Alvo da Operação Omertà – Armagedom, o conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos, ficou preso por aproximadamente 20 horas, entre o meio-dia de quinta (18) e às 9h de sexta-feira (19), até ter sido favorecido por um habeas corpus assinado pelo desembargador Vladimir Abreu e Silva.
O magistrado disse que os elementos apresentados pelos promotores do Grupo de Apoio na Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em relação a Jerson Domingos não são robustos o suficiente para autorizar a manutenção da prisão. Na investigação, o Gaeco e os policiais do Garras apontam que Jerson Domingos era suspeito de levar adiante plano para executar o titular do Garras, Fábio Peró, e também promotores de Justiça.
Até o fim da tarde de sexta, outros envolvidos com a organização criminosa que atua em Campo Grande, como o delegado da Polícia Civil, Márcio Obara, continuavam presos. A sobrinha de Jamil Name, Cynthia Name Belli, foi libertada, e Fhad Jamil, acusado pelo Gaeco de chefiar o grupo de Ponta Porã, não foi encontrado pelos policiais e continuava foragido.
Foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva, dois mandados de prisão temporária e vários pedidos de busca e apreensão. Entre os alvos de prisão preventiva, alguns já estão presos, casos de Jamil Name e Jamil Name Filho, detidos desde o ano passado, na primeira fase da Operação Omertà, em setembro.
A OPERAÇÃO
Não é por acaso que os policiais responsáveis pela terceira fase da Operação Omertà, que tentou cumprir dezenas de mandados de prisão, denominaram esta etapa como Armagedom.
Ela agiu contra os laços de influência e poder que o grupo chefiado por Jamil Name e Jamil Name Filho – ambos atuando em Campo Grande – tinham com vários órgãos da administração pública e também com Fahd Jamil, de Ponta Porã, chamado de Rei da Fronteira e considerado seu parceiro para trama de execuções e movimentações de arma.
Em relação às autoridades, a operação resultou nas prisões do conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos, cunhado de Jamil Name, e do delegado de Polícia Civil Márcio Obara, ex-titular da Delegacia Especializada de Homicídios de Campo Grande, que teria efetuado várias ações para dificultar investigações envolvendo execuções em que o grupo de Name e Fahd Jamil eram suspeitos de serem os mandantes.
Foram feitas buscas no apartamento do ex-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e desembargador aposentado Joenildo de Souza Chaves, que, conforme o Grupo de Apoio Especial na Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), teria agido para obstruir as investigações.
Ao pedir os mandados de prisão preventiva, de prisão temporária e de busca e apreensão cumpridos nesta quinta-feira (18), o Gaeco dividiu a nova fase da organização criminosa em dois núcleos: o comandado por Jamil Name, em Campo Grande, e o comandado por Fahd Jamil, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
ALIANÇA
O assassinato de Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho de 2018, conforme a investigação do Gaeco e dos policiais do Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras), é o elo que expõe a aliança existente entre o que os investigadores chamam de organizações criminosas de Jamil Name e de Fahd Jamil.
A motivação do assassinato de Figueiredo seria o desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd, visto pela última vez em 2011, no Shopping Campo Grande. Daniel foi oficialmente declarado morto no fim do ano passado, oito anos após nunca mais ter sido visto.
Figueiredo estaria – supostamente – envolvido na execução de Daniel Georges e, por isso, foi alvo da aliança entre as duas quadrilhas, segundo o Gaeco. Um dossiê que havia no carro de Figueiredo demonstrava quem seria o mandante de seu assassinato. O material não foi aproveitado no inquérito que investigou seu assassinato, omissão que revelou o compromisso do delegado Márcio Obara com o grupo de Jamil Name e Fahd Jamil.
Desembargador é investigado
Durante a terceira fase da Operação Omertà, policiais também cumpriram mandado no apartamento do desembargador Joenildo de Souza Chaves, que já presidiu o Tribunal de Justiça e o Tribunal Regional Eleitoral.
Quando Jamil Name foi preso, em setembro do ano passado, havia uma folha de cheque de Joenildo de R$ 100 mil no guarda-roupa de Name. Em sua decisão, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira autorizou a apreensão do celular do desembargador. Ele já estava sendo monitorado pelos investigadores.
Fonte: Correio do Estado