Dica da Semana: “Desalma”

Novo drama da Globoplay conta com elenco de peso para mergulhar no sobrenatural

O Brasil abriga a maior comunidade de ucranianos da América Latina, em especial no Sudeste do país, onde a política de “embranquecimento nacional” do Estado Novo privilegiou a imigração de europeus. E é nesse contexto que se passa “Desalma”, o drama sobrenatural da Globoplay que, apesar dos dois adiamentos, estreiou na plataforma em outubro desse ano. Desenvolvida pelos Estúdios Globo, a série foi idealizada e escrita por Ana Paula Maia. Além disso, conta com direção artística de Carlos Manga Jr e direção de João Paulo Jabur e Pablo Müller, que foram extremamente elogiados pela fotografia e trilha sonora.

A história se passa numa pequena cidade no interior de Santa Catarina, a fictícia colônia ucraniana Brígida, onde a cultura pagã e eslava são muito fortes. Além do próprio ar sombrio que rodeia a cidade, seus habitantes foram marcados para sempre após o assassinato de Halyna (Anna Melo), filha da bruxa Haia Lachovicz (Cassia Kis). A tragédia que ocorreu em 1988 marcou a suspensão por 30 anos das festas de Ivana-Kupala, rito tradicional da cultura eslava ligado a fertidade das terras. Apesar de aparentemente desvendado, com a prisão de Aleksey Skavronski (Nicolas Vargas), muitas questões sobre o crime ainda permanecem em aberto, em especial devido a morte de Aleksey dois dias após ser solto.

Em meio a esse universo encontra-se Giovana Skavronski (Maria Ribeiro), uma paulista que se muda com as duas filhas para Brígida para se reconectar com a família do marido, Roman Skavronski (Nikolas Antunes), que acabara de se suicidar. Para tal, Giovana vai contar com o apoio de Ignes Skavronski Burko (Cláudia Abreu), prima de Roman e irmã de Aleksey, que nunca conseguiu de fato superar os eventos daquela trágica noite. Apesar dos segredos e mentiras que rodeiam a morte de Halyna, a cidade decide retomar as comemorações de Ivana-Kupala, o que não será bem visto por Haia, que fará de tudo para que a filha tenha a vingança que merece.

Link para o trailer de “Desalma”.

Espaços ocupados

Documentário de Emicida na Netflix retrata os bastidores de seu show em 2019 no Theatro Municipal

Antes mesmo de ganhar projeção nacional com a música “Triunfo” em 2009, as constantes vitórias do paulista Leandro Roque de Oliveira nas batalhas de rap tornaram famoso o nome Emicida, uma fusão de “MC” e “homicida”. Agora, 11 anos depois da estreia de sua primeira mixtape “Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe…” pela gravadora independente Laboratório Fantasma, Emicida é considerado um dos maiores rappers brasileiros e se uniu à Netflix para lançar “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, no dia 8 de dezembro.

O documentário tem como pano de fundo o show histórico realizado pelo rapper no Theatro Municipal de São Paulo em 2019, que inaugurou a turnê de seu novo disco “AmarElo” – que ganhou o Grammy Latino na categoria de melhor álbum – e teve os seus ingressos esgotados em 10 minutos. No entanto, assim como a própria performance, o filme utiliza a música para destacar momentos históricos importantes, especialmente para valorização da cultura e dos direitos do negro no Brasil. Assim, o projeto busca unir três episódios: a Semana de Arte Moderna em 1922, o ato de fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978 e o espetáculo de estreia de “AmarElo”.

A escolha do Theatro Municipal possui, acima de tudo, caráter simbólico. Apesar de seus palcos já terem abrigado movimentos culturais disruptivos, seu caráter elitista permanece até hoje. Nesse sentido, o documentário enaltece a importância de trazer o povo negro e a luta pela igualdade racial para esse ambiente, que teve em suas escadarias, há 42 anos, o berço do Movimento Negro Unificado (MNU).  A ideia era colocar as pessoas em contato com narrativas esquecidas pela história tradicional brasileira. Nesse mesmo esforço, a Olimpíada Nacional de História Brasileira (ONHB) divulgou interessantes verbetes sobre os “excluídos da história”, disponíveis no link www.olimpiadadehistoria.com.br/especiais/excluidos-da-historia/verbetes

Link para o trailer de “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”.

Negócio da China

Versão clive-a do clássico “Mulan” estreia no Disney Plus no dia 4 de dezembro

Por conta da pandemia de corona vírus, diversos estabelecimentos tiveram que fechar suas portas durante muitos meses, sem previsão para retorno. Alguns de fato não reabriram e um dos setores mais impactado pelas medidas de isolamento social foram os cinemas. Em meio a essa incerteza, vários filmes ficaram impossibilitados de fazerem suas estreias. Dentre eles a versão live-action do clássico “Mulan”, da Disney, ganhou bastante destaque. Com um grande orçamento e uma história já muito popular, o filme era uma grande promessa de bilheteria em 2020. Porém, depois de remarcar a aparição nos cinemas várias vezes, foi decidido que “Mulan” estrearia direto no Disney Plus no dia 4 de dezembro, um marco na história dos serviços de streaming e um sinal vermelho para os cinemas.

O filme é uma releitura da animação homônima de 1998 e conta a história de Mulan, uma jovem chinesa e filha mais velha do soldado Hua Zhou e Fa Li. Por andar a cavalo e praticar artes marciais, Mulan é considerada indisciplinada e seus pais temem que ela nunca consiga se casar. Porém, o drama familiar muda de figura quando chega a notícia de que, por ordem do imperador chinês, cada família da pequena vila onde moram deve mandar um membro do sexo masculino para servir no exército imperial durante a guerra contra invasores estrangeiros.

Como Hua Zhou possui duas filhas, não há outra alternativa além do veterano de guerra se voluntariar de novo para servir, mesmo já doente e com uma idade mais avançada. Inconformada com a situação, na madrugada antes do alistamento de Zhou, Mulan decide roubar a armadura e espada do pai e ir até o exército, onde se apresenta como um sobrinho de seu pai e diz que é o membro enviado por sua família. A versão de 2020 é mais uma releitura do que um remake do filme de 1998. Vários personagens e situações foram alterados, o que pode decepcionar os fãs da obra original. Ao mesmo tempo, o longa não poderia deixar de dialogar com tópicos como empoderamento feminino e maturidade, que ressoam com questões muito atuais.

Link para o trailer de “Mulan”.

Fonte: Correio do Estado