Um levantamento de preços feito pelo Correio do Estado em um hipermercado da Capital constatou que o ovo de Páscoa industrializado custa, em média, até 5x mais caro do que a barra de chocolate da mesma marca, sabor, peso e qualidade.
O valor do ovo Alpino de 185g é R$43,59, enquanto a barra de chocolate, da mesma marca, qualidade e sabor de 90g custa R$3,60. Se o consumidor levar duas barras de chocolate, que equivale a quase o mesmo peso do ovo, ele ainda paga cerca de 5x menos.
O ovo Diamante Negro de 176g custa R$35,90, enquanto a barra de chocolate de 90g, R$4,30. Na prática, o consumidor, caso opte por comprar duas barras, leva 4g a mais e ainda paga mais barato.
Já ovo Lacta ao leite de 560g custa R$71,89, enquanto o preço da barra de chocolate de 90g, também da mesma marca, sabor e qualidade é de R$4,29. Daria para comprar seis barras de chocolate, que daria quase o mesmo peso do ovo e ainda economizaria R$46,15.
O ovo Kit Kat de 227g custa R$36,69. Já o preço da barra de 41,5g é de R$2,19. Seis barras, que excedem o peso do ovo, custam 65% a menos. Isso significa que o consumidor leva mais chocolate por menor preço, caso opte por adquirir as barras.
A grande variação do valor dos produtos se deve à cadeia logística de cada um. Ovos e barras de chocolate podem ter o mesmo gosto, qualidade, peso e marca, mas não a mesma logística.
As embalagens dos ovos de páscoa industrializados são mais aprimoradas e embaladas por pessoas, e não máquinas. Para seu transporte, cada caminhão é menos carregado do que sua capacidade de carga, por conta da delicadeza do produto.
Além disso, sempre há uma surpresa dentro do ovo, seja brinquedo ou bombom. Em seu armazenamento, é preciso níveis de temperatura e umidade especiais e controladas, o que contribui para que ele seja mais caro.
A alta demanda por chocolates nesta época do ano também eleva a quantidade de máquinas para trabalhar. A não bastar todos esses motivos que contribuem para o encarecimento do produto, o dólar alto também favorece esse cenário.
O analista contábil, Danyel Thomas Batista, se sente confiável em comprar ovos industrializados pelo fato de já conhecer a marca de sua preferência.
Propagandas auxiliam o mercado de ovos de Páscoa a prosperarem. A sócio proprietária de um salão de festas, Elisangela Bacani Chrominski, conta que se sente atraída por essa estratégia de marketing em cima dos produtos.
Já a estudante Isabela Delai, prefere ovos industrializados por conta da simplicidade que trazem. “Se vejo uma propaganda legal e sei que é boa, vou comprar. Fico com medo de comprar ovos artesanais e o chocolate não ser de boa qualidade”, comenta.
Ovos caseiros
O ovo artesanal é uma outra opção para os chocólatras os saborearem na Páscoa. Enquanto o ovo industrializado é feito por máquinas, o caseiro é produzido por pessoas. Há quem goste de um produto mais personalizado, de acordo com as exigências do cliente.
Servidor público, Victor Lucas Moraes Honório da Silva, prefere o ovo caseiro ao invés do industrializado. “Geralmente o ovo artesanal tem mais recheio e é mais bem feito”, opina.
Empreendedoras se aventuram na cozinha para produzir ovos de páscoa caseiros. A atendente de restaurante, Sarah Araújo Vieira, faz ovos de Páscoa para conseguir uma renda extra. “Apesar de ter bastante concorrência, sei que cada um está tentando dar o seu melhor em vista do cenário atual”, afirma.
Estudante de gastronomia, Larissa Serpa Tosta, revela tirar ótimo lucro com a venda dos ovos. “Para me diferenciar dos ovos industrializados, sempre estou disposta à oferecer um produto mais artesanal possível para meus clientes, com maior número de técnicas para boa execução”.
Acadêmica de Engenharia Civil, Nicoly Queiroz de Souza, é apaixonada pela doçura da Páscoa desde criança. “De início foi apenas para consumo próprio, para presentear os familiares. No próximo ano vendi aos parentes e amigos próximos e foi crescendo, se tornando uma renda interessante nessa época do ano”, conta.
Engenheira ambiental, Lorena Paiva, trabalha com ovos há cinco anos e afirma que para obter sucesso, ovos artesanais devem ter toque de amor, carinho e muita dedicação. “Fico muito contente em poder fazer parte desses momentos especiais de comunhão na vida das pessoas. Me sinto um pouquinho presente, em forma de chocolate”.
“Aprendi fazer ovos na prática e com vídeos na internet. Nunca fiz curso. O doce artesanal tem um gostinho especial”, declara a estudante de Administração, Nathália dos Santos Castilho.
Saúde
Ao Correio do Estado, a nutricionista Jéssica de Melo Orelli, diz que produtos feitos e vendidos de forma caseira não precisam de selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Porém, necessita de um rótulo nutricional.
De acordo com a profissional, o chocolate mais indicado para consumo, do ponto de vista nutricional, é o amargo. “Ele possui benefícios para nossa saúde, pois contém flavonóide (antioxidante e anti-inflamatório) e costumam saciar a vontade de comer doce mais rápido”, explica.
Para saber qual ovo de Páscoa é mais saudável, deve-se verificar a lista de ingredientes. “Na lista de ingredientes os itens que vêm primeiro são os que estão presentes em maior quantidade. Se o açúcar aparecer logo no início, é um sinal de alerta para o seu excesso”, exemplifica.
Ela também recomenda atenção ao prazo de validade dos produtos e à presença de aromatizantes, corantes, emulsificantes e conservantes. “Não se sabe o efeito em longo prazo dessas substâncias sobre a saúde”, ressalta.
Por último, ela aconselha conhecer a procedência dos ovos de Páscoa caseiros, como sua fabricação, armazenamento e modo de preparo.
Orientação
O superintendente do Procon-MS, Marcelo Salomão, orienta que é fundamental que o consumidor pesquise antes de comprar ovos de Páscoa para que não se sinta lesado. “Se o consumidor pesquisar, ele terá uma economia considerável”.
Ele ainda aconselha que pesquisar o preço é importante, mas não deve servir como tomada de decisão na compra de um produto. “O consumidor deve observar se está dentro do prazo de validade, se os ovos não estão quebrados e se está guardado na temperatura ideal”.
Por fim, afirma que todos os ovos, sejam eles artesanais ou industrializados, devem conter informações obrigatórias: data de fabricação, prazo de validade, informações inerentes o produto, entre outros. “A informação é um dos princípios basilares no Código de Defesa do Consumidor”, reitera.
Fonte: Correio do Estado