Depois de aproximadamente sete meses de ensino remoto, alunos de escolas particulares retornaram à sala de aula nesta segunda-feira (19). Medida aprovada pelos estudantes, que relataram sentir ansiedade, angústia e tristeza no período de estudos em casa.

A pressão do período de vestibular, aliado ao isolamento social influenciou no aprendizado dos estudantes, como relatou o aluno do Colégio Adventista, Gabriel Willye Borges, 16 anos, “teve uma época que eu cheguei a me mudar para a casa da minha avó porque não tava conseguindo me concentrar em casa. Cheguei a engordar porque estava muito ansioso, era muita tarefa”.

Ele contou que o que mais sentiu falta foi do ambiente escolar. Para Gabriel, as paredes brancas, a lousa e as carteiras influenciam no aprendizado. “Aqui não tem louça para lavar, um cachorro, uma irmã, internet travando, notificação do jogo. É um ambiente que dá para focar no assunto, que não te distrai”, explicou.

O estudante prestará vestibular este ano e disse que se sentiu muito prejudicado com o ensino remoto.

“Achei horrível, não conseguia acompanhar todas as matérias, vídeos, esse ano eu não entendi praticamente nada depois de março. Os conteúdos novos eu não peguei, só consegui aprender o que estamos revisando. Mas o que fiquei inconformado é que a gente tinha que estudar de casa, fazendo prova on-line, sendo que a gente vai fazer um vestibular presencial, então atrapalha muito”, acentuou.

Outra aluna, Deborah Matos de Oliveira, 17, relatou sentir uma tensão maior fora da sala de aula e mesmo com os professores disponíveis para tirar as dúvidas, o tempo de resposta era maior que seria dentro de uma sala de aula.

“As vezes eu perguntava de tarde e a professora só ia responder a noite, ou no dia seguinte, mesmo assim sempre respondiam. Vou fazer vestibular esse ano e acho que esse período à distância deu uma atrapalhada sim. Na escola a gente tiraria mais dúvidas, o aprendizado ia ser mais profundo”, disse.

A aluna afirmou que sua parte preferida foi rever os amigos. “No início foi bem difícil para mim. Eu ficava triste, quase toda semana eu chorava, porque eu gosto da escola e também foi algo muito de repente, a gente não estava preparado”, completou.

Emanuel Valmor, 17, concordou com Deborah e disse que o que mais gostou nesta manhã foi rever os amigos no ambiente escolar. “E também na aula à distância tem várias distrações, você não se concentra tanto igual é na escola, isso é uma diferença grande”, apontou.

Todas as instituições de ensino que reabriram nesta manhã precisaram criar um plano de biossegurança. A capacidade de cada sala de aula é de 30%, uso de máscara é obrigatório, temperaturas são aferidas na entrada, álcool em gel junto com placas de aviso foram afixados e saída dos alunos são escalonadas.

“As medidas de biossegurança são boas, mas é claro que a gente preferia que não tivesse mais pandemia”, declarou Deborah.

Realidade distante dos alunos das escolas municipais e estaduais do Estado, que só retomarão as atividades presenciais no ano que vem.

Fonte: Correio do Estado