Com 21,6 mil alunos de graduação, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) decidiu não adotar o passaporte vacinal, que comprova a proteção contra as formas graves da Covid-19.
Dados do Vacinômetro da instituição apontam que 913 estudantes informaram não terem recebido nenhuma dose de vacina contra a doença, cerca de 14,09% do total que preencheu o questionário, por volta de 6.480 alunos.
Aproximadamente 5,5 mil alunos informaram terem recebido a primeira dose contra a doença (85,82%). Vacinados com o imunizante de dose única ou com a dose de reforço representam 67,5%, cerca de 4,3 mil alunos.
De acordo com o calendário acadêmico, o retorno das aulas na UFMS está marcado para o dia 7 de março, de forma 100% presencial, com uso obrigatório de máscara e álcool para higienização.
Em reunião na quinta-feira (10), a instituição decidiu apenas pela obrigatoriedade do preenchimento do Vacinômetro.
“Somos contrários a penalidades e à proibição de acesso, e por isso o Vacinômetro UFMS é mandatório no mapeamento da nossa comunidade, em um processo de conscientização e educação”, afirmou o reitor da UFMS, Marcelo Turine.
A exigência do preenchimento do Vacinômetro foi apoiada pelas professoras Maria Elizabeth Ayalla e Mariuza Guimarães e pelos técnicos Nivalci de Oliveira e Waldevino Basílio, representantes da Associação dos Docentes da UFMS (Adufms) e Sindicato dos Trabalhadores em Educação Fundação UFMS e IFMS (Sista).
O preenchimento do Vacinômetro será obrigatório inclusive para acesso aos sistemas da Universidade.
Conforme o procurador jurídico da UFMS, Felipe Augusto de Oliveira, a administração da universidade já realizou todas as medidas cabíveis dentro de sua competência legal referente ao enfrentamento à Covid-19.
“O reitor não tem autonomia para instituir o passaporte vacinal, mas ele está respaldado juridicamente para fazer tudo o que está fazendo”, disse o procurador.
Além do Vacinômetro, a UFMS vai oferecer a vacinação de todas as doses contra o coronavírus na Clínica Escola em duas semanas de março, a partir de parceria com a Prefeitura de Campo Grande e o governo do Estado.
OUTRO LADO
Para a estudante Ana Laura Menegat, 21 anos, faltou um melhor posicionamento da instituição com aqueles que se recusam a receber a imunização contra a Covid-19.
“Estimular o passaporte de vacinação é defender a ciência. Eu não me sinto segura em voltar para a UFMS, para o restaurante universitário, a biblioteca e demais espaços coletivos sabendo que muitos colegas não estão vacinados”, relatou.
Segundo Menegat, uma universidade que diz tanto prezar pela ciência, pela saúde e pela vida como a UFMS precisa definir um enfrentamento à doença no retorno presencial de forma mais adequada.
“Que ciência é essa e que vidas são essas que ela está defendendo? Porque a universidade deveria entender que a vacinação é algo fundamental para a saúde coletiva”, pontuou a estudante.
De acordo com o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, por se tratar de um ambiente com jovens adultos, em sua maioria já maiores de 18 anos, o passaporte vacinal deveria ser adotado na UFMS.
O mesmo posicionamento é defendido pela infectologista Ana Lúcia Lyrio, que alerta que as campanhas antivacinas estão impactando nos índices de imunização contra a doença.
A decisão da UFMS vai na contramão das medidas adotadas pelas demais universidades públicas do Estado. Para o acadêmico Gabriel Gill, 20 anos, a não obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 é extremamente preocupante.
“Não vamos usar máscara no restaurante universitário, que é um ambiente fechado, e que será inclusive frequentado por quem não se vacinou. Há cartazes na UFMS informando que ‘é a ciência a favor da vida’, mas não fazem o básico, que é exigir o comprovante de imunização”, salientou.
Das 5 universidades federais do Centro-Oeste, apenas a UFMS e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não vão exigir o passaporte de vacinação.
A medida será obrigatória para a permanência dos estudantes, docentes e demais funcionários na Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
OBRIGATORIEDADE
Com o retorno das aulas programado para terça-feira (15), os alunos que não estiverem vacinados contra o vírus na UFGD terão a matrícula trancada. Na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), o comprovante de vacinação também é obrigatório para permanência na instituição.
Sem vacina, sem matrícula
Na UFGD, dos 7.269 estudantes matriculados, 1.557 ainda não responderam se tomaram vacina contra a Covid-19. Até o momento, o porcentual de vacinados não foi divulgado pela UEMS.
FONTE: CORREIO DO ESTADO