Campo Grande é a segunda, entre 16 capitais do País, a registrar maior valorização no preço de imóveis residenciais. Com alta de 1,49% no mês de junho, apontamento foi feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) por meio do índice FipeZAP+, que monitora um total de 50 cidades brasileiras.
Utilizando o mês passado como referência, Campo Grande ficou atrás somente de Maceió, que registrou valorização de 1,60% nos preços de imóveis residenciais.
Ao considerar o acumulado do ano (janeiro a junho), o porcentual de valorização sobe para 6,77%, o terceiro maior entre os municípios acompanhados pelo índice.
Vale ainda destacar que, apesar de vir de uma variação negativa no mês de maio, momento em que foi identificado desvalorização de 0,59% para casas e apartamentos na Capital, em 12 meses, houve elevação de 14,78% nos valores.
A vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Simone Leal, atribui a valorização nos preços de residências à retomada do crédito e à tentativa de recuperação econômica da população nos primeiros meses do ano.
“A crescente procura motivada pelas ações que permitem limpar o nome e a possibilidade de adquirir a casa própria. Isso porque o valor gasto em aluguel é possível pagar em prestações”, aponta.
Para a representante do Creci-MS, a retomada do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e o aumento das faixas de financiamento são um indicativo de que o setor imobiliário ficará ainda mais aquecido.
Ao avaliar a presente conjuntura, o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Geraldo Paiva, ressalta que, nos dois últimos anos, Campo Grande obteve recuperação total do valor dos imóveis, que haviam se desvalorizado durante a pandemia de Covid-19.
“Durante a pandemia, proprietários de imóveis fizeram concessões tanto no preço de venda como no de locação dos seus imóveis, buscando inseri-los em um mercado desconfiado”, pontua.
Ele conclui que a expectativa do mercado é das melhores. “A redução nos reajustes da mão de obra e, principalmente, nos juros deve incrementar mais ainda o mercado imobiliário e atividades parceiras muito em breve”.
VENDAS
Para profissionais que atuam no segmento, em Campo Grande o panorama é diferente quando o assunto é a venda de casas e apartamentos com a finalidade de moradia. Apesar da valorização dos preços dos imóveis, a comercialização não tem sido tão elevada.
Digiany Godoy, corretora no escritório Itamar Godoy, avalia a valorização dos imóveis como positiva sob alguns aspectos, destacando que não reflete no comportamento de consumo.
“Essa valorização acompanhada da alta de juros não faz bem para o mercado de consumo desses imóveis residenciais”.
Ela ainda explica que atualmente o mercado conta com uma grande oferta de imóveis valorizados, mas ainda há consumidores inseguros e retraídos.
“Se formos avaliar o reflexo sobre a venda de imóveis, nós temos uma baixa nas vendas, principalmente para quem depende de financiamento”, finaliza.
O gestor imobiliário e perito avaliador João Araújo tem outra opinião sobre o cenário atual. Segundo ele, as vendas estão em franco crescimento, mesmo com a instabilidade econômica e política no País.
“Há um aquecimento na venda de imóveis residenciais neste ano, com muitas pessoas vindo de outros estados para morar em Mato Grosso do Sul, além de várias incorporadoras que se mobilizaram”.
VALORES
Em um ano, o valor do metro quadrado dos imóveis residenciais em Campo Grande acumulou valorização de 14,78%, deixando a cidade na terceira colocação entre as capitais que mais tiveram valorização no preço médio de venda residencial, conforme comparação entre 50 municípios brasileiros feita pelo índice FipeZAP+.
Na amostragem de preço por metro quadrado para imóveis residenciais, Campo Grande segue figurando entre as capitais com o menor valor médio de venda (R$ 5.579 por metro quadrado), seguida por João Pessoa (R$ 5.681 por m²), Salvador (R$ 5.786 m²), Manaus (R$ 6.038 por m²) e Porto Alegre (R$ 6.559 por m²).
Segundo os dados do FipeZAP+, a região campo-grandense mais valorizada é a Prosa, com preço médio de R$ 8.040 por m² em junho deste ano, variação positiva de 23,5% em 12 meses.
O menor custo por metro quadrado da cidade está na região Imbirussu, com custo de R$ 3.099 por metro quadrado.
A presidente do Sindicato de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis-MS), Luciana de Almeida, aponta alguns fatores que contribuíram para a valorização das moradias: “O otimismo em relação ao mercado imobiliário em 2023 também está relacionado a um cenário mais estável em comparação ao início de 2022”.
FONTE: CORREIO DO ESTADO