Com a insistência dos manifestantes bolsonaristas em fechar rodovias, desde o resultado obtido nas urnas neste domingo (30), dia em que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da república, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta para o iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis.
Desse modo, é solicitado que as rodovias sejam rapidamente desbloqueadas.
Segundo a confederação, as indústrias já sentem impactos no escoamento da produção e relatam casos de impossibilidade do deslocamento de trabalhadores.
As paralisações também já atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas para as atividades industriais.
Segundo o economista Márcio Coutinho, tal desdobramento é de uma classe que mostra desconforto com a decisão das urnas e não aprovam o resultado nacional. Por outro lado, ele comenta que não dá para dar as costas para a repercussão econômica dessa atitude.
“Nós temos que prestar atenção que nossa produção no Brasil é transportada basicamente através de caminhões. Se por um acaso o negócio parar, vai faltar produto e aí tudo começa a ficar mais complicado”, argumenta.
Ele finaliza dizendo que essa paralisação, se escalonada, poderia trazer mais desequilíbrio nas cadeias de fornecimento e suprimento, o que seria mais inflação no futuro.
“Faltando o produto, o preço sobe. Se o preço sobe, quem paga a conta? O consumidor, nós. Tudo isso em função de uma insatisfação de uma classe que não concorda com o resultado das eleições”, finaliza.
Importância das rodovias
Dados da CNI mostram, ainda, que 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção.
Logo, o setor industrial deixa claro se posicionar contrariamente a qualquer movimento que comprometa a livre circulação de trabalhadores e o transporte de cargas, e que provoque prejuízos diretos no processo produtivo e na vida dos cidadãos – os mais impactados com essa situação.
“O direito constitucional de ir e vir dos brasileiros precisa ser respeitado. A CNI é veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população”, informou.
Como forma de contribuir para o país, a CNI mantém permanente contato com representações setoriais e estaduais, a fim de monitorar os impactos dos bloqueios sobre as atividades produtivas do país.
A confederação mantém, inclusive, a interlocução direta com as instituições competentes visando à célere liberação de rodovias federais e estaduais, com a observância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Rodovias
Até a manhã desta quarta-feira (02), pelo menos em Mato Grosso do Sul, o dia tem sido marcado pela desobstrução das rodovias estaduais e federais ante as manifestações bolsonaristas realizadas nos últimos dias.
Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (Sejusp), hoje, não há pontos de bloqueios nas rodovias estaduais, existem somente pontos de manifestações, porém o trânsito de veículos e caminhões continua fluindo.
Além disso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atua no Estado informa ter autuado que e continuará autuando veículos que causem interrupções da rodovia.
Um levantamento divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) logo no início da manhã desta quarta-feira (2) aponta que 563 manifestações em estradas federais espalhadas pelo país já haviam sido desfeitas.
Até o momento, 17 estados ainda registram bloqueios em rodovias. Com 37 bloqueios, Santa Catarina, seguida por Mato Grosso, com 30, e Pará, com 17, são os estados com mais interdições.
FONTE: CORREIO DO ESTADO