado, observou-se acréscimo de 19.484 trabalhadores ao longo de um ano, apesar da considerável diminuição de 4.732 postos de trabalho no grupo dos empregados domésticos com carteira assinada (2,4% do total de beneficiados). O rendimento médio desses dois grupos somados foi de R$ 3.041,83.

No caso dos aposentados e pensionistas, só foi possível estimar o recebimento dos beneficiários do INSS, que neste cálculo representam 30% do contingente de pessoas que terão acesso ao 13º este ano. Vale ressaltar que esses beneficiários já receberam a gratificação natalina antecipadamente.

ECONOMIA

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, o comércio está animado com o início da Copa do Mundo e a chegada das festas de fim de ano. O pagamento do salário extra aumenta o otimismo.

“Esse período de fim de ano representa um cenário importante para a economia. Com o 13º, bonificações e, consequentemente, aumento do consumo, o mercado produz mais, contrata mais e há um clima positivo de melhoria do bem-estar”, comenta Constantino.

O mestre em Economia Eugênio Pavão afirma que o último trimestre como um todo traz otimismo para os setores da economia. “Para o Natal deste ano, a expectativa é de aumento nas vendas, significando demanda por mão de obra temporária e contratação de grande número de funcionários. A expectativa do comércio é de crescimento das vendas em relação aos anos anteriores, com a recuperação da renda, alta do emprego formal e oferta maior para os consumidores”.

Ainda segundo o economista, há uma preocupação em destinar parte da remuneração para impostos. “A principal dúvida é o período pós-Ano-Novo, com despesas com IPTU, IPVA, materiais escolares e matrícula, que podem afetar negativamente o consumo para o último trimestre deste ano”, conclui Pavão.

Coutinho analisa que falta planejamento financeiro para a maioria da população. “Normalmente, elas [as pessoas] anotam o que gastaram e simplesmente isso, não fazem um planejamento para o futuro. Consequentemente, muitas pessoas vão usar o 13º para cobrir algum furo de caixa. Então, em função dessa possível necessidade de pagar dívidas, talvez o comércio não absorva todo essa grana que vai entrar na economia”.

“Uma parte vai para o comércio, com certeza, as pessoas vão consumir, outra, não: vai para compromissos, como quitar algumas dívidas e tentar voltar ao equilíbrio financeiro do seu orçamento de caixa”, explica o economista.

Ainda de acordo com os especialistas, o certo é renegociar dívidas, caso houver. Já em casos em que o trabalhador não tem dívidas, a dica é investir em algum produto que tenha rentabilidade diária, como o Tesouro Direto, por exemplo.

Saiba

Tem direito ao 13º: aposentados, pensionistas e quem trabalhou com carteira assinada por pelo menos 15 dias. Trabalhadores em licença-maternidade e afastados por doença ou por acidente também recebem o benefício. No caso de ser pago em apenas em uma parcela, o pagamento deve ser feito até o dia 30 de novembro. A primeira parcela deve ser paga entre 1º de fevereiro e 30 de novembro. A segunda parcela deve ser paga até o dia 20 de dezembro do mesmo ano.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO