O índice do trabalho escravo em Mato Grosso do Sul teve alta de 46% no ano passado, se comparado a 2019.

Dados fornecidos pelo Ministério Público do Trabalho do Estado (MPT-MS) apontam que, nas investigações feitas, 63 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão.

Em 2019, quando a taxa era menor, o registro foi de 43 trabalhadores em condições degradantes.

Todos os trabalhadores identificados prestavam serviços na zona rural de Mato Grosso do Sul.

Em uma das operações realizadas, em junho de 2020, fiscais encontraram 24 trabalhadores indígenas da etnia Guarani Kaiowá numa fazenda localizada no município de Itaquiraí (MS).

Um empreiteiro da propriedade havia aliciado os nativos para a colheira de mandioca.

Os outros flagrantes envolveram o trabalho escravo na criação de bovinos e cultivo de soja, e ocorreram em propriedades rurais dos municípios de Corumbá, Nioaque e Porto Murtinho.

As operações foram realizadas por auditores-fiscais da Superintendência Regional do Trabalho, Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar Ambiental e Ministério Público Estadual.

Ao todo, no ano passado, o MPT-MS oficializou 5 Termos de Ajuste de Conduta (TACs), com empregadores que se comprometeram a ajustar condutas irregulares relacionadas ao trabalho análogo ao escravo, ajuizou 8 Ações Civis Públicas (ACPs) e emitiu 182 notificações, ofícios e requisições e 348 despachos relacionados ao tema em todo o estado.

Balanço

Em todo o país, atualmente há 1,7 mil processos sob investigação pelo Ministério Público do Trabalho, sendo que 41 deles pertencem a Mato Grosso do Sul. Os aliciamentos tem relação com trabalho análogo à escravidão ou como tráfico de pessoas para a irregularidade.

Na escravidão moderna não utiliza de correntes ou algemas, mas da dependência psicológica e financeira, ligada à condições de trabalho tão hostis que roubam a dignidade do trabalhador.

Um levantamento do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, mostrou que em Mato Grosso do Sul, entre 2003 e 2018, mais de 2,6 mil pessoas foram resgatadas em condições degradantes, o que corresponde a uma média de 167 vítimas por ano.

O perfil dos casos também comprova que o analfabetismo ou a baixa escolaridade tornam o indivíduo mais vulnerável a esse tipo de exploração, já que em torno de 60% das vítimas no estado se declararam analfabetas.

A maioria é do sexo masculino, com idade que varia entre 18 e 24 anos. Quase 90% das vítimas eram trabalhadores agropecuários.

Fonte: Correio do Estado