Em Mato Grosso do Sul, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que a maior incidência será o câncer de mama e próstata até o final de 2023. Até 2025, o Brasil terá 704 mil novos casos de cânceres a cada ano.

Segundo os dados divulgados nesta quarta-feira (23), que realiza uma estimativa trienal, o Estado deve ter 910 casos novos de câncer de mama até o fim de 2023 e 1.230 novos casos de câncer de próstata. Outros tipos aparecem na estimativa, como, câncer de cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, estômago, colo do útero, glândula tireóide, cavidade oral e leucemias.

Segundo a estimativa pode surgir mais de 2 milhões de novos diagnósticos da doença no país. No levantamento recém-divulgado, o câncer com maior prevalência é o de pele não melanoma, totalizando cerca de 31% do total esperado para os próximos três anos.

De certa forma, isso já era esperado: é comum o paciente ser diagnosticado com esse tumor de forma simultânea a outro.

Cancela diz que esse tipo tende a ter uma taxa de letalidade mais baixa. Por isso, em algumas partes da análise do Inca, o tumor é separado dos outros. “Em termos de planejamento para saúde pública, é interessante fazer essa separação, porque eles são uma categoria em que, geralmente, o tratamento é menos complexo”, afirma Marianna Cancela, pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do Inca.

O estudo também examinou as diferenças de incidência das doenças cancerígenas entre homens e mulheres. Desconsiderando o câncer de pele não melanoma, o mais comum nos próximos três anos para eles é o de próstata. Para as mulheres, a posição é ocupada pelo tumor de mama.

No caso do estudo mais recente, dois tipos de tumores foram adicionados na análise: o câncer de pâncreas e de fígado. Em Mato Grosso do Sul ocupam respectivamente a 14ª e a 15ª posição para 2023.

Além desses dois tipos de tumores, outros 19 compuseram a estimativa. A metodologia do estudo consiste em examinar dados de casos e mortalidade por cânceres disponibilizados em bancos de dados públicos para predizer o cenário dos próximos anos.

Em seguida, o câncer colorretal aparece como o segundo colocado para homens e mulheres. O tumor ultrapassou o de pulmão e de colo de útero, dois que historicamente eram mais prevalentes para eles e para elas, respectivamente.

Cancela afirma que uma das razões para o câncer de colo de útero cair para a terceira posição entre as mulheres foi o impacto positivo da disseminação de exames preventivos, como o papanicolau. Em relação ao câncer de pulmão, a queda na prevalência masculina está relacionada com políticas antitabagistas que dificultam os hábitos de fumantes no país.

Esse ponto se relaciona com o fato de que a adoção de hábitos não saudáveis, como sedentarismo e má alimentação, por uma parcela significativa da população, leva os riscos de desenvolvimento de doenças cancerígenas.

Por isso, Cancela diz que é importante “trabalhar mais com os fatores de risco para diminuir a incidência”.

Nível mundial

Mesmo com o aumento dos casos de cânceres, o Brasil ainda figura abaixo da média global. Ao realizar uma análise da incidência ajustada, que consiste em comparar todos os países como se tivessem a mesma distribuição de habitantes por faixa etária, foi observado que a prevalência no Brasil está em cerca de 20 diagnósticos a menos comparado a média global a cada 100 mil habitantes.

Para Cancela, a grande vantagem das estimativas realizadas pelo Inca é indicar o aumento dos diagnósticos da doença para uma maior preparação do ecossistema de saúde brasileira. “Nós projetamos esses números para que o sistema [SUS] possa se adaptar ao que pode esperar”, conclui.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO