Família com ramificação em Campo Grande é apontada pela polícia como operadora de um esquema milionário de tráfico internacional de cocaína, via portos marítimos em direção à Europa. Suspeita de ser a chefe da organização criminosa, Karine de Oliveira Campos tinha no grupo o marido, Marcelo Mendes Ferreira, o pai, Antônio Costa Campos, e a mãe, Sandra de Oliveira.

Somente em um dos endereços da organização na Capital, durante a Operação Alba Vírus, realizada na terça-feira (27), a Polícia Federal apreendeu mais de R$ 8 milhões, a partir de buscas em residência no Carandá Bosque, em uma empresa de fachada, no Coopharádio, e em uma fazenda na MS-040, na região de Três Barras.

De acordo com as informações, a quadrilha estava baseada em Santos (SP), mas usava Campo Grande como entreposto de recebimento de grandes cargas de entorpecente, que, procedentes da Bolívia, entravam no Brasil pelo Paraguai, via Mato Grosso do Sul. A droga era levada para os portos paulistas e catarinenses em caminhões e depois colocada clandestinamente em navios.

Conforme a polícia, Karine seria traficante internacional já investigada em operações policiais realizadas em 2009, 2011 e 2014 e vinha respondendo a processos em liberdade. Na operação de terça-feira, os agentes federais apreenderam, no Guarujá (SP), duas CNHs falsas, em nome de Gisele Aparecida  Francisco e Ticiane Nataly da Silva, mas com a fotografia de Karine.

MOVIMENTAÇÕES 

Ainda segundo as investigações, o grupo teria  movimentado milhões em depósitos em espécie, transformando-os em dezenas de caminhões, imóveis, carros de luxo, joias, entre outros objetos de elevado valor. Bens eram adquiridos e colocados em nome de familiares e amigos, em especial os pais.

Para a Polícia Federal, o marido, Marcelo Ferreira, era quem atuava na logística e distribuição da droga. Ele foi apontado como narrador de vídeos feitos no momento em que carregamentos de cocaína eram colocados em contêineres, em navios.

Já o pai de Karine, Antônio da Costa, também participava do esquema, colocando bens em seu nome, mesmo não tendo lastro patrimonial para tais aquisições. Era um alvo inicial da Alba Virus e uma ordem de prisão chegou a ser  expedida pela Justiça. Porém,  ele morreu afogado em uma praia de Itajaí (SC) antes da deflagração da operação.

A mãe de Karine, Sandra Oliveira, teria realizado depósitos em grandes quantias, em favor da antiga proprietária de um condomínio, onde a filha  morou, bem como em favor próprio. Ela é apontada  como sócia da Translitoral Transporte Rodoviário, com sede em Itajaí. A empresa tem uma frota de 15 veículos (carros, caminhões e carretas). O automóvel usado por Karine estava em nome da firma.

BUSCAS

Além de decretar prisões temporárias, a 5ª Vara Federal de Santos determinou buscas em três imóveis em Campo Grande: na Fazenda  Soberana, localizada na rodovia MS-040, altura do quilômetro 35; na casa situada na Rua Luzia de Castro Coimbra, Bairro Carandá Bosque; na sede de uma empresa que teria Sandra como sócia e que comprou em menos de um ano quatro caminhões; e numa casa na Rua Albita, Conjunto Coopharádio.

Durante a Alba Vírus, que apreendeu mais de R$ 28 milhões em espécie, dez carros de luxo, 26 caminhões e R$ 23 milhões em imóveis de alto padrão, 12 pessoas foram presas e cinco permanecem foragidas.

As investigações começaram após uma prisão no Guarujá (SP), em fevereiro, quando a PF identificou diversos integrantes da quadrilha, assim como diversos bens móveis e imóveis adquiridos com o dinheiro do tráfico.

Com a análise dos celulares apreendidos, os policiais encontraram vários vídeos nos quais os protagonistas aparecem ocultando grandes quantidades de cocaína em cargas lícitas, em contêineres que embarcaram em navios com destino à Europa. O grupo teria sido responsável pela remessa de mais de seis toneladas de cocaína.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO