Nos três cemitérios municipais, as depredações nos túmulos se tornaram rotina nos últimos anos em Campo Grande.

A dois dias do feriado de Finados, no dia 2 de novembro, foi possível notar que os furtos de placas de bronze nos jazigos dividem espaço com a falta de manutenção na estrutura e a ausência de marcação nas quadras e lotes.

No Cemitério Municipal Santo Antônio, fundado em 1914 – o mais antigo da Capital –, o caminho até os túmulos é cercado por acúmulo de lixo, vidros quebrados e restos das estruturas de metais que foram furtadas dos jazigos, arrancadas para serem vendidas no mercado clandestino.

Tereza Matias da Silva, 74 anos, faz manutenção nos túmulos do Cemitério Santo Antônio há pelo menos quatro décadas. Ao Correio do Estado, ela relatou que é cada vez mais difícil lidar com as depredações e trabalhar em um ambiente perigoso.

“Aqui [no cemitério] deveria ser um local de respeito com o próximo. As famílias colocam cadeados nos jazigos, repõem as placas de identificação, e os vândalos continuam furtando tudo, cada vez em uma velocidade maior. Quando venho limpar os túmulos, sempre estou acompanhada de alguém, porque não sinto mais segurança em trabalhar aqui”, salientou.

Conforme o administrador dos cemitérios municipais, Marcelo Barbosa, os casos de furtos aumentaram consideravelmente nos últimos anos de pandemia de Covid-19. Ao Correio do Estado, Barbosa explicou que, em relação aos túmulos, a responsabilidade de manutenção é das famílias.

“O túmulo em si é de propriedade e responsabilidade da família. Mas a segurança no cemitério quem deve cuidar é a Guarda Municipal, por meio da Prefeitura de Campo Grande. De três meses para cá, desde que a Guarda montou um posto no Cemitério Santo Antônio, não tivemos registro de mais nenhum furto. Antes era uma situação quase diária, e não somente no Cemitério Santo Antônio”, reiterou.

Segundo Barbosa, nos demais cemitérios municipais, São Sebastião (conhecido como Cruzeiro) e Santo Amaro, a Guarda Municipal cuida da segurança por meio de rondas.

“No cemitério do Cruzeiro o índice de furtos é quase nulo, os crimes são mais focados no Santo Antônio. Os casos de depredação aumentaram muito durante a pandemia, acredito que até mesmo em função da crise econômica que a população atravessou nos últimos anos”, disse o administrador.

CAPACIDADE

Com o aumento da demanda de enterros nos últimos anos na Capital, a abertura de covas nos cemitérios públicos depende da retomada de lotes não adquiridos pelas famílias de pessoas que foram sepultadas nos locais.

O administrador dos cemitérios municipais explicou que os familiares possuem cinco anos para comprarem o espaço.

“Durante a pandemia, começamos a ampliar as vagas nos cemitérios municipais pela modalidade de editais. Se as famílias não comprarem a área, ela volta para a prefeitura usar em procedimentos de enterros sociais”, afirmou Marcelo Barbosa.

Segundo o administrador, os enterros sociais são destinados a qualquer família que esteja em vulnerabilidade social. Para solicitar o serviço, os interessados devem acionar a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS).

NOVA ÁREA

Conforme Marcelo Barbosa, já existe a necessidade de ampliação de lotes nos cemitérios municipais de Campo Grande.

Para o gestor, a construção de uma quarta unidade na Capital pode sair do papel nos próximos anos.

“Eu acredito que a partir do início do ano que vem teremos alguma novidade sobre a expansão de uma nova área para os enterros. Estudos já foram feitos neste sentido, mas depende da prefeita [Adriane Lopes]”, disse o administrador.

Com 34 mil sepulturas no Cruzeiro e 45 mil no Santo Amaro, todos os três cemitérios municipais já estão saturados, com baixa capacidade para os enterros.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO