A renda média mensal do empreendedor campo-grandense chegou a R$ 6,3 mil em 2023. O levantamento realizado com base em dados da Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que Campo Grande é a 14ª maior renda entre as capitais do País, superando em 16,6% o rendimento médio nacional de R$ 5,4 mil.
O ranking é encabeçado por Rio de Janeiro (R$8,8 mil), São Paulo (R$8,5) e Vitória com R$8,2. Ao considerar as capitais da região Centro-Oeste, Campo Grande ocupa a última posição entre as capitais, atrás de Goiânia (R$7,3 mil), Cuiabá (R$6,9 mil) e Brasília (R$6,9).
Na lanterninha estão capitais brasileiras localizadas no Norte e Nordeste do País, sendo respectivamente: Maceió com média de renda a R$4,8 mil, Salvador com R$4,6 mil e Macapá R$4,4 mil.
O mestre em Economia Lucas Mikael avalia a renda média de empresários da Capital como positiva.
“Embora possa não atingir os níveis mais altos registrados em cidades como o Rio de Janeiro, estar acima da média nacional é um bom indicativo econômico”, pondera.
Para Mikael, a renda superior à média nacional de R$ 5,4 mil sugere que os empresários em Campo Grande estão conseguindo gerar uma renda competitiva em relação à outras localidades.
“Isso pode refletir um ambiente empresarial relativamente saudável na região, onde os empreendedores conseguem prosperar e contribuir para a economia local”, analisa.
O economista Eduardo Matos considera a organização econômica, tanto de Mato Grosso do Sul quanto da Capital, como condizente a renda, visto que o principal setor é de serviços, onde há uma limitação quanto ao crescimento do faturamento.
“Estamos vivendo uma falta de mão de obra, especialmente a qualificada, torna-se até um desafio aumentar esse rendimento. Então, para os padrões brasileiros e para a organização econômica local, esse rendimento mensal do empresário é, sim, considerado satisfatório”, avalia Matos.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) evidencia que as principais dificuldades internas enfrentadas pelos empreendedores no País são relacionadas à contabilidade e finanças (30%), gestão de pessoas (27%), e trâmites de abertura e planejamento (25%).
Já os obstáculos no ambiente econômico mais comuns são a carga tributária elevada (48%), burocracia (30%), concorrência informal (22%), legislação complexa (20%), falta de acesso ao crédito (20%), falta de um ecossistema empreendedor (17%) e questões logísticas (8%).
ABERTURA
Com base nos dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), ao considerar os três primeiros meses deste ano na análise por municípios, Campo Grande se destaca com 42,44% das novas empresas abertas no Estado, totalizando 1.203 novos negócios, enquanto Dourados, a segunda maior cidade do Estado, respondeu por 12,13% do total com 344 empresas.
Quando considerado apenas o mês de março, o ranking se repete, onde a Capital deteve 42,58% das 984 novas empresas constituídas.
Dourados é responsável por 12,91% do total (127 empresas), seguido por Três Lagoas (49), com 4,98% do total; Naviraí, 36 (3,66%) e Ponta Porã, 30 empresas, o que perfaz 3,05% do total de empresas abertas no mês passado no Estado.
INADIMPLÊNCIA
Levantamento da Serasa Experian aponta que nos 12 meses de 2023, 4.933 empresas de Mato Grosso do Sul entraram na lista da inadimplência.
O número de Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJs) negativados chegou a 82.210 em dezembro do ano passado, uma alta de 6,4% em relação aos 77.277 registrados no mesmo período de 2022.
Entre os 27 estados brasileiros MS aparece em 16º com maior número de empresas com contas em atraso.
No ano, Mato Grosso do Sul acumula um total de R$ 1,601 bilhão em dívidas pendentes, onde o valor médio por débito é de R$ 19.474.
O doutor em Economia Michel Constantino explica que a inadimplência é um resultado preocupante, pois todas as empresas constam no saldo de endividamento, já que fazem investimentos a longo prazo.
“A inadimplência apresenta um grau de deterioração da gestão financeira e aumento do risco de fechar, pois a empresa já não consegue pagar seus contratos”, opina.
Constantino ainda acrescenta que o aumento de 77.277 para 82.210 inadimplentes entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023 mostra que as empresas estão com mais dificuldades de manter seus fluxos de caixa em dia e, consequentemente, seus resultados.
FONTE: CORREIO DO ESTADO